fui colher as Maias
Diz a lenda que colhendo estas flores da urze na véspera do 1º de maio e pendurando-as, à noite, na porta, muma janela ou varanda, significa que durante o ano não vai faltar o pão em casa.
As histórias são diferentes de região para região, é uma tradição que nem sempre cumpro, mas hoje, quando fui meter gasolina, e de propósito fora da cidade, encontrei-as num terreno do lado de trás da bomba.
As minhas Maias...
Um poema de José Régio
Canção de Primavera
Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.
Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.
Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.
Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.
Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?
Uma canção de Maio