foram as palavras que ouvi do meu irmão mais novo, quando fazia um furo na parede para ser colocado um espelho.
" o quê?!", perguntei do quarto ao lado.
Raciocinei e desfiz-me a rir.
Lá estava a "santa" em cima da cama com a cabeça partida.
Ria-me à gargalhada, disse-lhe: "Não é um santa. Esta imagem é de Nossa Senhora do Sameiro".
E expliquei que aquela imagem tem muitos anos, que era da nossa irmã mais velha, que a nossa irmã nunca dera importância à "santa" e ficou sempre cá em casa, que a imagem tinha sido oferecida pelos padrinhos dele quando a nossa irmã foi para Inglaterra.
E ria-me, não porque a "santa" tinha a cabeça partida (vai ser colada), mas pelo modo como ele disse.
Esta imagen de Nossa Senhora do Sameiro deve estar aqui em casa desde 1969.
Determinada que era a minha irmã, na altura com 17 ou 18 anos, conseguiu convecer a minha mãe a deixá-la ir estudar para Londres.
Naquele tempo, ir sozinha para um país estrangeiro não era fácil e para a minha mãe, uma mulher super preocupada, foi um problemão.
Foi nesta altura que a madrinha do meu irmão mais novo ofereceu a imagem de Nossa Senhora à minha irmã, que deveria tê-la levado para Londres, mas na verdade a imagem ficou cá em casa.
Minha irmã estudou, regressou a Portugal, foi trabalhar, namorou, casou, teve três filhas, mas Nossa Senhora nunca saiu daqui.
A coroa de Nossa Senhora desapareceu, uma das mãos partiu, ficou sem ela.
Hoje partiu-se a cabeça. Mas vai ser colada, porque enquanto esta Senhora existir, ficará no lugar que sempre esteve.
Traz-me boas recordações.
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