os prazos de validade
Sempre que vou às compras, tenho atenção aos prazos de validade, sobretudo dos lacticínios.
A manteiga é um dos produtos que menos gasto cá em casa, logo, quando a compro, faço as contas ao tempo que poderei gastá-la dentro do prazo, ou até uma ou duas semanas depois da validade, e porque gosto de a ter no frigorífico para alguma emergência à falta de margarina para algum bolo ou cozinhado.
O que acontece é que a maioria das vezes que ponho manteiga no pão, uso a Mimosa ou a Matinal, é quando faço torradas ou apetece-me aquecê-lo um pouco.
Quando os sobrinhos andavam no 1º ciclo, e mais tarde no secundário, nas escolas aqui da zona, almoçavam comigo, por vezes comiam manteiga com pão e não pão com manteiga, ela gastava-se rapidamente.
Agora, são inúmeras as vezes que, quando me lembro de ver o prazo de validade, como foi o caso desta última embalagem, chega a passar um mês e, como é óbvio, vai para o lixo.
Um produto que compro de longe a longe é a massa folhada, que adoro. Tenho o cuidado de ver o prazo, mais uma vez faço contas ao tempo que poderei cozinhá-la, compro normalmente duas embalagens.
Nas férias de Natal, a Sofia almoçou comigo,usei uma das embalagens. Sabia que deveria cozinhar a outra o mais breve possível, mas mesmo que passasse uns dias da validade, não havia nada a temer.
Hoje, pensei fazer um prato de massa folhada com bacalhau e espinafres ( adoro este legume) com molho bechamél ( que faço na hora).
Quando a tirei do frigorífico, reparei que o prazo de validade acabara há 9 dias. Não me preocupei, visto que há produtos que se aguentam por mais uma ou duas semanas, não estava empolada, nada a temer, pensei.
Abrindo a embalagem para estender a massa, esta rachou em várias partes. Não me recordo de alguma vez ter acontecido isto, vim procurar na net. Mas não encontrei nada que me fizesse entender que o facto de ela rachar fosse sinal de estragada.
Continuei o meu cozinhado e quando decido pôr o recheio na massa, peguei nela, cheirei-a. Parecia-me boa. Virei-a, volto a cheirar e, dedididamente: " vai para o lixo!"
Amassei-a entre as minhas mãos e, infelizmente, deitei-a para o lixo, ao mesmo tempo que comentava para o meu decote: " Isto não pode ser, Maria. Tu não és mulher de desperdiçar nada. Tens de ter cuidado com o que compras. Em vez de comprar duas, compras uma. Se precisares de alguma coisa urgente, tens um supermercado à tua porta".
E o que fiz com o recheio?
Cobri a travessa de pirex com molho béchamel, coloquei o refogado de espinafres e as lascas de bacalhau em cima desse molho, pus uma fatia de pão de mistua em cima do refogado, cobri-o com o restante molho, e foi ao forno.
Não gosto de encher o prato e detesto que me sirvam enchendo o prato de comida. Ponho no prato o suficiente, sirvo-me as vezes que me apetecer.
Comi tudo.
Numa semana foram para o lixo, metade de uma embalagem de manteiga, os cogumelos acabados de comprar, ontem, e a massa folhada de hoje.
Não posso, nem devo, repetir isto.
Mas quando vem alguém a casa e quer manteiga e não tenho, sinto-me mal.