Que fariam?
se no supermercado perto da vossa casa, aquelas meninas que se encontram junto à porta, e atrás de um mini-balcão, aproximam-se de vós e vos pedem que respondam a breves perguntas sobre determinado produto,respondem que:
-se for para comprar, "não obrigado, mas não estou interessada(o)";
-"está bem", mas com dúvidas;
- "tenho pressa" ( com a certeza de que querem impingir-vos o produto).
Pois bem, há cerca de três semanas, deixei-me levar pela conversa de uma menina, mas com a garantia de que não era para comprar o produto.
Respondi a três breves perguntas, pediu-me se era possível ficar com o meu contacto, ( não é costume),dei-o, assim como a minha autorização para a empresa me ligar, mais tarde, apenas para confirmar que fui contactada no supermercado.
Há uma semana, fim da tarde, o telemóvel tocou.
Era uma representante da empresa, que nem sequer fixei o nome, a perguntar-me se podia vir cá um técnico fazer uma demonstração do produto.
Fiquei possessa, pois não esperava isso.
E respondi:"se o vosso técnico vem a minha casa para me vender alguma coisa, respondo que não."
Ao que a menina acrescentou: "Não, ele não vai vender nada. Ele vai fazer um teste a...., e só por ir a sua casa, já tem a comissão dele. Faça-nos esse favor."
E marcámos a hora.
Ontem, por volta das 15:40h, veio o dito cujo técnico.
Demasiado à vontade para meu gosto, mas como estava aqui para fazer o seu papel e ganhar a sua comissão, deixei-o agir.
Pediu-me umas peças de louça, e com a maior descontração, vê o armário onde tenho os copos e serve-se destes.
Pega numa cadeira, pousa uma maleta que trazia, abre-a e tira um catálogo explicativo do produto, enquanto que numa outra maleta uns aparelhos faziam o teste.
Depois, sem pedir licença, puxa de outra cadeira, senta-se e diz-me: "Sente-se também."
Com ar já de antipática, esboçando um sorriso, de quando em vez, para mostrar ser agradável, tentei esquecer-me de que estava em minha casa, ouvia as explicações.
Depois, vieram as perguntas habituais: "quem me atendeu no inter-comunicador não foi a senhora, foi a sua filha? trabalha aqui na cidade? trabalha em quê?"
Respondi como me apeteceu, omitindo algumas respostas e "ludribriando" outras.
Chamei a Sofia, para ver os resultados dos testes.
Depois, perguntou: "quantas pessoas vivem aqui em casa?"
Foi aqui que decidi responder como me apeteceu.
E ele comentava as minhas respostas com "pensei que fosse...então tem x filhos... E o seu marido? A senhora não trabalha em...? Acho que conheço a sua cara..."
Talvez não fosse convincente, mas acho que colou.
Quando o teste estava acabado, disse: "Eu sabia que vinha cá para me convencar a comprar o aparelho, mas eu disse a quem me ligou que se fosse para vender o produto, não queria ninguém cáem casa"
Respondeu: "E a senhora só o compra se quiser."
A conversa de vendedor era tão persuasiva que quase me fez contar as minhas responsabilidades mensais.
O gajo,que se levantara, senta-se novamente, e com o maior à vontade, como se a casa fosse sua, e eu, de pé, ouvia-o, voltei à carga:: "não, não estou interessada, cada pessoa sabe da sua vida, o senhor está a tentar ganhar a sua comissão, a fazer o seu trabalho, mas eu não quero."
E retrocava: "a senhora é que sabe, mas está a ver o resultado dos testes. Não quer ter uma vida saudável? E só paga x por mês."
Sempre com o meu "não" na ponta da língua, pega no telemóvel e liga à engenheira (pareceu-me que foi este o nome que ouvi, porque eu afastei-me, uma vez que não tinha nada que estar a ouvir a conversa dele).
Mas falava tão alto com a pessoa que estava do outro lado da linha sobre os testes e a minha recusa à compra do produto que, quando desligou, diz-me mais ou menos isto: "a minha chefe diz que a senhora não sabe o quanto está a prejudicar a sua saúde não comprando o nosso aparelho."
E pediu-me que lhe desse os contactos das minhas amigas.
Respondi: "Não sei queiram comprar um aparelho tão caro, mas também não dou contactos das minhas amigas a ninguém. " A sua empresa que o faça",acrescentei (apeteceu-me mandá-lo para o raio que o parta. Não o fiz porque não sou mal educada e ele estava fazer o seu trabalho).
E depois de mais algumas insistências, o gajo pega nas maletas, que digo já que deveriam ser bastante pesadas, e saiu.
Pois muito bem, o produto é com certeza muito bom, mas o seu preço vale cerca de 2.500 euros.
Ah! O gajo pensa que por eu ser funcionária pública ganho muito dinheiro e tenho possibilidade de adquirir o aparelho.Ora o caraças!
Então tomei uma decisão, e vou ter de a pôr em prática. Quando as meninas e os meninos que estiverem nos supermerado/hipermercado ou outro local qualquer a divulgarem/ venderem um produto e me pedirem o contacto, vou dar-lhes um número antigo que está ainda fresquinho na minha memória, e safo-me destes colas que julgam que as pessoas como eu não fazem contas à vida, que assumem os seus compromissos e tentam viver o melhor da vida, seja ela com saúde ou não.