" Roupa dos Brancos Mortos"
A reportagem que passou no Jornal da Noite da SIC, de ontem, fez-me repensar o modo como tratamos o que não usamos:
Cerca de 70% da roupa que doamos para caridade e depositamos nos contentores acaba em África. O mercado de roupa em segunda mão é antigo e pode até ser visto como sustentável. Mas a falta de qualidade da chamada fast fashion e a quantidade de roupa que consumimos criou um gigantesco problema ambiental e social.
Reconheço que em tempos comprava roupa fast fashion, que gostava, não tirava as etiquetas até decidir se vestiria a peça, e caso achasse que afinal não queria, devolvia, trocava por outra.
Ou então, se a usava naquela estação, e no ano seguinte não gostava dela, ou não tinha nada a ver comigo, dava-a.
Compro peças de boa qualidade, que duram uma vida, que vou usando conforme a vontade de vestir ou não nessa estação. Até porque fico mais esquisita à medida que os anos passam, e usar hoje o que usei em tempos, não quero, sobretudo quando a peça foi moda naquele ano e já não interessa mais.
Então, separo o que está utilizável para dar a alguém, que sei que vai usá-la, ou deixo no contentor de roupa, ou entrego no colégio que o meu sobrinho neto frequenta, e que é encaminhada para uma instituição de solidariedade..
Há dois anos que ando na onda das t-shirts, compro-as de marca, na feira, ou em lojas fast fashion que, mesmo que use só na época, sei que no ano seguinte, se não as vestir, uso-as em casa.
As que estão fracas, fico sem saber o que fazer porque acho que pô-las no contentor é deixar o velho ou rompido para as pessoas necessitadas, e isso não é correcto, mas também não tenho coragem de as pôr no lixo. Assim como o calçado em pele que estava guardado, a pensar que na época seguinte iria usá-lo, finalmente perdemos o amor por eles foram os sacos de botas e sapatos de salto alto, meus e da minha irmã, para o contentor.
Ficaram umas sandálias novas, que estão no saco de roupa que vou dar a uma jovem brasileira a quem vendi um sofá, no ano passado, e que merece tudo o que está em bom estado.
Ora, depois de ver o programa de ontem, fiquei a pensar nas t-shirts usadas que não quero pôr no lixo nem no contentor, mas que merecem ser reutilizadas.
Gasto muitos discos desmaquilhantes, que vão para o lixo depois de usados, há muito que pensara cortá-las para esse fim, mas às vezes a preguiça ultrapassa a vontade de pôr mãos-à-obra, deixava para depois.
Hoje foi o dia de pegar numa delas e cortar.
Verei o resultado, logo que as coser à mão.