Guarda-soleiro
Estou, neste momento, a ouvir o som da gaita de beiços do guarda-soleiro.
Fui espreitar à janela de onde vinha o som.
Mas não consegui vê-lo.
O som era lento, e persistente, a chamar as pessoas para darem trabalho, afiar umas facas, consertar um guarda-chuva.
Tiraria uma foto.
Ora da janela do quarto, ora da janela das traseiras, onde o som era mais nítido, não o vi. Iria na direcção da Avenida da Liberdade.
Há uns tempos, na peixaria, passou lá um guarda-soleiro, que também amola facas.
O dono da peixaria foi perguntar quanto levava para afiar as facas.
Voltou para trás, comentou com a esposa, que era muito caro, afiava ele com o afiador.
E a esposa insistia que fosse ao homem, que as facas ficavam melhor afiadas.
O marido resmungava.
E os clientes ouviam.
E assim desaparecem estas antigas profissões.
Temos tudo à mão.
Fui buscar à NET uma foto antiga.