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cantinho da casa

cantinho da casa

As marmitas

Há alguns anos um casal com duas filhas, e meus colegas de trabalho, foram viver para o Canadá.

De quando em vez, perguntava pelo casal a outras colegas que conviviam mais de perto com eles.

Soube que lá é normal as famílias e as crianças levarem as suas refeições para o trabalho/ escola.

"Canada has no national school meal program,and elementary schools are usually not equipped with kitchen facilities. Parents are generally expected to provide a pacjed lunch for their child to take to school, or have their child return home for the duration of the lunch period. However, some non-profit organisations dedicated to student nutrition programs do exist."

 

Vendo uma reportagem no jornal da SIC sobre cada vez mais pessoas levarem a marmita para os seus locais de trabalho, fez-me regressar atrás no tempo, quando trabalhei na empresa da família.

Havia cantina, muitos trabalhadores almoçavam lá, eu também almocei muitas vezes, mas havia aqueles que viviam com mais dificuldades e levavam duas marmitas, na altura em alumínio uma sobreposta à outra, onde traziam a sopa e a refeição. Comiam diretamente de lá.

Fazia-me alguma confusão vê-los comer da marmita (talvez seja o motivo pelo qual ainda hoje não goste de comer a sopa nas tigelas de inox, mas como no meu atual trabalho). Era vê-los  comer junto ao jardim que circundava o edifício, se estivesse sol, ou junto à recepção, escondidos,  quando estivesse de chuva.

 

 

     

 

 

 

 

Os tempos mudaram e tudo se tornou mais fácil, os cafés serviam refeições a preços acessíveis, o dinheiro "abundava" nas carteiras e, entretanto, saí da empresa. Nunca mais vi os trabalhadores com as marmitas.

Não sou mulher de almoçar e/ou jantar fora de casa. Criei este hábito desde o tempo que trabalhava na empresa. Vinha a casa almoçar, por vezes fazia o almoço à pressa e/ou acabava o que tinha adiantado no dia anterior, ou trazia da cantina da empresa, mas em restaurantes ou cafés, sempre evitei.

Atualmente, costumo almoçar na cantina uma sopa, uma salada, pão, se quiser, e fruta.

Por vezes, vou ao café, mas não é a mesma coisa. Fico mal disposta para todo o dia, não consigo sequer lanchar (a tendência é tomar um chá a meio da tarde).

Um dia destes, vendo uma colega  comer uma maçã enquanto trabalhava, e não tendo muito tempo para almoçar, comentei que a minha irmã mais nova, a trabalhar a 60 km de casa, costumava almoçar num restaurante próximo do local de trabalho. Fartou-se, e porque a carteira ficava mais nagra, decidiu começar a levar o almoço para a empresa, como fazia quando trabalhava a 5 km de casa (as empresas têm pequenos refeitórios apetrechados de microondas, para que os funcionários possam aquecer as suas refeições e almocem tranquilamente e tenham mais tempo de lazer, nesse pequeno intervalo. E ela deixou de comer fora. Congela comida, leva para a empresa, aquece-a...)

Uma ideia a seguir, já que quase todos(as) estamos fartos(as) do café, das refeições, que já tiveram mais qualidade, dos pratos improvisados porque o prato do dia acabou, porque hoje está mal cozido, amanhã está queimado/frito de mais, porque não quero batata frita, mas arroz, e vem batatas fritas e arroz, porque..., continuei.

E ao ver a reportagem da SIC, conclui que, hoje, a moda da marmita, que em tempos era a moda dos pobres, está a chegar às famílias que vêem o salário congelado e o custo de vida aumentar, seria uma ótima ideia, lá no meu trabalho, adotar este sistema. Longe do ruído das pessoas que falam alto demais e vêem TV enquanto almoçam, em vez de tirarem partido da conversa e do momento,  tenho a certeza que havia mais tempo para conviver.

Enquanto não houver alguém mais atrevido a tomar o 1º passo, eu continuarei a comer a tigela cheia de sopa, o pão, a salada e a fruta.

E, como sempre, procurando uma imagem para este post, encontrei isto e mais isto.