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cantinho da casa

cantinho da casa

As mulheres que somos

Mulher empoderada é um frase que nada me diz. É uma modernice, apenas.

Somos mulheres todos os dias, no emprego, em casa, na diversão,na educação, entre amigas, na família, no ginásio ( hoje "perdi-me" numa longa conversa, a primeira vez, com uma senhora venezuelana que deve achar que eu inspiro confiança, ou talvez porque seja a única pessoa que falou com ela.Não o sei).

Partilhamos algumas pequenas histórias da nossa vida, da política actual, da imigração, da situação mundial, do futuro.E de Portugal a partir do dia 10 de Março.

Este dia, que está a ser de muita chuva e não fiz o que tencionava fazer: pôr flores nas campas dos meus familiares,  lembrei-me de escolher algumas fotografias daquelas que são as mulheres que somos: as da família e amigas mais próximas de mim.

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a minha irmã e a filha, Sofia

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as irmãs e minhas sobrinhas

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as minhas amigas mais chegadas

 

E das outras mulheres que, em casa, cultivam o seu terreno e fazem a sua profissão: vender no mercado os legumes, as  frutas, as flores.

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Estão algumas das mulheres a quem compro habitualmente.

Com elas partilho algumas coisinhas da minha alimentação; partilho os sacos de plásticos que não vão para a reciclagem, mas para as compras de mercado; como faço para congelar os legumes; ralho os preços que estão caros, e por brincadeira ( acho que não devo porque trabalhar no campo tem o seu esforço, e gastos, não são 5 ou 10 cêntimos a mais que me vão impedir de  comprar. Mas há quem o faça ); dizem-me como aproveitar os talos dos legumes, ou outras dicas, e que eu agradeço.

Para elas um merecido destaque no instagram em  @praca_mercadombraga

Feliz Dia da Mulher.

 

"Eu achava que este dia não era para mim"

Mas afinal, este dia é para mim e todas nós, mulheres.

Do blog Quadripolaridades

 

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Eu achava que este dia não era para mim. Mas é. Este dia, afinal, é para mim.
E é para mim e para todas as mulheres que, fora do meu etnocentrismo, continuam a precisar de um dia que as lembre da luta pela igualde. É para mim e para Jyoti Singhque, a rapariga de 23 anos que, na Índia, foi violada por um grupo de homens, às nove da noite, num autocarro depois de ter ido assistir à "Vida de Pi". É para mim e para as meninas que, todos os dias, na Guiné Bissau são vítimas de mutilação genital feminina à sombra de crenças e de Deuses que acreditam que não merecem sentir prazer. É para mim e para todas as mulheres que têm que usar burka. É para mim e para todas as mulheres que são vendidas como escravas sexuais neste mundo fora. É para mim e para todas as mulheres na Arábia Saudita que ainda não podem conduzir, mas que, em 2016, quando se realizarem eleições autárquicas, vão poder candidatar-se e votar. É para mim e para as mulheres da Nigéria, para quem a violência “vinda do marido com o objectivo de corrigir a sua mulher” está prevista na lei. É para mim e paras a mulheres de Madagáscar que não podem trabalhar em fábricas à noite, a não ser que estas pertençam à sua família. É para mim e para as mulheres da República Democrática do Congo, que são obrigadas a casar e a viver com os marido e a estar com eles onde quer que "o homem decida viver”, não podem assinar qualquer contrato, escolher um emprego ou ter um negócio sem a autorização do cônjuge. É para mim e para as mulheres da Tunísia e dos Emiratos Árabes Unidos que recebem apenas metade da herança em relação aos irmãos do sexo masculino. É para mim e para as suas argentinas que morrerram no Equador porque fizeram a grande afronta que foi viajar sozinhas e, ainda assim, são julgadas em praça pública ao invés dos seus criminosos. É para mim e para todas as mulheres que têm que levar com culpas por existirem e reclamarem o ser mulher. É para mim e para todas as outras mulheres que têm que levar com mulheres que desculpabilizam os homens que discriminam mulheres. É para mim e para todas as mulheres que ouvem "puseste-te a jeito", "mulher séria não tem ouvidos", "porta-te como uma senhora"! É para mim e para uma em cada 4 que, em Portugal, se encontra desempregada. É para mim e para as mulheres que em Portugal, em 2015, continuaram a sofrer uma disparidade salarial de 13% face aos homens que ocupam iguais cargos. É para mim e para as mulheres de todos os 319 homens que usam, neste momento, pulseira electrónica no âmbito de casos de violência doméstica. É para mim e para as 47 mulheres que o ano passado morreram vítimas de violência doméstica. É para mim e para as mulheres que são assediadas no local de trabalho, para as mulheres que são dispensadas dos empregos grávidas ou em licença de maternidade. É para mim e para as mulheres que têm maridos que as "ajudam" nas tarefas domésticas como se fossem actores secundários da gestão doméstica. É para mim e para as minhas antepassadas que não votaram, não trabalharam sem ser confinadas ao lar e ao trabalho de campo, que não tiveram acesso à escola, ao alfabetismo, que foram damas de companhia de pais e avós, que casaram por combinação dos pais, que nunca beijaram de língua, que fizeram filhos "sem ser por gosto", que morreram sem saber o sabor da liberdade e da igualdade.
Eu achava que este dia não era para mim. Mas é. Este dia, afinal, é, sobretudo, para mim. Para me lembrar de sair do meu etnocentismo, de perceber que a luta continua, que as desigualdades continuam e da utopia de este dia, um dia, não ser preciso para mim. Nem para mais ninguém.