Foram as palavras de uma amiga, reformada há um ano, aquando do almoço que fizeram em minha homenagem, em agosto passado.
Enquanto recebia o vencimento pela instituição escola, a "coisa" andava bem. Comentava para os meus botões, "sofreste um corte do caraças, mas aguentas-te".
Gere-se aqui, corta-se ali, nada de alarmar.
Novembro, o mês de subsídio de Natal, o mês de pagamento do seguro do meu carrito (já com 15 anos), revisão, inspeção, acertos da energia, Natal, cujos gastos eram substanciais, pois nada faltava cá em casa, concentrava aqui as maiores despesas extra.
O subsídio passou a duodécimos, injeta-nos mais descontos, o vencimento passou a ser menor, aumentos do IRS, aumento na CGA, taxa do subsídio, aumentos da energia, água, gás, prestação da casa, enfim, uma panóplia de contas que nunca deixaram de ser pagas atempadamente. Por vezes, as contas entravam na conta bancária e as faturas não chegavam cá, não é verdade dona EDP? (ainda me falta a fatura de agosto. E as minhas cartas reclamaçao que ainda não tiveram resposta?).
Recebi a pensão deste mês . Aliás, foi depositado na minha conta um valor GRANDE, da minha aposentadoria.
Nem queria acreditar! Pus-me, de imediato, a fazer contas à minha vida.
Como iria eu aguentar com "este elevado valor" as minhas despesas?!
Não recebera qualquer informação da CGA sobre descontos, valor a receber, NADA, a não ser os cartões de AP.
O valor depositado assustou-me, acreditem
Ontem, fui espreitar a caixo do correio.
Lá estava a carta tão esperada.
Abri! E o susto confirmou-se quando vi "os descalabros" descontos que passo a sofrer como aposentada.
Quando pedi a reforma antecipada, ponderei bastante. A penalização era considerável ( a última subida no escalão foi em 2005), assumi conscientemente a minha decisão.
Não me arrependo NADA. Mas pensar que trabalhei quase 39 anos (comecei muito cedo a labuta, os meus pais não podiam pagar-me o curso, paguei-o eu como trabalhadora estudante) e observar que o trabalho árduo, mas feliz, destes anos, fez cair por terra as minhas expectativas.
Em janeiro, a confirmar-se, há mais cortes.
Como dizia a minha grande amiga GD (a quem eu dava boleia, palavras de conforto, sorrios e lágrimas, e partilhavamos os desabafos das nossas vidas), " A partir de agora, vais perceber que nunca mais vais receber o mesmo."