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cantinho da casa

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Desafio dos lápis de cor - vermelho # 11

desafio "vamos pintar com palavras?"

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imagem pinterest

 

a poltrona de veludo

 

De regresso a casa, Sofia teve uma feliz notícia do filho: ia ser avó.
Nunca lhe perguntara se queria ter filhos, ele gostava de viajar para lugares inimagináveis para ela. Mas que gostava de ter netos, gostava. E de repente, a novidade! Sentia-se muito feliz! E ele sabia que podia contar com ela para tudo.
Passaram dois meses da sua visita a Veneza, Sofia esperava de Filipe, uma chamada, uma mensagem, que não chegavam. Tinha uma grande paixão pela vida e apesar de muitas adversidades que passou, nunca faltou a coragem para lutar pela vida,pelo filho que tinha para criar.
Conheceu o homem que viria a ser seu marido numa das agências do banco que trabalhava. Não o amava, sentia empatia e carinho por ele. Viveram um casamento feliz nos primeiros dois anos.
Mudara de agência, as vindas tardias para casa ao final do dia eram frequentes, o silêncio dele, as perguntas que lhe fazia, sem ober resposta, aumentavam.
E quando ele lhe disse que queria separar-se, Sofia ficou triste. Sempre fora um bom amigo e companheiro, um bom pai. E estava grata por ele ter aceite o filho dela como se fosse seu. Foi-se embora. E sempre que podia vinha visitar o filho. E quando o filho casou, ele esteve lá, ao lado dela.
Era muito jovem quando conheceu Filipe. João, seu amigo, apresentara-os. Ele olhara para ela, sorrira. Ela, mais tímida, sorrira também. Aqueles olhos castanhos escuros, o cabelo ligeiramente ondulado, a voz doce, encantaram-na. Foi paixão à primeira vista.
Era a noite da semana da queima das fitas, formou-se um grande grupo. Convivia com os colegas durante as aulas, partilhava a casa com mais três colegas, João era um deles. Ela não saía para viver a noite estudantil. A queima  fora a oportunidade de conhecer novas pessoas. Filipe era finalista, ela nem a meio do curso estava.
Uma longa noite de risos, de bebida, de canto, de dança.
E naquela fotografia do grupo, lado a lado, os dois olhavam-se, sorridentes, como se conhecessem há muito tempo, ou como se namorados fossem.
No final da noite, o corpo e a mente ferviam da bebida. Filipe levou-a para casa dele.
Nos dias que se seguiram, viram-se algumas vezes.
Dois meses depois, descobriu que estava grávida.
Os pais receberam a notícia com alguma tristeza,mas deram-lhe o apoio que precisava. Interrompeu os estudos, voltou quando os pais insistiram que acabasse o curso, que cuidavam do filho.
Foi uma grande ajuda, estava-lhes muito grata. E o filho tinha uma grande adoração pelos avós.
Soubera que Filipe saíra do país após acabar o curso. Ela nunca pensou procurá-lo.
No canto da sala, junto à janela, sentada no cadeirão vermelho de veludo, o lugar que decorara para si, o seu refúgio de leitura e da música, com o álbum de fotografias sobre as pernas, Sofia lembrava o passado.
Fechou os olhos. Adormeceu.
De repente, deu um salto.
O telemóvel tocava.

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima

Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

Neste desafio participam,  A 3ª Face, a Marquesa de Marvila,a Ana D , a  Ana de Deus  a Ana Mestre,  a bii yue, Célia, a Charneca Em Flor, a Concha, a Cristina Aveiro, a  Fátima Bento ,a Gorduchita, a Imsilva, o  João Afonso Machado, o José da Xã, a Luísa De Sousa, a Maria, a Miss Lollipop, a Peixe Frito  .

 

" da cor dos cravos que nos deram a Liberdade"

Vivi o antes do dia 25 de Abril, vivi uma infância e uma adolescência com alguns medos do regime Salazarista.

Ouvi os meus pais contarem das dificuldades ( racionamento de bens alimentares)  que passaram no tempo da II Guerra Mundial . 

 

O meu pai era anti-salazarista, o meu avô foi perseguido pela PIDE, andou fugido aquando das eleições de 1958 em que o opositor ao regime foi Humberto Delgado.

No dia 25 de Abril de 1974, o  dia da Liberdade, alcançamos o que há muitos anos os nossos avós e pais tentaram alcançar, sem sucesso.

Voltar ao antes, nunca mais!
Estamos a passar uns tempos dificeis, em todo o mundo, nas várias vertentes: saúde, sociedade, política, religião, ambiente.

Não vamos deixar que esta doença, que está a matar muita gente, nos impeça de ir, com cuidado e segurança,  à Assembleia de Voto, no próximodia 24.

Não vamos permitir que outros ideais de tempos vividos no passado tirem a nossa Liberdade.

Não permitamos que " da cor dos cravos que nos deram a Liberdade"  tirem a nossa Democracia.

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imagem do instagram,  sabercompreender

 

 

 

 

 

estou contigo

Sérgio Ambrósio, quando dizes que o amor não é uma linha recta, são altos e baixos;quando dizes que o amor não é uma noite, mas é uma vida; que o vosso amor há-de continuar a ser lindo. 

Estou contigo, Sérgio Ambrósio.  O teu amor ainda te vai dar muitas surpresas e alegrias.

Já o meu amor por ele não é em nada semelhante ao teu.

Nunca lhe prometi fidelidade,mas o vermelho do meu sangue ficou branco cor do gelo quando vi os três actos daquela marselhesa maldita, daqueles tão maldosos actos.

Ficou o verde da esperança dos três actos benditos que os leões trazem das terras frias cazaquistanesas.

E se o teu lema é "tudo passa carago",  estou contigo, Sérgio Ambrósio, para o que der e vier.

 

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do meu dia

Tenho andado muito calma nas tarefas do meu dia-a-dia, faço as coisas com tempo, ou se deixo algo por fazer não fico stressada, desligo o computador para que não me distraia a ler blogs ( a minha perdição) e me esqueça do que ficou em suspenso, enfim, gosto deste momento que passo e espero continuar por muito mais tempo.

Ontem de manhã, depois do ginásio, fui à florista comprar um ramo, pequeno e simples, para a campa dos meus pais e irmã mais velha.

Seguiria de imediato para o cemitério, queria fazer uma pequena limpeza ( que é feita sempre que lá vou ) evitaria a confusão de hoje. A hora do almoço é a ideal, fiz o que tinha previsto fazer.

Tinha em casa dois vasos com crisântemos que deixara propositadamente para hoje, visto que faltava limpar a campa dos meus avós e meu irmão mais velho e queria comprar flores para o caso de ser preciso compor uma das campas.

Fui de manhã à feira de flores na Praça do Município, viria a casa fazer uns arranjos e seguiria a pé, porque no dia de hoje é impensável levar o carro para o cemitério... E queria fazer tudo de manhã.

Tudo  pronto: dois vasos de crisântemos, um arranjo, um ramo de flores, uma garrafa de água para regar as flores, tesoura.

Meti-me então a fazer o percurso a pé, cerca de 20 minutos. O peso ainda era substancial, pensei  levar o carro, mas não, perderia mais tempo a encontrar estacionamento. Troca o saco mais pesado ora para uma mão, ora para a outra, equilibrava o cansaço, cheguei rápido e bem.

Pus os vasos nas respectivas campas, segui para a do meu cunhado. Ontem verificara que as flores colocadas no Domingo estavam a murchar, não aguentariam muitos dias. Tirei-as, arranjei a floreira com o ramo que comprara na feira.O vaso coloquei-o aos pés da campa, pensei que quem lá fosse com certeza que o deitaria ao lixo, mas não me competia a mim fazê-lo, não fora eu que o pusera lá.

Sobejou o arranjo pequeno, passei na campa da mãe da minha amiga N, deixei-o lá. 

A fome apertava, 2h da tarde, não estava com vontade de cozinhar, passei no restaurante junto à padaria onde compro o pão, trouxe arroz de pato. 

Precisava de tirar umas fotocópias, de passar no estúdio fotográfico e fazer umas fotografias dos meus sobrinhos netos que nasceram recentemente, saí e... estúdio fechado!

Passo quase diariamente na sapataria Calçado Guimarães, não costumo entrar, não me desperta grande atenção, nunca comprei nada, embora já tivesse ouvido comentários de terem bom calçado.

Entrei. Percorri as prateleiras, vi botins que gostei mas que não me interessavam pelas cores, que já tenho,  fui às botas de cano alto, há 2 anos que procuro em pele, cor camel, e não encontro.  Não tinha nem gostei de nada do que vi.

Já de saída, reparo noutra prateleira com botins da salto baixo e em camurça. A cor vermelho, chamou-me a atenção.

Procuro o número, pego na caixa, perguntei à funcionária se não havia a mesma cor mas com o salto mais alto. Não, não havia.

Calcei. Gostei. Paguei... e trouxe um spray para aplicar e que protege a camurça.

Regressei a casa deixando para 5ª feira as fotocópias e as fotografias, sentei-me a ler enquanto tinha luz do dia ( esta mudança da hora não devia ter acontecido). 

É noite de Halloween, há 2 ou 3 anos que o grupo costuma jantar em São Pedro de Este, não recebi qualquer chamada nem SMS, presumo que este ano decidiram ficar por casa.

 

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as três cores do meu outono

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Sempre tive tendência para o vermelho, que gosto de usar sobretudo na roupa de inverno com os casacos compridos pretos, quer seja nos vestidos, quer seja nas camisolas com calças e/ou saias pretas.

Ora, há algum tempo que tenho andado a ver o que se passa nas passerelles, e embora já se vejam as colecções de Primavera-Verão 2018, mas isso é lá para os países do hemisfério sul que caminham para a primavera, verifiquei que o vermelho está em alta para a próxima estação. 

O comprimento das saias desceram. Se nos tempos áureos da juventude vestia as célebres maxi-saias e vestidos, e não ligava nada à altura, agora não, e embora com algumas reticências, só com botas sou capaz de as usar.

Então, fui  até ao Pinterest e trouxe algumas cores e peças que gosto e que visto, com certeza, se encontrar os modelos certos.

Sendo fã de casacos compridos pretos, e tenho-os, são estas as cores ideiais para o meu outono 

Começo pela minha cor preferida.

 

 vermelho

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 azul

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cinza

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e pensei, "que nojo!"

Na madrugada que mudamos para a hora de verão, adormeci, como sempre, no sofá.

Quando fui para a cama eram três horas, tinha somente seis horas para dormir, já que no domingo de Páscoa o compasso ( em Braga ainda há esta tradição, embora muitas pessoas desta rua não abram a porta à cruz) passa entre as nove e meia e as dez horas, não me lembro se sonhei ou se pensei quando acordei, o nojo que tenho de beijar o crucifixo depois de este passar por muitas bocas, que muitas destas nunca sentem a escova de dentes; da saliva que se acumula no canto da boca; ou do beijo molhado que fica na imagem crucificada de Jesus Cristo, e que a igreja não providencie um imaculado lenço  para que o mordomo passe pelo corpo de Jesus e limpe as marcas dos beijos deixados.

Em tempos idos,  vinha um padre, agora, na minha zona, é o sacristão e as senhoras que o acompanham no compasso. Neste "sonho" recordei o número de apartamentos que há neste prédio e quem poderia abrir a porta à cruz. Foi então que a madame do baton vermelho apareceu-me à frente dos meus olhos: "Quê?! Que nojo! Vou beijar o crucifixo com as marcas da gaja do baton vermelho? Nem pensar!"

De repente, lembrei-me que os elementos do compasso começam a visita às casas pelos andares superiores. "Que alívio!", pensei.

A cruz passou pouco depois das nove e meia, os elementos eram os mesmos do ano passado, lê-se a oração, o senhor benze a casa e deixei-me ficar à espera que fossem embora, até que a senhora que trazia o crucifixo me diz para beijar o Senhor. 

Esquecera-me de O beijar. E, ao mesmo tempo, hesitei porque estava à espera de ver um lencinho branco que passasse pelo imagem. Como este gesto faço-o uma vez por ano, tentei esquecer os outros beijos e depositei o meu nas pernas do Senhor.

Nem sequer me lembrei do sonho que tivera, a dormir? acordada?, não fosse este post  e os seus comentários:

 

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