Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cantinho da casa

cantinho da casa

a minha ida às urnas

Depois de votar, saio da escola e vejo ao longe alguém deitado num banco de pedra.

Aproximando-me, vi que era uma senhora forte.

Ninguém que passasse por ela, quer saísse quer entrasse no recinto, lhe deu importância.

No chão, junto ao banco, estava a carteira dela e a bengala encostada do outro lado. A senhora, que andaria pelos 80 anos, "jazia" de lado numa posição bastante desconfortável.

Mais perto dela, verifico que estava de olhos fechados. A primeira coisa que me veio à mente era que estaria a sentir-se mal por falta de alimento.

Toquei-lhe levemente com a mão no corpo e perguntei se estava bem.

Abriu os olhos, respondeu que sim, que estava bem, precisava de descansar um pouco.

Mais uma vez, perguntei se queria ajuda, se queria que a levasse a algum lado.

Respondeu que não.

Vejo um jovem rapaz, que vira na entrada, presumo que estaria ali para orientar as pessoas para as suas secções de voto, que se aproxima de nós e pergunta o que se passa.

Eu respondi que ela estava deitada numa posição muito desconfortável, que perguntara se precisava de ajuda, mas não queria nada.

Dirigindo-se a ela, perguntou se tinha ido votar.

Respondeu que não e que ainda ia fazê-lo mas queria descansar um pouco.

Foi então que ela diz: " Isto é fraqueza".

Perguntei se comera alguma coisa de manhã.

Respondeu que não.

O jovem pede-lhe que vá com ele para dentro da escola, há cadeiras mais confortáveis para se sentar e que iria arranjar alguma coisa para ela comer.

Ajudamos aquele corpo pesado a erguer-se, dei-lhe a bengala, o rapaz segurava-a por um braço e apoiada na bengala, seguiram os dois para a escola.

Quando me dirigia para o carro, lembrei-me que devia ter dado algum dinheiro para ela comer.

 

já votei!

Eleicoes-Legislativas-2015.jpg

 

 

 


À entrada da escola, muitos eleitores juntavam-se, cumprimentavam-se, procuravam a sala onde tinham de votar.

Nunca em tantos anos que fui votar, vi a  minha secção de voto com fila de espera. O normal seria esperar cinco minutos.

A antiga escola não existe, é agora, no mesmo espaço, uma escola  nova, com boas condições, percebe-se melhor, penso eu, ou  talvez por que juntaram as  freguesias, e vendo os corredores cheios, grande afluência às urnas.

Hoje, contrariamente ao habitual, estive 25 minutos à espera de colocar a cruz naquele quadradinho pequeno, mas cheio de signigificado para o país.

Só não vi, que me lembre, e pela primeira vez, a menina (o) que pedia o voto sondagem à boca das urnas.

Posso estar enganada com o que vi, mas acredito que as pessoas, desta vez, apesar do tempo péssimo que está, estão conscientes que hoje é um dia importante para decidirem o estado da nação.