Dia encoberto e fresco, por cá, fui ao ginásio a pé.
Por detrás de um prédio, tem uma zona de relvado que vai dar a uma escola do ensino básico, por onde corto caminho.
Hoje, mal piso o caminho, vejo um casal jovem, ambos nos vinte e poucos anos, que, encostados ao prédio, discutiam. Ela batia e dava punhos no rapaz e gritava "não, não".
Ele, de telemóvel na mão, de frente para mim, sem lhe tocar, dizia "vaza daqui, vai embora! que queres tu?"
Ela continuava a bater-lhe fortemente, até que quando passo perto deles, ele pede-me "minha senhora, ajude-me a tirá-la daqui".
Apontei o dedo para mim, fiz o gesto negativo com a cabeça e continuei o meu caminho.
Aos gritos ela reclamava com ele, mal percebia o que dizia, mas ele ouvia-se bem " vaza daqui, dou-te tudo o que temos, vai embora, vai para a tua mãe!"
Segui o meu caminho, ouviam-se gritos, mais ninguém passava por perto.
Se fossem crianças ou adolescentes, iria, de certeza, separá-los, como já fiz muitas vezes, uma verdade.
Com jovens adultos, não. Ainda levava dela.