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cantinho da casa

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"Uber" cá do burgo

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Já escrevi algures que a Sofia não se candidatou à universidade, quis descansar um ano, está indecisa com o curso que quer.

Entretanto, arranjou emprego num restaurante, que fica longe de casa.

Ora, como estou "sempre" disponível, levo-a e vou buscá-la todos os dias, salvo se tiver algum compromisso que me impeça desta rotina recente.

Por vezes, brinco com ela estendendo a mão ( como se estivesse à espera do pagamento do meu serviço), digo: " Sou a Uber cá do sítio. Já reparaste que vou levar-te e buscar-te, por vezes deixo-te em casa, ou até te levo à ABRA? Melhor serviço não há!"

E se há momentos que ela leva a sério, outros há que brinca, também.

Um dia destes, disse-me que pediu à mãe para pagar a gasolina que gasto neste "serviço".

Nem sequer está em causa o que gasto de combustível até porque fui eu que ofereci-me para isso, contudo, há alturas que fico dependente dela.

 

começo pelo fim

 

O último dia na capital foi para a consulta que tinha de manhã às 10h. O regresso seria no Alfa das 19h, de tarde faríamos o que nos apetecesse, mas sem as malas atrás de nós.

Deixámos o apartamento às 9 h, dicidimos ir para a clínica de táxi uma vez que  se fossemos de metro, a estação mais perto da clínica fica a cerca de 700m, não dava para andarmos com as malas atrás de nós. 

A dona do APA informara-nos que tinhamos paragem de táxis junto ao Hospital dos Capuchos, mas decidiu acompanhar-nos até lá.

O taxista sai do carro, põe as malas na bagageira, eu digo que quero ir para a Avenida dos Combatentes, entramos no carro e diz ela para o taxista:

- O melhor será o senhor ir por aqui, vira ali, desce a rua tal, sobe x, é o trajecto mais curto para chegarem a horas e evitarem o trânsito. Conheço muito bem Lisboa, sei o que estou a dizer.

O taxista levou a mal.

Estavamos nós dentro do táxi, educadamente mas muito ofendido, ele dá-lhe, mais ou menos, esta resposta:

- Com que intenção está a senhora a dizer isso? Acha que vou enganar as senhoras? Sei muito bem por onde ir. Conheço bem as ruas, vem agora a senhora dizer como fazer! O taxista sou eu.

E blá,blá, blá. 

Dento do carro, não dizíamos nada.

Lembrei-me da Uber. Quase me apeteceu sair do táxi mas como não conheço o trabalho e se anda por estas zonas, deixei-me estar calada. 

Acabaram a discussão, ele entra, e digo eu:

- A senhora disse o trajecto para a ajudar, não foi com intenção de o ofender.

- Ah, mas quem julga ela que é? Ando nisto há muito tempo, julga ela que sou Alentejano? Se eu não soubesse por onde ando, usava o GPS. 

E resmungava,  mas sempre educadamente. Nós  tentamos serenar a coisa mudando o rumo da conversa. Soubemos que é um Beirão reformado (mas continua a trabalhar), que qualquer dia vai para a terra, e tal.

Eu olhava os números no taxímetro.Chegamos à clínica, pagamos 7,68. 

Mas gostaria de ter tido experiência do serviço Uber. Gostaria de comparar, já que os comentários à notícia chovem ora a favor, ora contra a manifestação.