O meu hemisfério direito
A minha mão direita está cansada desta tala, das picadas, da comichão e do formigueiro que sente. A vontade é abrir isto e deixá-la “respirar” à vontade. E ainda faltam 18 dias para a consulta!
Depois são as tarefas da casa. Salvo à hora do almoço que tenho a ajuda da Sofia, faço tudo sozinha com a esquerda e, por vezes, perco a paciência.
Ora no início desta árdua tarefa da mão esquerda, aconteceu que quando abria a pasta dentífrica, a máscara dos olhos e tudo o que é de rodar da esquerda para a direita, não rodava:”que estranho, estou sem força na mão?”, pensava. E uns segundos depois rodava ao contrário, pois claro, e : “óbvio que estás a fechar em vez de abrir, ó mãozinha destreinada!”
E não é que a semana passada, com o carro parado há 9 dias, e mais tempo ficará, fui acordá-lo desta hibernação e não consegui pôr o motor a trabalhar? Como a direção bloqueia e tendo só a mão esquerda para fazer as duas operações em simultâneo, ligar a ignição e desbloquear a direção, não consegui, desisti.
Hoje, pedi à Sofia que fosse comigo à garagem. Expliquei o que tinha de fazer.
Enquanto ela rodava a chave para ligar a ignição, eu desbloqueava a direcção. Mas, nada!
Trocamos os lugares…NADA!
E de repente, rodo a chave no sentido inverso e, “já está!”
Como é possível que depois de passar pelas experiências anteriores não pensei no óbvio?!
Deixo aqui a explicação…
“O cérebro é divido em 2 hemisférios. Cada um dos hemisférios controla os movimentos da parte oposta do corpo. Os movimentos que fazemos com a mão esquerda, pé esquerdo e olho esquerdo são inteiramente controlados pelo hemisfério direito do cérebro.
Os dois hemisférios podem sincronizar e dar harmonia aos movimentos, mas um hemisfério não interfere na atividade do outro.
Se ocorrer uma lesão no hemisfério esquerdo, uma pessoa destra será mais prejudicada, pois serão afetados os movimentos do lado direito do corpo. Com o tempo, o hemisfério não afetado vai assumindo o controle que dependia da outra metade e os movimentos podem voltar aos membros paralisados.” (…)