Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cantinho da casa

cantinho da casa

tiros e mais tiros

Fui ao mercado municipal comprar flores, desta vez cravos vermelhos e vivazes,  para as campas dos meus familiares.

Não sou fã de cravos, embora a cor vermelha seja a minha favorita, resolvi que para celebrar a Liberdade que os meus pais defendiam, e porque o meu irmão mais velho foi combatente em Guiné, decidi ir hoje pôr as flores.

Fui surpreendida por uma amiga que viu-me passar( eu não a vi), e foi ter comigo, estava eu a limpar a campa dos meus pais e da minha irmã.

Estivemos à conversa, um pouco.

Depois de nos despedimos, continuei a minha tarefa.

Ora, o Regimento de Cavalaria n° 6, fica a poucos metros do cemitério.

Ouvia-se o som dos tiros constantes, e bastantes.

Há tempos que não os ouvia.

Estive no cemitério muito tempo, o som não se calava.

Imagino como será quem vive debaixo de fogo constante.

Os militares estarão a treinar para alguma celebração do dia 25 , o dia em que o cravo vermelho foi , e é, o símbolo da nossa Liberdade.

50 anos de 25 de Abril também comemoro com cravos vermelhos, os meus familiares defuntos.

E em casa também.

IMG_20240423_173255.jpg

 

 

 

 

 

 

1° de Maio

Um mês que gosto.

Sabe-me a bom tempo, a flores, a cerejas, e todos os frutos vermelhos, a esplanadas na praia, a passeios à beira-mar, a caminhadas, a vestir roupas coloridas.

Maio recorda-me o primeiro ano de Liberdade, o Dia de Todos os Trabalhadores, que, infelizmente, com a  invasão do centros comerciais e dos hipermercados, perdeu muito do seu significado.

O Dia que, salvo as excepções de serviços indispensáveis para a sociedade, devia ser respeitado.

Entretanto, e contrariamente ao que acabei de escrever, o ginásio estava aberto, com o horário de domingo, fui fazer body pump, com pesos e no step.

Que aula!

Para comemorar este dia, uma fotografia de 1975, que trouxe da página do Instagram do Município de Braga.

IMG_20230501_121434.jpg

 

 

 

 

" da cor dos cravos que nos deram a Liberdade"

Vivi o antes do dia 25 de Abril, vivi uma infância e uma adolescência com alguns medos do regime Salazarista.

Ouvi os meus pais contarem das dificuldades ( racionamento de bens alimentares)  que passaram no tempo da II Guerra Mundial . 

 

O meu pai era anti-salazarista, o meu avô foi perseguido pela PIDE, andou fugido aquando das eleições de 1958 em que o opositor ao regime foi Humberto Delgado.

No dia 25 de Abril de 1974, o  dia da Liberdade, alcançamos o que há muitos anos os nossos avós e pais tentaram alcançar, sem sucesso.

Voltar ao antes, nunca mais!
Estamos a passar uns tempos dificeis, em todo o mundo, nas várias vertentes: saúde, sociedade, política, religião, ambiente.

Não vamos deixar que esta doença, que está a matar muita gente, nos impeça de ir, com cuidado e segurança,  à Assembleia de Voto, no próximodia 24.

Não vamos permitir que outros ideais de tempos vividos no passado tirem a nossa Liberdade.

Não permitamos que " da cor dos cravos que nos deram a Liberdade"  tirem a nossa Democracia.

IMG_20210116_125059.jpg

 

imagem do instagram,  sabercompreender

 

 

 

 

 

sobre o respeito

tinha um post agendado há algum tempo, decidi publicá-lo hoje, a propósito da rubrica a Liberdade de..., sobre um caso que aconteceu no início do mês de Novembro de 2019, aqui no prédio:

 

 

 

“não faças aos outros o que não gostarias que fizessem a ti”

O conceito que tenho de liberdade começa , primeiro e acima de tudo, no respeito por mim própria.
Tento não impor a minha opinião sabendo que a do outro pode ser diferente da minha, e de modo a não causar danos evito situações de desrespeito quando percebo que os outros pensam que estão a ser lesados e reagem de forma negativa, promovendo a discussão que não leva ninguém a lado nenhum.

Há cerca de dois meses, no logradouro que dá acesso às garagens deste prédio, um carro desconhecido estava estacionado junto ao prédio, de tal forma que impedia que os carros dos donos das garagens passassem.
Estranhei.
Uns dias depois, encontrei a vizinha do terceiro andar ( uma família que não re(age) porque não quer problemas com ninguém, como eu não quero, prefere ficar quieta e deixa que tudo aconteça, mesmo que em seu prejuízo) perguntei se o carro era de algum familiar seu, respondeu-me que não, que era de um familiar do inquilino do r/c.
O carro ficava, e fica, estacionado junto ao prédio, cedo pela manhã, até ao final da tarde.
Este andar não tem garagem, desde sempre foi-nos dito que o inquilino não tem direito a estacionar o carro no logradouro, a não ser que os donos das garagens permitam.
No quarto dia, esperei que o dono (a) do carro viesse tirá-lo . Via-a aproximar-se, abriu o portão. E perguntei se o carro lhe pertencia.
Respondeu-me que sim.
Perguntei por que razão estaciona o carro num lugar privado, já que é uma pessoa desconhecida no prédio e na zona.
Não foi mal educada, mas respondeu-me de forma arrogante com" a minha irmã autorizou-me a estacionar, fale com ela".
Fi-la entender que a irmã não tem  liberdade de mandar estacionar o carro sem falar com os inquilinos, que era uma falta de respeito para com estes, sobretudo porque ninguém pedira autorização para um desconhecido estacionar o carro .
Continuou a insistir que a imã a autorizara, que me entendesse com ela.
Perguntei-lhe o que faria se ela estivesse no nosso lugar se visse um carro de um desconhecido ocupar o espaço de acesso à sua garagem.
Fiquei sem resposta.
No pára-brisas do carro estava um papel escrito pelo vizinho do terceiro andar a alertar que, nesse dia, não conseguira passar com o seu carro, fora obrigado a deixá-lo na garagem, pedia que estacionasse o carro de forma a permitir a passagem das pessoas do prédio.
Nesse mesmo dia, à noite, depois da minha viagem à Maia, sem ter jantado, a inquilina  do r/c, a madame do baton vermelho ( já escrevi alguns post a seu respeito ), acompanhada do marido, tocou à minha campainha para "discutir" o caso do carro estacionado.(Noto que ela não foi "discutir" com o vizinho do andar de cima sobre aviso no pára-brisas do carro, veio discutir comigo porque a suposta irmã lhe ligou a fazer queixa de mim por tê-la advertido que o carro não podia estar estacionado num lugar que é dos donos das garagens).
Trazia o contrato do senhorio, metia-o à frente dos meus olhos para eu o ler, insistia que tem direito ao lugar no logradouro, que ligara à advogada, que lhe confirmara que o lugar é também seu, que ali estaciona o carro quem ela quiser, seja irmã, amiga, ou qualquer outra pessoa.
Fi-la perceber que vivo nesta rua desde criança, nunca "discuti" com um vizinho, sempre houvera harmonia e entendimento entre todos, ter uma discussão por causa de um carro era ridículo.
Fez algumas insinuações ( como se eu fosse fazer alguma coisa ao carro), e reafirmou a sua posição de que o carro ficaria ali :"é só durante a semana, ao fim de semana não ".
Quando referi que era uma falta de respeito não ter subido as escadas para pedir autorização aos três inquilinos que têm garagem, o marido, finalmente, falou , dizendo que de facto fora falha deles, que deviam ter dado uma satisfação.
Ela insistia no seu direito ao espaço e que o carro ia continuar ali estacionado, que há espaço para todos.
E foi então que desisti.

Disse-lhe que fizesse o que quisesse, há mais inquilinos no prédio, que só eu dou a cara ( há cerca de dez anos acontecera o mesmo autorizando que uma colega de trabalho estacionasse o carro), que não me metia mais no assunto, os outros inquilinos que se pronunciassem.
Antes de descer as escadas acentuou " o carro fica ali e fica muito bem, ai se alguma coisa lhe faz".
E assim o carro, que é um carrão, estacionado 9h por dia, e porque a passagem é estreita, obriga-nos a várias manobras.
O meu carro é pequeno passa com alguma dificuldade, mas os carros dos inquilinos são largos e compridos. Lamentavelmente, eles não têm coragem para fazer alguma coisa.

Entretanto, falei os donos ( herdeiros) do apartamento cave, vamos tentar uma reunião com o senhorio do r/c, saber se deu permissão a que o carro fique estacionado o dia todo, junto ao prédio, e resolver a questão da poluição que há anos ela provoca perto da minha garagem, e porque os falecidos donos desse apartamento nunca tiveram coragem de falar porque não queriam problemas com a madame( um assunto para contar, um dia destes).
Tudo isto porque em dezembro passado nas ruas do centro da cidade, e a minha também, activaram os parcómetros que estiveram parados por algum tempo. A inquilina achou que devia solucionar o problema da suposta irmã.
Entretanto, vim a saber que a pessoa não é irmã, será amiga do casal.
A ser verdade ou não, impôs o que pensa ser seu de direito.

Se me respeito a mim própria, não posso violar a liberdade dos outros mas também não devo permitir que violem a minha.

 

"a Liberdade está a passar por aqui"

Estava eu na escola quando a notícia saiu à rua, mandaram-nos para casa. Inacreditavelmente o povo receou que as notícias fossem falsas. 
E veio a Liberdade.

Nestes 45 Anos de 25 de Abril, o jornal O Minho publicou mais de cem fotografias do falecido e mais conhecido fotógrafo desta cidade de Braga, e que eu trouxe para aqui, em sua homenagem, também.

25-de-abril-em-Braga-8.jpg

25-de-abril-em-Braga-44.jpg

25-de-abril-em-Braga-82.jpg

25-de-abril-em-Braga-96.jpg

25-de-abril-em-Braga-110.jpg

25-de-abril-em-Braga-141.jpg

25-de-abril-em-Braga-149.jpg

25-de-abril-em-Braga-174.jpg

25-de-abril-em-Braga-196.jpg

25-de-abril-em-Braga-199.jpg

 

Uma cantiga

das minhas preferidas, pós 25 de abril, Dia da Liberdade, e sempre actual.

 

 "A cantiga é uma arma", José Mário Brancao

 

a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

há canta por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar

a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções

a cantiga é uma arma
(contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria


Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado


a cantiga é uma arma
(Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia

 

O significado do cravo

Gosto do seu cheirinho, mas a flor em si não é das que mais gosto.

Meu falecido pai costumava comprar para ornamento da campa de minha mãe, e eu, com todo o respeito, reclamava "Pai, não gosto nada de cravos."

Hoje, 41 anos de comemoração do dia 25 de Abril de 1974,  lembrei-me de procurar se esta flor tem algum valor histórico, que tem, e qual o seu significado, como lembrança e dedicatória a este inesquecível dia em que acordamos, "olhos nublados" , primeiro escutando a rádio, depois a TV que mostrava as imagens, incrédulos com o que víamos e ouviamos: o governo de Salazar caíra.

E o Dia da Liberdade nascia para nunca mais perecer.

sem nome.png

 

O que é Cravo:

O cravo é a flor do craveiro, cujo nome científico é Dianthus caryophyllus, que pertence ao gênero Dianthus e à família Caryophyllaceae. Esta planta pode atingir até um metro de altura e existem por volta de 300 espécies de craveiros, sendo que muitas espécies surgiram graças à manipulação genética. Esta flor é de fácil cultivo e tem um suave aroma, que muitas vezes é usado para fazer perfumes.

O cravo é uma flor originária do sul da Europa e pode ser cor de rosa, roxa, vermelha, branca ou amarela. Relativamente ao cultivo, os cravos precisam de terra rica em argila, misturada com um pouco de estrume, adubo vegetal e areia. É comum ver um cravo na lapela dos noivos e dos padrinhos nos casamentos tradicionais.

 

Na Grécia Antiga, coroas de cravos eram usadas em cerimônias. Na altura do Renascimento, os cravos era um sinônimo de fidelidade matrimonial. As diferentes cores dos cravos podem ter significados diferentes:

  • Cravos brancos: associados ao amor puro, talento, boa sorte, inocência

 

  • Cravos vermelhos: significa respeito, amor e paixão. É oferecido como demonstração de admiração.

 

  • Cravos cor de rosa: remete para felicidade e gratidão. Quando é oferecido a alguém, significa que você sempre lembra dessa pessoa.

 

  • Cravos roxos: significa solidão, inconstância, ausência de capricho.

 

  • Cravos amarelos: apesar de significarem rejeição e desdém, quando integrados em um arranjo de muitas cores vivas, significa alegria e vivacidade.

 

Esta flor, cultivada desde os tempos da Antiguidade, tem grande valor simbólico e histórico.

Em Portugal, o cravo-vermelho é o símbolo da Revolução dos Cravos, que aconteceu em 25 de Abril de 1974, uma data celebrada todos os anos e conhecida como Dia da Liberdade.

De acordo com Anna Jarvis, fundadora do Dia das Mães nos Estados Unidos, um cravo rosa é o símbolo das mães em vida e o cravo branco o símbolo das mães que já partiram.

Há 40 anos

estava a trabalhar quando veio a notícia do golpe de estado.

nas escolas, mandaram os alunos para casa, havia medo de que houvesse retaliação, a TV ligada todo o dia, lágrimas que corriam rosto abaixo ainda sem acreditar que era verdade.

depois, foi a saída para a rua  festejar o que fora impensável e acreditar que o irmão mais velho viria embora, para sempre, da Guiné.

hoje, esquecera-me que é dia 25 de abril.

hoje, a igreja enche-se de jovens que choram a morte do amigo Nuno, uma das  vítimas da queda do muro, no passado dia 23.

hoje, a família está de luto.