Os idosos são um perigo!
Hoje de manhã, na minha caminhada matinal, agora que há sol e a temperatura ambiente é de primavera, passei pela feira.
Descendo a avenida principal, uma senhora idosa, baixinha, vestida de preto, com ar muito doce, aproxima-se de mim e diz-me: “A menina pode fazer-me um favor?”
“Claro que sim, o que deseja?”
“ Gostaria de atravessar para o outro lado da avenida, mas preciso de ajuda.”
“Não devemos atravessar aqui a avenida, é perigoso. Eu até a ajudava, mas não devo e não posso correr o risco”.
“Pois é, custa-me muito andar, atravessar o túnel, tenho medo, e ainda é um pedaço até lá e eu não posso andar muito”, insistiu.
“ Onde é que a senhora mora?”
“ Eu quero ir para o café São João.”
Volto à carga : “Eu teria muito gosto em ajudá-la, mas se quiser ir comigo até junto do túnel, atravessamos lá. Tem menos perigo.” (ajudá-la-ia, mas iríamos pelo túnel).
“Deixe lá. Eu peço a alguém que me ajude.”
Eu insistia: “Mas venha comigo, atravessamos mais acima. Aqui não. Eu conduzo e sei o perigo que se corre a atravessar esta avenida. Desculpe, mas é muito arriscado e eu não quero ser responsável por alguma coisa que possa acontecer.”
E ela insistia “Não. Não posso andar. Eu peço a alguém que me ajude.”
Pedi desculpa, e segui o meu caminho.
Dei uns passos, olhei para trás e lá estava ela com um senhor, parados na faixa do meio da avenida, à espera que os carros passassem para atravessar o resto que lhes faltava para ela ir para o café.
Sei o quanto é perigoso atravessar esta avenida, há muitos idosos que o fazem, buzino quando vejo as pessoas atravessarem à frente dos carros.
São poucas as pessoas que vão pelo túnel para peões, inclusive, eu.