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cantinho da casa

cantinho da casa

desafio arte e inspiração # 4

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"Enquanto conduzia, não deixava de pensar na macieza da sua pele, nos lábios sensuais, nas mãos que lhe afagavam o rosto, naquela primeira noite de amor .
Não viviam na mesma cidade, a sua profissão ocupava muito do tempo que desejara dedicar-lhe, encontravam-se assiduamente.
Lá estava ele, naquele final de tarde quente, à sua espera, sentado num banco de pedra de frente para o rio.
O desejo de o abraçar, de sentir o silêncio dos pensamentos, o bater dos corações.
Deram um beijo discreto.
Tirou os sapatos. Ele também. E, de mãos dadas, desceram atéao rio ,sentiram a temperatura fria da água.
Risos de adolescentes, abraços carinhosos, beijos quentes, atravessaram a pequena ponte que os ligava à outra margem, e, num lugar mais recatado, onde não se via ninguém por perto, iniciaram um jogo amoroso de carícias, de toques, de beijos.
Devagar, um a um , desaboatoava a camisa dele, ao mesmo tempo que trocavam beijos lânguidos. E num incontrolável desejo louco de se amarem, ele tirou-lhe a blusa cor de cereja, e deixaram-se cair na areia daquela pequena praia fluvial."

A camisa branca de cambraia tapava o corpo semi-nu de Susana que, sentada no cadeirão junto à janela da casa em frente ao mar, os seus olhos desviaram-se do livro e perderam -se no mar enquanto o pensamento levava-a para a despedida do homem que amava e que nunca mais viria a vê-lo.
Tinham sido umas férias como nunca tivera, as gargalhadas constantes, o sentido de humor dele faziam-na rir de uma forma contagiante, o mundo era deles, só existiam os dois, viviam o amor em toda a plenitude.
Depois das férias, encontravam-se ao fim de semana, ele ficava em casa dela.
E chegou o dia em que ele lhe dissera que tinha de partir, que ia trabalhar para fora do país, ia por algum tempo, que viria sempre que pudesse, que...
Fez-lhe juras de amor.
E num abraço apertado, e um beijo sôfrego, ele se despediu dela, com a promessa de que voltaria. Não olhou para trás , não viu as lágrimas que caíam do seu rosto.
Passaram cinco anos, estava com quarenta, e Filipe nunca mais lhe dera notícias.
E ela não amou outro homem.

 

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