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cantinho da casa

cantinho da casa

este tempo frio

é mau para os idosos.

Em dois meses, faleceram três vizinhos. 

Quinta-feira faleceu a vizinha do lado, andava eu aqui por casa, não vi nem soube de nada. 

No sábado, chegava eu da praia, encontrei um vizinho que percebeu que eu não tinha conhecimento de nada, disse-me que o funeral fora nessa tarde.

Vi saírem os filhos, fui cumprimentá-los, soube que a missa de sétimo dia estava marcada para hoje.

Não podia faltar.

E eis que no final da missa estou com a irmã de um amigo meu, perguntei pela mãe, respondeu-me que faleceu na terça-feira passada.

Segunda-feira, é a missa de sétimo dia. Mais uma vez, não posso faltar.

Esta nossa vida de nos fechamos em casa, não vamos ao café, não lemos o jornal da cidade (nem que fosse para ver a necrologia), raramente se sabe o que acontece na rua onde, em tempos, e nas férias de verão, os filhos brincavam até à meia-noite.

Éramos uma família.

 

 

 

 

missa

cansada que estava, fui à missa de sétimo dia ,

"confortei" o estômago com um pão e fruta

uma leitura dos evangelhos muito longa, a homília foi a repetição da leitura com um sem número de  "portanto" e "digamos" do padre, tornando a missa cansativa e interminável

e o sono a querer tomar conta de mim.

estava a ver que nunca mais saía da igreja

 

 

 

 

 

 

Lembranças

A manhã estava com sol, embora fraco, mas parecia que pela tarde iria brilhar com mais intensidade.

Levantei-me cedo. Tinha a missa de 7º dia de uma amiga, de coração.

Eramos uma família.

Ela e irmãos viveram até à idade de entrarem para a universidade e de casar, com os tios, sendo estes padrinhos do meu irmão mais novo.

Em julho e agosto, alugavamos casa na praia. A minha mãe cozinhava para todos, e à noite, vinham de trabalhar, o meu pai e os tios deles.

Dias de praia fantásticos, serenatas à noite, pão quente, brincadeiras que eles, os rapazes, faziam a elas,as raparigas,  enquanto dormíamos, e não só.

E quando nós, raparigas, queriamos ir para a noite, diziam eles :" hoje há noite de King".

Belos tempos de praia que, quer estivesse uma nortada fortíssima, quer estivesse nevoeiro, chuva ou sol, quase sempre o regresso a casa para jantar era depois do sol posto. Por vezes, alguém tinha de nos chamar.

A amiga faleceu há uma semana e soube na 6ª feira.

Ela deixara escrito que queria um funeral discreto, só para a família.

E hoje, o final desta missa foi de emoção. O marido leu algumas palavras que  a esposa deixara escritas, e um poema que um dos meus primos lhe dedicou.

Quando me aproximei para cumprimentar a família, como sempre, chorona que sou, as lágrimas caíam-me rosto abaixo.

Ele, o marido, estava emocionado.
Com três filhos casados, um neto , e a caminho do 2º,  o casal dava-se muito bem , viviam bem a vida,viajavam muito.

Ela tinha a doença há muitos anos. Desde início que estava controlado.

O que mais admirava nela era a força psicológica, o modo de ela ver a vida.

Os anos passaram e estava curada.

Mas, infelizmente, estas doenças voltam a dar sinal. Há cerca de 4 anos, manifestou-se.

E ela recomeçou os tratamentos, sempre com a mesma força e determinação.

Entretanto, os meus irmãos mais velhos foram embora. Ela resistia.

A última vez que a vi, há cerca de 6 meses,contara-me que tinha viajado pela China.

Estava muito bem. Tinha-a visto um ano antes, mais combalida.

Mas como estas doenças vão minando o corpo, sucumbiu domingo passado.

E porque estamos a chegar ao natal e lembrei-me dos muitos natais e passagens de ano que vivemos todos juntos em casa dos tios,  decidi dedicar a minha tarde de hoje, em sua memória, à procura das poucas fotos que tenho guardadas e (re)lembrar os tempos da nossa juventude.

Porque a vida passa, porque estamos absorvidos pelo trabalho;quando alguém se lembra de reunir as belas e saudáveis amizades , encontramos sempre um motivo para que seja para amanhã e então adiamos por mais algum tempo, porque  não sabemos por anda A, o B está longe, o C é capaz de não querer vir,  toda uma séria de pensamente sem sentido que, quando nos apercebemos, essas pessoas que muito queremos vão embora para sempre.

Isto faz-me pensar que não compensa passarmos o tempo a adiar encontros, a "esquecer" que estamos todos bem, não vermos há anos as pessoas que fizeram parte das nossas vidas, até daquelas que  estão aqui tão perto, dando mais valor ao trabalho e ao tempo, que escasseia.

E hoje pediram-me para eu organizar um almoço e juntar estas velhas amizades para/e recordar a minha amiga, os meus irmãos, os meus pais, os tios...

Quando morre alguém das nossas relações, e à medida que amadurecemos,  tomamos consciência de que há laços que nos unem e que a distância e o tempo não podem separar.

Depois do natal, vou contatar quem não vejo há muitos anos.Onde estão? Não sei. Mas hei-de conseguir. Em memória dos meus irmãos Xico e Mena, da nossa amiga Marimé, do noso amigo Tino, dos nossos pais e dos nossos tios.

Algumas fotos das três famílias mais unidas, dos piqueniques e do verão na bela praia de Apúlia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais aqui.

Missa de cinzas

Hoje faz cinco meses que meu pai faleceu.

Um pedido que fizera foi que, durante pelo menos um ano, mandassemos dizer uma missa por ele.

No passado mês de Outubro de 2009, marcámos para todo o ano de 2010, as missas que ficaram pagas também. 

No mês de Janeiro fomos às 11: 00, pois era Domingo, mas estava marcada para as 19:00h. Engano nosso.

Durante a semana a missa diária é às 18:00h. Não me esqueci e fui.Prometi que iria sempre que não tivesse algo que me impedisse de assistir. Não me custa nada ir à missa.

Já fui assídua. Deixei de ser há alguns anos. Poucas vezes me concentrava naquele acto litúrgico e via que a maioria das pessoas iam por hábito e/ou obrigação.

Hoje,se quero um pouco de silêncio e reflexão, se me apetece entrar numa igreja, faço-o. Com mais devoção.

Deixei a Sofia no café de um amigo, ao fundo da minha rua. Disse-lhe que à semana a missa é mais pequena, visto que não há homília, por isso não iria demorar.

Contrariamente ao que dissera, hoje foi diferente. Teve homília e  a cerimónia de colocação das cinzas.

Ver imagem em tamanho real

 

Quando ouvi o padre dizer para não fazerem confusão e posicionarem-se com ordem em duas filas, pensei no que iria ele fazer

Sinceramente,nem me lembrava. Desde criança que não assistia a isto.

Penso que fui a única pessoa que não se deslocou até ao altar.

Deixei-me estar e, quando já faltavam poucas pessoas, vi que o padre punha o seu dedo, não sei qual deles, na testa das pessoas.

Fez-me lembrar uma parte da cerimónia do crisma, quando eu era criança.

À minha frente sentavam-se três senhoras, sendo uma delas minha conhecida, que mais do que a atenção à cerimónia da missa, olhavam para tudo quanto era pessoa, sei lá bem se para verem quem era. Mas, depois da cerimónia das cinzas, vêm para os seus lugares, sentam-se, e diz a minha conhecida, alto, para quem quisesse ouvir: "O padre parece que estava a pôr pimenta. Encheu-me a testa de cinza. Está suja?", ao mesmo tempo que passava a mão e limpava o que teria,ou não teria, na testa.

As outras diziam, "ficamos com as testas todas sujas...". Quem estava por perto riu-se.

Eu pensei: "se não queriam sujar a testa,deixavam-se estar sentadas a assistir. Mas cala-te meu pensamento porque, quando chegares à idade delas não sabes se vais fazer pior!".

Aguardei o resto da missa. O nome do meu pai e esposa foram anunciados pelo padre, no meio de mais 5 ou 6 nomes.

Cada um a 10 euros, bolas, é fácil ganhar um dinheirito.

Nada contra dizer missas por....Mas 10 euros????

Costumo deixar sempre a conhecida e célebre "esmola". Dou quando quero e geralmente dou 50 cêntimos ou 1 euro. Depende dos trocos.

Se já pagámos a missa, não, hoje decidi não deixar lá nada.

É que, no dia do funeral do meu pai, meu irmão deixou uma nota de 5 euros.

Confidenciou comigo que lhe pareceu que o senhor que ajuda à missa, antigamente designado de "sacristão", havia tirado a nota...

Se não fosse por que o meu pai pediu...

Afinal o que conta é a devoção.