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cantinho da casa

cantinho da casa

fui colher as Maias

Diz a lenda que colhendo estas flores da urze na véspera do 1º de maio e pendurando-as, à noite, na porta, muma janela ou varanda, significa que durante o ano não vai faltar o pão em casa.

As histórias são diferentes de região para região, é uma  tradição que nem sempre cumpro, mas hoje, quando fui meter gasolina, e de propósito fora da cidade, encontrei-as num terreno do lado de trás da bomba.

As minhas Maias...

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Um poema de José Régio

 

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores, 
Pois que Maio chegou, 
Revesti-o de clâmides de cores! 
Que eu, dar, flor, já não dou. 

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves, 
Acordai desse azul, calado há tanto, 
As infinitas naves! 
Que eu, cantar, já não canto. 

Eu, Invernos e Outonos recalcados 
Regelaram meu ser neste arrepio… 
Aquece tu, ó sol, jardins e prados! 
Que eu, é de mim o frio. 

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio, 
Vem com tua paixão, 
Prostrar a terra em cálido desmaio! 
Que eu, ter Maio, já não. 

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto; 
Ter sol, não tenho; e amar… 
Mas, se não amo, 
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto, 
E não por mim assim te chamo?

 

 

Uma canção de Maio

 

 

30 de abril e o Maio(as)

e, no regresso a casa, paragem na estrada para colher as Maias  ou Maio para que, segundo uma colega, não falte o pão e afaste o mal, o ano inteiro.

O ramo que colhi está na varanda.

" (...) Talvez resultado desta lenda, hoje em dia ainda é possível observar em algumas zonas do nosso país, a colocação de ramos de giestas em flor, ou até mesmo coroas feitas de ramos de giestas, conjuntamente com outras flores e enfeites coloridos, nas portas e janelas das casas ou nos automóveis, na noite de 30 de Abril para 1 de Maio.
Nos variados aspectos, por vezes tão distintos, das celebrações do 1º de Maio, ter-se-ia pois operado um sincretismo de práticas e crenças, talvez de origens diferentes mas todas convergentes, recobrindo a obscura ideia, que subsiste no espírito do Homem, da necessidade de desencadear formas efectivas de protecção e de esconjuro a opor à insegurança da vida e à omnipresente ameaça do mal. "

O ano passado não foi diferente destes ano.

 

 

 

 

 

 

 

Maio(as)

Ontem, quando regressava a casa, no percurso de 15 km que faço diariamente, trazia duas colegas que se lembraram que era o dia de colher as maias .

Diz a lenda que colhendo essas flores amarelas na véspara do 1º de maio, pendurando-as numa janela e/ou varanda, significa que nesse ano não vai faltar o pão em casa; outra lenda diz que afasta o mal (cada região tem a sua história).

Parámos o carro. Uma delas deixou-se estar, a outra subiu um montinho onde se via um farto ramo destas flores, o suficiente para as duas pormos em casa(a outra colega não dá importência a estas lendas).

Mas as flores eram poucas. Do outro lado da estrada abundavam.  Não podíamos passar para essa faixa. E mesmo que pudéssemos, as flores estavam num local alto, uma curva acentuada da estrada não permitia que estacionássemos por ali.

Havia ainda metade do percurso a fazer, com certeza que conseguiríamos parar noutro lugar mais seguro.

E assim foi. Uns quilómetros mais à frente, numa pequena estrada que vai ter a um Motel (ahahahaha!). E à entrada dessa estrada, estavam lá as flores.

Parámos, saímos (desta vez as três meninas) e fomos colher as maias.

Rimo-nos com a situação. Os camiões passavam e eu brincava com a situação: "ai as meninas a colherem flores. ai o motel aqui no nosso campo visual. para onde vamos nós?..."

Entrámos no carro e, como não podia recuar e entrar na estrada nacional, tive de seguir o caminho que passa juntinho ao motel.

Foi a primeira vez que lá passámos. Quem viaja pela estrada nacional, vê o outro lado do edifício.

Isolado, num caminho alcatroado, lá estava  a pequena construção que serve de descanso e de prazer a quem lá vai (a ideia que tenho de motel não é somente de as pessoas partilharem prazeres, mas de descanso para os viajantes).

E as maias aqui estão na minha varanda, onde o pão não vai vai faltar, com certeza aqui em casa, e o mal ficará sempre lá fora, lol.

Para celebrar este 1º de maio, com as minhas maias de maio,  deixo uma canção de maio do nosso brilhante Zeca Afonso.

 

 

 

 

 

 

 

as minhas maias