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cantinho da casa

cantinho da casa

vazias, mas cheias de valor

No tempo da minha juventude, quando comprava cerveja em garrafa, fosse uma grade, fosse uma garrafa, pagava-se uma tara.

Para não se perder o dinheiro, juntava-se as garrafas e entregava-se no local onde as comprava, habitualmente, no supermercado.

Passados anos, vieram as minis e as latas,  caiu em desuso a tara.

No passado mês de Maio, num fim de semana que fui com a sobrinha e o filhote para a praia, fomos a Fão comprar comida para o jantar num restaurante sempre lotado, não dava para esperar por uma mesa que vagasse, sobretudo porque tínhamos a criança.

Lá não forneciam a bebida.

Passamos em dois cafés que não nos venderam a cerveja porque só tinham em garrafa e era para consumo local.

Até que fui eu a um café -restaurante e perguntei se vendiam cerveja em lata.

A resposta foi que tinham em garrafa, que vendiam, mas tinha de levar as garrafas no dia seguinte.

Comprometi -me a levá-las,  depois do almoço.

" Estamos fechados, só abrimos por volta das sete, mas pode deixá-las à porta, não se preocupe", respondeu.

E assim foi.

Consulamo-nos com a costelinha e as bejecas ao jantar.

No dia seguinte, domingo, quando regressávamos a casa, dirigiamo-nos ao restaurante para deixar as garrafas à porta, era dia de festa,  estava o trânsito interditado, nem nós nos lembramos disso, nem a pessoa que nos atendeu.

E vieram as garrafas connosco para casa 

Voltei à praia um mês depois, e quando passei  perto do restaurante lembrei-me que as tinha num saco, na cozinha, para não me esquecer de as levar.

Mas esqueci.

Passaram mais 2 ou 3 semanas, não voltei lá, decidi pô-las na reciclagem.

Ora, a propósito desta história, e porque um familiar está de férias na Madeira, recebi uma foto de um local onde passaram.

Um slogan bem pensado.

Quando voltar a ser obrigatório pagar a tara, e sei que há supermercados que o fazem,  talvez comecemos a dar valor ao dinheiro que deixamos na loja,  e ajudamos as empresas a recuperarem as garrafas, como era hábito noutros tempos.

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nunca me embriaguei

Há mais de um ano que tinha uma garrafa de vinho maduro,  que não foi preciso abrir, e porque não precisei, porque os dois Natais de 2019 e 2020 não foram festejados cá em casa.

Os sobrinhos são os homens e mulheres dos vinhos, eu não  sei comprar, pelo que compro uma ou duas porque me apetece.

Então, no meu dia de aniversário, trouxe comida de um restaurante típico, em Caldas das Taipas, para almoçarmos juntas: eu,  a minha irmã, e  a minha sobrinha.

Lembrei-me da garrafa, perguntei se queriam vinho,  e abri-a.

Bebemos pouco, foi mais para brindar e a companhar a refeição, uma vez que havia trabalho.

Mais de meia garrafa ficou, um destes dias  precisava de temperar uma carne, lembrei-me do vinho e usei-o.

Mas ainda ficou bastante.

Então, para não se estragar, ao almoço, tenho bebido menos de um quarto do copo.

Ontem, estava a preparar o prato, foi todo pelo ar,  espalhou-se pela mesa e chão, porque bati com a mão no copo, consegui agarrá-lo para não ficar estilhaçado, não caiu ao chão.

Hoje, fiz bacalhau com batatas, que foi ao forno com molho béchamel.

Gastei o resto do vinho da garrafa, encheu pouco mais de um quarto do copo, o normal que bebo quando almoço e/ou janto fora de casa ( habitualmente, é panachê).

Soube-me bem. Sei o que digo e o que escrevo, neste  momento, e são tão raras as vezes que bebo que ...  fico tonta.

Se a garrafa ficou mais de um ano na despensa,  acho que as próximas a comprar serão para o Natal de 2022, se tudo estiver bem por este mundo cruel.

Tudo isto para dizer que em toda a minha vida nunca bebi de mais, seja em festas, almoços ou jantares, e que nunca me embebedei.

E também nunca me arrepedi de apanhar uma bebedeira. Às vezes, gozavam comigo por isso.

As cenas que vi com amigas e amigos, dispenso.

A garrafa acabou.

Agora, passo a beber água ou chá.