Estou a fazer tratamentos de fisioterapia à cervical.
Desta vez não é a terapeuta-mor que faz os tratamentos, são dois jovens estagiários que tratam de mim, vão alternado conforme os utentes que têm.
Nos últimos quatro dias, ela faz o ultrasons e põe os calores, ele faz a massagem
Ambos os estagiários são simpáticos. Ele não fala muito.
A terapeuta-mor é muito brincalhona, está sempre bem disposta. Mas fala muito alto.
E há os utentes que conversam uns com os outros demasiado alto, também. E não se entende nada do que dizem. Há cruzamento de vozes.
Segunda-feira e hoje foram dois dias de muito ruído.
Ontem, enquanto fazia a massagem, o jovem estagiário comentou comigo que estava a ser uma hora de sossego. Penso que ele percebeu que eu gosto de estar quieta. Só falo quando eles falam comigo. E agradeço tudo o que me fazem .
Ao que parece, ontem faltaram as utentes da conversa.
Estas utentes fazem as terapia sentadas, não correm as cortinas, vêem-se, o que proporciona a conversa disto e daquilo.
Eu faço deitada, a cortina está fechada, ninguém me vê.
Hoje, foi uma algazarra.
Mas também foi uma risota.
Mais uma vez, estava o jovem a fazer a massagem, as senhoras falavam da Rainha de Inglaterra.
A voz de uma delas parece ser de uma senhora nos setenta quase oitenta anos.
E ouviu-se outra voz feminina pedir à terapeuta-mor que perguntasse a idade à senhora.
Esta ouviu e respondeu: " Isso é pergunta que se faça?"
Ouvi outra voz comentar: "O homem é que faz essa pergunta!"
E diz a visada: "Essa pergunta não se faz e eu não lhe dou a resposta."
Ri-me tanto com a esta última!
E o jovem terapeuta continuou a massagem sem ter dito nada, mas percebi que se ria.
E desta forma acabou a conversa.
Acabada a minha a massagem, vesti-me, despedi-me com um " obrigada e até amanhã".
Gosto de estar sossegada. Quando as conversas são num tom de voz normal,a coisa passa, mas quase aos berros, incomoda-me.
E comento para o meu decote : " abriu-se o capoeiro, soltaram-se as galinhas".