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cantinho da casa

cantinho da casa

o regresso

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos

 

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Seria com este verso da canção de Carlos do Carmo que poderia começar este post sobre o regresso às aulas,e em tempos "normais" para todos nós.

Abri o estore da janela do quarto e vi  as crianças, no pátio da escola, não a correr como índios ou bandos de pardais à solta, ou numa algazarra no campo de futebol a chutar à bola, ou a abraçarem-se porque vêem os amigos, porque é o primeiro dia de escola.

Há duas entradas para a escola:uma para as crianças dos primeiro e segundo anos, a outra, do lado oposto,para os terceiro e quarto anos.

Fiquei emocionada.

Separadas, em duas filas, e aos pares, as crianças com as máscaras no rosto, carregadas da lancheira,das mochilas e  grande parte com caixas que seriam dos materiais a usarem durante o ano lectivo,estavam acompanhadas dos seus professores.

Uns largos minutos depois de as filas estarem completas e ordenadas, à vez, as crianças seguiam o professor que os levava para as salas, seguindo as setas amarelas no chão.

Do lado de fora, os pais esperavam ver os filhos entrarem na escola.

Quando já não hava crianças no pátio,os pais deixaram a rua tranquila.

Veio o intervalo. Antes seria de trinta minutos, é agora de dez,  não estão as turmas todas ao mesmo tempo.

O pátio está separado por fitas, e as crianças brincam, acompanhados dos professores.

As crianças precisam da escola, precisam de conviver, precisam de voltar a ser pardais à solta.

Na escola secundária,do outro lado da rua, os alunos estão aos pares ou em pequenos grupos, à porta, a conversar.

O café, que antes estava cheio de alunos, não tem ninguém.

 para que tudo corra bem, que a anormalidade depressa passe.

 

"é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança"

dizem, " até que essa criança tenha necessidades especiais. Esse é o limite"

No fim de semana passado, pediram-me para ver o vídeo abaixo.

Quando li o título, fiquei de coração apertado, sabia que escutaria um discurso muito, muito sensível e que nem todos os pais querem ouvir e aceitar.

Sei de pais e mães que ignoram que o seu filho seja uma criança especial.

Também conheço eles, os homens pais, que fazem tudo pelos seus filhos, que se sacrificam para lhes dar a qualidade de vida que merecem, independentemente de as suas crianças terem um síndrome,  atraso de desenvolvimento, ou simplesmente porque são apáticas, ou hiperactivas, procuram ajuda e informação para que  as terapias necessárias as preparem para o futuro, limitado ou não, e que este seja risonho e igual ao das outras crianças "normais".

Mas também sei, e conheço, eles, os homens pais, que minorizam ou ignoram as dificudades das suas crianças, saem de cena quando percebem que elas são especiais, que precisam de terapias, paciência, resiliência, atenção e muito, muito carinho.

E deixam-nas  a elas, as mulheres, sozinhas.

Há algum tempo, uma amiga minha, que vive no Brasil, contou-me que o marido de uma sua amiga a deixou quando foi diagnosticado ao filho um PEA ( Perturbação do Espectro Austista).

Sozinha, viu-se confrontada com um eterno problema, que nunca imaginaria fosse ter, entregou-se ao filho com todo o amor, procurando ajuda e as pessoas competentes para aprender a interagir com o seu filho.

Há muitas crianças com doenças raras que, desde cedo, têm as terapias necessárias para que possam crescer e desenvolver a autonomia, interagir com as outras crianças; nas creches, nos jardins de infância, mais tarde na escola. Outras há que não têm acesso a nada, por desconhecimento dos pais (ou porque estes não querem aceitar /ver que a sua criança é especial), ou por questões económicas que não lhes permitem recorrer às clínicas privadas, estas capazes de responder às necessidades das crianças e que os hospitais públicos não conseguem, por vezes, por falta de técnicos, e sobretudo porque não aproveitam a logística que têm à sua disposição, raramente usada, porque o tempo para cada criança é limitado.

É esta a solidão das mães especiais.

 

 

bem-vindos à escola

a S, a jovem de 40 anos  que nasceu nesta rua onde vive (mos), pertence a uma geração de putos, agora pais, que no Verão brincavam na rua até à meia-noite, ou quando os pais os chamassem porque já eram horas de regressar a casa, tem uma filha de 6 anos.

ontem encontrei-a à porta de casa.

está de férias, parou para conversarmos um pouco.

falou-se da escola do 1º ciclo, em frente às nossas casas, que está parada há um ano à espera de obras ( parece uma escola abandonada há muitos anos, uma tristeza) e desde então o 1º ciclo tem aulas nos contentores num espaço da escola EB 2/3 que fica a cerca de  500m.

quando lhe perguntei como reagiu a filha a este primeiro dia de escola, respondeu-me que estava excitada e ansiosa.

e contou que, estando pais e filhos na sala de aula para a recepção aos alunos, de repente ntra na sala um grupo de candidatos à Câmara, de um determinado partido.

os pais ficaram estupefactos com a presença do grupo nas salas dos miúdos do 1º ano.

quando perguntei pelo menos tinham alguma coisa ( lápis, borrachas, autocolantes)  para oferecer às crianças, e ela respondeu que não tinham nada, apenas entraram cumprimentaram os miúdos com o " bem-vindos à escola", e saíram.

crianças de 6 anos que estavam ansiosas por conhecer a professora e a escola, era inadmissível, dizia ela, que a direcção permitisse que grupos partidários andassem a fazer propaganda dentro das escolas.

 

Imagem relacionada

 

 

 

 

O segredo

Há pouco, no FB, vi o vídeo partilhado por uma blogger ali nos meus links, sobre a BIC, Brasil.

Lembrei-me do anúncio, BIC laranja, BIC cristal,duas escritas à sua escolha..., BIC,BIC,BIC,BIC.

 

Ora no Brasil, a BIC pôs os pais à prova.

Pensando  estes que iam para uma reunião com a professora dos filhos, quando lá chegaram foram desafiados a fazer a mesma prova que os filhos faziam na sala ao lado.

E vejam o resultado: um doce diálogo entre pais e filhos.

E se esta experiência fosse  feita nas nossas escolas?  Estariam os pais dispostos a fazer o mesmo? 

 

 

"Liberdade é uma coisa, permissividade é outra"

Quando os filhos pequenos querem controlar os pais, sobretudo quando há uma irmã(o) bebé, fazem de tudo e sabem como chamar a atenção dos seus (pro)genitores.
Tenho verificado este comportamento no meu sobrinho neto em relação aos cuidados que a mãe tem de dar ao bebé, quase sempre na hora do almoço e quando o vai deitar, em que arranja maneira de chamar a sua atenção, falando alto, batendo com o garfo na mesa...

Por mais que a mãe o repreenda e diga que o vai castigar, só quando vê o desespero dela, cala-se. Depois, pede desculpa. Ele sabe quando e como pedir a atenção da mãe.

Um exemplo disto, está no excelente post que a blogger equilibrosa intitulou de "A Geração de Reizinhos".

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"Como quiser, sua alteza!" - foi só o que me faltou dizer pro meu filho no fim de semana passado. Eu não sei explicar exatamente como chegamos neste ponto, mas o fato é que, num estalar de dedos, saquei quem estava no comando. E não era eu. E não era a primeira vez. Desde que meu príncipe, digo, meu filho, nasceu, estou em alerta para fazer minha autoridade e a necessidade evidente de diálogo entre pais e filhos andarem lado a lado. Tudo precisa estar em equilíbrio, isso é fácil entender. Mas não é mole: a qualquer escorregada - e quem não escorrega? -, as proporçōes se desarranjam, e fica difícil saber qual cenário é mais comprometedor.

No sábado, deixamos de fazer uma visita matinal aos avós porque ele queria brincar em casa. Depois, de tarde, deixei de ir numa festa junina encontrar quem eu queria e comer uma canjica quentinha porque ele estava mais interessado em rever "Toy Story". No domingo, antes dos dedos estalarem e eu enxergar o que se passava, já íamos repensando o plano de fazer um lanche fora de casa porque ele não queria. Vossa majestade, 3 anos, não estava com fome.

Existe uma lista de explicaçōes para o fato de nós, bem intencionados pais de agora, estarmos cedendo em grande medida aos caprichos dos nossos filhos. Muito tempo fora de casa - e pouco tempo com eles - talvez seja o principal. Tentamos compensar, como se uma coisa fosse substituir outra. Aqui em casa, porém, acho que pesa muito a chegada do irmão, e o impulso quase orgânico que sentimos de fazer o mais velho se sentir prestigiado, considerando o prestígio natural que um recém-nascido tem. De qualquer forma, pode chamar de culpa. É ela que nos faz expandir os limites do diálogo e deixar o "eu não quero" virar "eu não vou".

O que me preocupa não é a perda da autoridade pela autoridade - não sou mandona, acredito imensamente na construção de uma relação familiar saudável em torno do diálogo, e fico aflita só de ver determinadas relações construídas em torno do autoritarismo vazio. A questão, aqui, é que, considerando a necessidade de proteção e de comando que uma criança tem, vejo claramente: não estamos ajudando em nada quando deixamos que escolham tudo, desde a pasta de dente que vão usar até o lanche da família. Existem escolhas de criança e escolhas de adulto. Me dá imenso prazer vê-los fazer suas escolhas, e isso acontece todos os dias, desde as primeiras semanas de vida. Mas não é razão pra eu deixar de tomar as decisōes que competem a mim. 

Liberdade é uma coisa, permissividade é outra. E é um desafio enorme, no tumulto do dia a dia, diferir as duas. Mas permissividade faz mal, deixa uma conta cara para a família - e a sociedade - pagar e pode até transformar a liberdade em caos.

"hoje não! - estórias de outros cantos

para partilhar convosco.

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Sei que não estou sozinha: faço parte de uma geração que não mede esforços pra atender a todas as necessidades dos filhos. Existem por aí histórias de todo tipo, mas muitos de nós, especificamente, nos preparamos para recebê-los com “tudo o que têm direito”, incluindo na lista, aliás, um monte de itens cuja necessidade é questionável. Algumas famílias, inclusive, optam por ter menos filhos exatamente com este argumento: dar a ele tudo “do bom e do melhor”. Justo. Muito justo. Tem gente que vai além: repensa suas próprias necessidades na intenção de atender ao filho. O perigo, nesses casos, é quando as necessidades se confundem com as vontades. Algumas famílias, no afã de ver os pequenos felizes, os deixam conduzir a rotina de casa. Tudo pelo sim! Tudo em nome do sorriso, do contentamento. 

Esse esforço independe do poder aquisitivo - com orçamentos e padrões de consumo diferentes, as famílias se assemelham na vontade de prover. Essa semana, envolvido pela novidade do momento na escola, o menino veio nos dizer que quer fazer capoeira. Nada contra a capoeira, pelo contrário, mas decidimos que não. Existe a questão financeira - a capoeira custa! -, mas a razão principal aqui é o exercício, que tomamos o cuidado de praticar de tempo em tempo. Obviamente, diante do não, a primeira reação é a careta, que até tenta se fazer passar por choro. Depois, vem o mais poderoso dos argumentos: 

- “Mas eu quero!”
- “Eu sei que você quer. Mas você também quis o futebol e a música, não quis?”
- “Quis…”
- “Então, amor, é preciso escolher!”

Depois da minha frase, o “eu quero” apareceu mais algumas vezes, e tivemos a rica oportunidade de conversar sobre escolhas, sobre limites, sobre responsabilidades. Claro que a decisão de não se juntar aos colegas da capoeira não é definitiva. Se quiser muito, de fato, ele aprenderá a compensar, e nós estaremos aqui pra lhe comprar uma calça branca. Mas sabemos, tanto eu quanto você, que mais da metade das vontades deles passa tão rápido quanto o por do sol. 

O não pode soar rígido, ríspido ou até desnecessário. Mas, contanto que praticado com carinho e cuidado, traz um pacote de benefícios, que inclui a saúde financeira da família, a chance de reviver e redescobrir alegrias no que já temos em casa - ou na escola - e uma boa oportunidade de se deparar com o limite. A criança tem voz, precisa e deve participar, mas isso implica em entender, também, que, a cada escolha, há que se fazer uma renúncia, não é? Trata-se de uma eficiente medida do que virá por aí. Porque, é claro, ninguém tem tudo o que quer. E quanto antes isso ficar evidente, melhor. 

 

créditos  equilibrosa

Pais sob controle.

Recebo o BuzzFeed, a versão americana e a brasileira, no meu e-mail.

Ora, acabadinha de entrar lá, chamou-me a atenção este título "17 pais que fazem qualquer coisa para ver suas filhas felizes".

E como as fotografias são o must, não podia deixar de publicar neste meu cantinho as mais bonitas e que mais gostei.

Vejam que ternura...as filhas... e os pais. E que pais!

Se queres ver mais, tens aqui o link.

 

1 - a desenhadora

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2 - a cabeleireira

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3- a irmã "gémea"

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4- hora do chá

 

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5- chá japonês

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 6- no baloiço

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