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cantinho da casa

cantinho da casa

Dia das Crianças

Vi, de manhã muito cedo, porque acordei e não voltei a adormecer, no telemóvel, o doodle  sobre Almada Negreiros, 

 e perguntei-me o que tinha a ver com Dia das Crianças, que seria normal um doodle sobre elas.

Mas no telemóvel abria-se a página da wikipédia, e tudo o que diz respeito a este grande escritor e pintor, cujas obras vi em exposição em Lisboa e no Porto

Liguei o pc e está aqui  o título:

Google dedica Doodle a celebrar vida e obra de Almada Negreiros

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E porque hoje é o Dia das Crianças, um texto deste autor,  sobre e para elas:

A Flor
Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis.A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
:Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

 

 Almada Negreiros, in "O Regresso ou o Homem Sentado"

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imagem daqui

 

leituras

Tenho uma admiração especial por Rodrigo Guedes de Carvalho.

No ano passado, na Feira do Livro de Lisboa, comprei um livro de sua autoria.

Gosto da história, cria algum suspense.

Mas habituada que estou a ver as notícias deste simpático homem, ler palavrões deixa-me surpresa.

Óbvio que na sua obra temos o escritor, não o jornalista.                                             

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a operária

neste post, falei da engenheira civil, uma profissão rara em mulheres, que orienta as obras da escola aqui da zona.

As obras avançam rumo ao final, a escola aumentou em largura e altura em parte do edifício, tratam, agora, do telhado, da pintura, do arranjo do terreno do recreio.

Ora, na segunda-feira, vi o que nunca vira. Uma mulher "trolha" que usava umas luvas de látex brancas, fazia par com um colega e, em cima do telhado, era vê-la cortar tijolo, ou seria outra coisa qualquer  que punha em cima daquele para acertar medidas, ora pegava numas placas compridas que ambos encaixavam em todo o comprimento da beira do telhado. 

Por vezes parava, pegava numa garrafa de água, matava a sede. A mulher não parava, parava ele para falar ao telemóvel.

Ontem, lá estavam os dois, noutra parte do telhado, na mesma azáfama em sintonia com o trabalho que tinham em mãos.

Gostei do que vi, jamais me passara pela cabeça ver uma operária civil em cima do telhado a trabalhar tão bem quanto um homem.

Isto só vem provar que hoje não há profissões distintas para homens e mulheres.

 

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a barba do trolha

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Finalmente, quase um ano depois de acordar com o trolha patrão para fazer a obra na garagem, chegou, ontem, o dia, mas depois de muitos telefonemas ao longo de 2017, com interrupção entre Novembro e Fevereio, porque  já não adiantava insistir, a resposta  era sempre a mesma " tenha paciência, espere mais um mês, tenho serviços fora."

Há uma semana, liguei, foi a última tentativa: "ou pega na obra, ou entrego a outra pessoa".

Garantiu-me que vinha esta semana, e por cá andam.

Ontem, vieram dois homens, jovens, na casa do 20,30 anos.

À tarde, só estava um.

Quando desci, a meio da tarde para ver o andamento das coisas, reparei no que me chamara a atenção de manhã.

Um homem alto, elegantérrimo, trazia umas calças de ganga, uma sweat, coberto de pó, claro, o trabalho não perdoa.

Tinha tirado o colete azul escuro acolchoado ( o trabalho aquece, pois).

Uma pequena conversa sobre a obra, o trabalho que agora abunda, mas que há anos tivera de ir para Espanha, onde "as obras metiam medo", dizia, porque havia todo o tipo de pessoas: marroquinos, paquistaneses, romenos, ucranianos.

Agora, está bem por cá, "trabalho não falta, embora a vida esteja cara", dizia, "mas vive-se".

Não fiz perguntas de nada, não sei se é solterio, casado, divorciado. 

E porque escrevo sobre o trolha? 

Porque tem um rosto bonito, um olhos pequenos de um castanho claro que combinam com a cor do cabelo, também claro, porém de branco do pó da parede, e uma barba perfeita, bem escanhoada, muito bem tratada.

Não entendo nada de barbas, embora cá em casa os sobrinhos a usem, uns mais curta, outros menos, cuidam bem dela, senão a tia azucrina-lhes a cabeça, a do trolha  não fica nada a dever à dos meus queridos.

Um homem apresentável, ágil na forma  como coloca a massa na parede, pergunto-me como é possível uma coisa destas não ter a oportunidade de muitos outros e lançar o charme nas passerelles da moda. Mas não duvido nada que o lance ao fim de semana nas discotecas e bares da cidade.

Este jovem, com idade para ser meu filho, foi das melhores "coisinhas" que vi nos últimos tempos.

E foi a barba que me chamou a atenção.

1º de Maio, o dia que...

não é de todos.

E eu repito a mesma coisa todos os anos: salvo os serviços mínimos, era o dia de todos os trabalhadores.

A sociedade de consumo mudou as regras, este 1º de Maio devia ser respeitado.

Fui caminhar. As grandes e pequenas superfícies estavam abertas. Passei no Supermercado do El Corte Inglês, o único que respeitou o1º de Maio, estava fechado.

Mas nas obras, aquelas que os grandes senhores têm pressa em acabar, os trabalhadores estão lá a despachá-la, para a  abrir breve, breve.

Não dou 15 dias para que o Continente Bom Dia da Rua 25 de Abril ( a poucos metros de casa), a conflituosa obra que levou ao debate dos moradores, e não só, fique prontinha.

1º de Maio, o Dia que já foi do Trabalhador.

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finalmente!

 

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a obra fica pronta hoje.

Depois de lhe ligar ontem, decidiu vir cá depois do almoço e pintar o tecto (deve estar a precisar do dinheiro, também, início do mês, pagamento do salário aos operários... que os tem).

Nem sequer sei quanto vou pagar.

Mal ele saia da porta, vou enfiar-me no escritório, aspirar, colocar as estantes e a secretária nos seus lugares e depois, arrumar os imensos livros espalhados pelo quarto, sala e closet.

Finalmente!

e a obra está parada

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o trolha não vem pintar o tecto, amanhã não pode, e eu fico completamente desmotivada para arrumar a casa. a hora mudou, as vezes que veio cá foi ao fim da tarde e comentei como seria agora ao que me respondeu: " não há problema, trabalho à luz do candeeiro". 

e estou farta de ver os livros espalhados pela sala, pelo meu quarto, pelo closet, nem tenho vontade de estar em casa, não fosse o tempo impedir de sair (hoje está melhor).

 

 

e o trolha veio

 

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Segunda-feira liguei-lhe:

- Ah, e tal, hoje não posso, tenho uma consulta. Amanhã, no final da tarde, vou sem falta.

Ontem, por volta das 18h liguei, mas o telemóvel estava desligado. E pensei "sacana, às tantas, não vem!"

Meia hora depois, a campainha tocou. Era ele.

- Ah, e tal, eu liguei-lhe para o lembrar que prometera vir hoje, mas o senhor tem o telemóvel desligado,- comentei.

- Mas eu não ouvi!- respondeu. - Está desligado!- acrescentou, depois de tirá-lo do bolso das calças.

Uma hora depois, diz que está terminado e vinha cá hoje.

E hoje, veio. Trabalho de mais 1 hora.

- Sexta-feira, por favor ligue-me pelo meio-dia, dou cá um salto e vejo se a massa está seca. Se estiver, venho no final da tarde pintar o tecto. Lembre-me, por favor! - pediu-me.

- Espero bem que sim, senhor J. Preciso de pôr as minhas coisas nos lugares e vai para 15 dias que a obra começou.

A questão é que, mais uma vez, não tive coragem de pedir à empregada para não vir hoje e limpar a casa com os livros, revistas, computador velho, candeeiro, mesinhas, espalhados pelo meu quarto e closet, fazem-me mal aos nervos, caramba!

 

 

 

 

 

telefonei ao trolha

"Ah, e tal, tive um trabalho com uma máquina (máquina? comentei de mim para mim), depois era tarde, e ontem também não pude, o tempo passou e esqueci-me. Hoje não posso, passo aí amanhã."

"Eu disse ao senhor que tinha de vir até hoje. Amanhã vou para Lisboa, não é possível". 

E pensando eu que ele ia dizer que vinha no sábado e preparada para lhe dar a resposta, talvez porque se lembrou que o tinha avisado que ia estar todo o fim de semana fora, diz-me ele: "Segunda-feira ligue-me e eu passo aí, sem falta!"

São mesmo trolhas, caramba!

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