Que força é essa Zeca
que ainda moves multidões, jovens e menos jovens, com as tuas músicas sempre actuais?
Acabei de chegar do Teatro Circo de ver e escutar o espetátulo "amigos maiores que o pensamento" organizado pelo grupo Canto D'Daqui.
O espetáculo foi variado, teria muito para aqui registar.
Um filme sobre a vida e obra de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira com música de fundo, do autor, acompanhados de uma voz que clamava os seus poemas, deu início ao espetáculo.
"Os sopros de Zeca" formado por um grupo de 9 jovens e um maestro, também jovem e, no meio do grupo um homem mais velho, que tocava instrumentos de percursãp, destacava-se no meio do grupo.
No início senti alguma estranheza, pois contava apenas com o som das guitarras portuguesas.
Mas à medida que o espetáculo ia crescendo, pelas músicas e pela voz dos solistas e dos convidados que cantavam José Afonso, comecei a envolver-me no instrumental(clarinete, trompete, percussão, tuba, trompa e violoncelos).
Mas chegou um momento que fiquei sem palavras. Guiado por um jovem, entrou no palco um senhor jovem também, de óculos escuros. Silêncio na sala. Sebastião Antunes ia cantar Adrianao Correi de Oliveira.
O maestro dá o tom e o grupo começa a tocar. Ele movimentava os braços, de uma forma alegre, como se estivesse a tocar um intrumento de música. Aproxima-se do microfne e começa a cantar. Uma voz bonita cantava »Canção do linho» E a cada momento que parava o canto, os braços voltavam ao movimento, ao ritmo da música. De vez em quando, a mão esquerda tocava no microfone (talvez para se certificar que estaria perto), e voltava ao seu cântico. Adorei. A minha sensibilidade manifestou-se com uma lágrima que me caiu. E no final da sua actuação, uma ovação intensa por parte do público fez com que viesse novamente ao palco agradecer as palmas merecidas.
Foram lidos alguns poemas e, chega o fado de Coimbra. Há quantos anos não escutava fado de Coimbra? Gostei, Gosto. E o meu preferido «Capa negra» deu o arranque.
Ainda não me sentia completamente satisfeita, pois precisava de ouvir guitarra portuguesa e as vozes do grupo "Canto Daqui". Ouvira-o uma vez num programa de televisão.
E entra no palco. Jovens e menos jovens, muito bem afinados nas vozes e no instrumental, encheram-me a alma de canções que já não me lembrava de escutar.
Muito aplaudidos pelo público, o espetáculo culminou com todos os cantores e músicos, acompanhados pelo Coro Associação de Pais do Conservatório Gulbenkian.
Camções como «Tu Gitana», «Coro da primavera», «Venham mais cinco» e como não podia deixar de ser, «Grândola, Vila Morena» encantou a audiência que, motivados pelos cantores e músicos cantavam em uníssomo o refrão.
Foi belo. Fiquei bem, Gostei.
Está de parabéns o Grupo Daqui que organizou este «Amigos maiores que o pensamento». Enalteço os jovens do grupo, e mais ainda os "velhos" que incentivam a que aqueles espalhem a nossa música, a poesia e a cultura à geração do século XXI.
Casa quase cheia, fiquei feliz com o número substancial de jovens que vi.
Amanhã há outro espetáculo.
Que tens tu Zeca que ainda moves "multidões"?