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cantinho da casa

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Desafio dos lápis de cor - castanho escuro # 12

desafio "vamos pintar com palavras?"

o fim

 

Caíram lágrimas de felicidade quando do outro lado ouviu a voz de Filipe que lhe dizia que chegara a Portugal, ansioso por a ver, e por um abraço.
A noite fora agitada, estava ela, também, ansiosa por um abraço. A mente fervilhava. Como iria Filipe reagir à história que tinha para lhe contar? Passaram muitos anos, ele não se lembrava de nada, tinha a certeza... E eram muito jovens.
Combinaram que ele passasse em sua casa, o lugar tranquilo para conversarem.

Se tivesse de chorar, de rir, de gritar de felicidade, era em sua casa que Filipe iria ouvir a sua história...aliás, a histórias dos dois.

 

Quando deixou Veneza, Filipe estava decidido a regressar a Portugal. A reforma estava prestes a chegar, a casa de Milão ficaria para as férias ou para passar um mês, dois, os que lhe apetecesse.
Sofia não lhe saía da cabeça. Queria conquistar esta mulher. Tinha idade para ter juízo, "perdera-o" durante todos aqueles anos em que verdadeiramente nunca se apaixonara por uma mulher. Conquistas muitas, amor de verdade, nunca. Sentia que estava na hora de ter uma companheira, sentira que Sofia era a mulher com quem queria viver os anos que tinha pela frente. Estava feliz por tê-la encontrado.


Fez-se um silêncio entre os dois. Olhando-a nos olhos, Filipe lembrou-se, sim, dessa noite, a noite da última semana académica da sua vida de estudante.
E contou que, depois, vieram os exames. E tinha um emprego em Itália à sua espera. E viajara muito em trabalho, conhecera cidades e lugares lindos. E nunca se apaixonara por uma mulher.


E Sofia contou que casara, divorciara-se uns anos depois. Que tinha um filho que ia ser pai.

Um silêncio caiu naquele canto.

Sofia quebrou-o. Abriu uma gaveta, tirou uma fotografia e passou-a para as mãos dele.
Filipe ficou sem palavras. Olhava para Sofia, olhava para a fotografia.
O jovem da fotografia era a sua cara.
"Sim Filipe, é o teu filho. E vamos ser avós".
Com as lágrimas no olhos, ele abraçou-a.
Ela beijou-o.


Escolhera uma suite de hotel com vista para o mar. Convidara-a para jantar, queria passar a noite com ela. Quem sabe a primeira de muitas noites com ela?

 

Sofia escolheu o vestido vermelho que comprara nos saldos de uma loja de marca, guardara-o para uma festa, uma saída especial. Calçou os sapatos de salto alto,também vermelhos, que pouco usara. Maquilhou-se levemente, passou o batom vermelho. Vestiu o casaco preto comprido.
Estava linda! Sentia-se mais sensual que nunca!

 

Filipe agarrou-lhe a mão esquerda com a sua direita, enquanto que com a outra guiava o carro... Foram assim criando o clima para que, quando chegassem ao hotel, não tivessem muito mais para dizer, mas quase tudo para fazer.


Filipe deu-lhe um presente e pediu que o abrisse. Mas não à sua frente. E que voltasse ao quarto quando estivesse pronta.
Ouviu uma gargalhada do outro lado do quarto.
Quando regressou, Filipe exclamou:"magnífico!"
Sofia trazia no rosto uma máscara veneziana em tons de castanho, bege e preto, cravada de brilhantes...a máscara que ele comprara no dia em que a conheceu.
Amaram-se com paixão, mas também com alegria, brincando um com o outro, aprendendo os gostos e os sabores.
E acabaram por falar. De tudo. De nada. Deles. Da ligação tão especial que os unia: o filho.

 

 

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima

Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

Neste desafio participam,  A 3ª Face, a Marquesa de Marvila,a Ana D , a  Ana de Deus  a Ana Mestre,  a bii yue, Célia, a Charneca Em Flor, a Concha, a Cristina Aveiro, a  Fátima Bento ,a Gorduchita, a Imsilva, o  João Afonso Machado, o José da Xã, a Luísa De Sousa, a Maria, a Miss Lollipop, a Peixe Frito  .

 

 

 

Desafio dos lápis de cor - vermelho # 11

desafio "vamos pintar com palavras?"

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imagem pinterest

 

a poltrona de veludo

 

De regresso a casa, Sofia teve uma feliz notícia do filho: ia ser avó.
Nunca lhe perguntara se queria ter filhos, ele gostava de viajar para lugares inimagináveis para ela. Mas que gostava de ter netos, gostava. E de repente, a novidade! Sentia-se muito feliz! E ele sabia que podia contar com ela para tudo.
Passaram dois meses da sua visita a Veneza, Sofia esperava de Filipe, uma chamada, uma mensagem, que não chegavam. Tinha uma grande paixão pela vida e apesar de muitas adversidades que passou, nunca faltou a coragem para lutar pela vida,pelo filho que tinha para criar.
Conheceu o homem que viria a ser seu marido numa das agências do banco que trabalhava. Não o amava, sentia empatia e carinho por ele. Viveram um casamento feliz nos primeiros dois anos.
Mudara de agência, as vindas tardias para casa ao final do dia eram frequentes, o silêncio dele, as perguntas que lhe fazia, sem ober resposta, aumentavam.
E quando ele lhe disse que queria separar-se, Sofia ficou triste. Sempre fora um bom amigo e companheiro, um bom pai. E estava grata por ele ter aceite o filho dela como se fosse seu. Foi-se embora. E sempre que podia vinha visitar o filho. E quando o filho casou, ele esteve lá, ao lado dela.
Era muito jovem quando conheceu Filipe. João, seu amigo, apresentara-os. Ele olhara para ela, sorrira. Ela, mais tímida, sorrira também. Aqueles olhos castanhos escuros, o cabelo ligeiramente ondulado, a voz doce, encantaram-na. Foi paixão à primeira vista.
Era a noite da semana da queima das fitas, formou-se um grande grupo. Convivia com os colegas durante as aulas, partilhava a casa com mais três colegas, João era um deles. Ela não saía para viver a noite estudantil. A queima  fora a oportunidade de conhecer novas pessoas. Filipe era finalista, ela nem a meio do curso estava.
Uma longa noite de risos, de bebida, de canto, de dança.
E naquela fotografia do grupo, lado a lado, os dois olhavam-se, sorridentes, como se conhecessem há muito tempo, ou como se namorados fossem.
No final da noite, o corpo e a mente ferviam da bebida. Filipe levou-a para casa dele.
Nos dias que se seguiram, viram-se algumas vezes.
Dois meses depois, descobriu que estava grávida.
Os pais receberam a notícia com alguma tristeza,mas deram-lhe o apoio que precisava. Interrompeu os estudos, voltou quando os pais insistiram que acabasse o curso, que cuidavam do filho.
Foi uma grande ajuda, estava-lhes muito grata. E o filho tinha uma grande adoração pelos avós.
Soubera que Filipe saíra do país após acabar o curso. Ela nunca pensou procurá-lo.
No canto da sala, junto à janela, sentada no cadeirão vermelho de veludo, o lugar que decorara para si, o seu refúgio de leitura e da música, com o álbum de fotografias sobre as pernas, Sofia lembrava o passado.
Fechou os olhos. Adormeceu.
De repente, deu um salto.
O telemóvel tocava.

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Desafio dos lápis de cor - verde claro # 10

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imagem pinterest

 

desafio "vamos pintar com palavras?"

 gelado de menta

 

O dia tinha sido cansativo. Depois de um banho reconfortante, Sofia desceu à sala de estar do hotel, Filipe já a esperava.
Filipe convidou-a para jantar no Café Florian, o mais antigo de Veneza, dariam um passeio pela Praça de São Marcos, queria ver a noite na praça .
Falaram do dia, do que viram, da expectativa de ele voltar por mais dias.
"Visita feita a Veneza, a próxima será Toscana", comentou Sofia.
" A bela Toscana, que conheço bem, é para saborear a gastronomia, os vinhos e queijos, os piqueniques nos campos de Siena e Chianti, o Vale de Orcia, as lindas cidades de Luca, Livorno , Florença", comentou ele, sorrindo.
De mãos dadas, cada um vivendo o seu silêncio, deram um passeio pela Praça de São Marcos. 
Filipe disse-lhe que no dia seguinte saíria cedo, viajava para Pádua, ia para a festa de aniversário do amigo Luca, que não voltaria a Veneza, que seguiria para Milão. Agradeceu-lhe o dia que passaram juntos, que nunca mais ia esquecê-lo.
Viu os olhos dela marejados de lágrimas. E abraçou-a.
Confessou que há muitos anos que não ia a Portugal, que agora tinha um motivo para voltar, que iria nas férias de Natal, que queria estar com ela, que a procuraria.
Abraçou-a de novo numa despedida que nenhum deles queria, trocaram um longo beijo.
Sofia levantou-se muito cedo, não conseguia esquecer o dia anterior, e o beijo.
A sala de jantar estava vazia, ocupou um lugar numa das mesas do canto, tomou esta refeição da manhã com alguma pressa. Não queria cruzar-se com Filipe.
Dicidiu adiar o bilhete da visita ao palácio e museus da Praça de São Marcos, ficaria para o dia seguinte, não estava com disposição para ficar fechada, queria ar livre, faria a visita às ilhas Murano, Burano e Torcello.
Comprou um passeio de barco para as três ilhas. Foi-lhe dado um pequeno mapa, o dia seria passado por aqui, precisava de manter a mente ocupada.
Embora a visita fosse livre, no barco, um guia contava a história das ilhas. E ela ficava à vontade para ver o vidro na fábrica em Morano, a gastronomia de Torcello, a ilha típica de pescadores, o belo contraste das casas coloridas, os bordados de Burano, e fazer compras sem preocupação das horas.
E no regresso ao hotel, durante o percurso de barco, o pensamento revivia o passado: a sua paixão por Filipe; o casamento que julgara ser para sempre; o filho que a compensara com muito carinho e presença, o divórcio dela. E agora, onde menos esperava, reencontrara Filipe. E pela primeira vez sentiu que lhe faltava uma companhia.
Caminhava pelas ruelas de Veneza, apetecia-lhe um beijo, um abraço, muitas carícias.
De repente, o colorido das taças de gelados na montra da gelataria sorriem-lhe. E ela sorriu-lhes. E entrou.
Sentou-se numa das mesas da pequena esplanada e sentiu o doce prazer de um gelado de menta e chocolate.

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Desafio dos lápis de cor - cor amarelo # 9

 

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imagem de você viajando 

desafio "vamos pintar com palavras?"


pôr-do-sol


Num dos pontos de venda de bilhetes para os vaporettos e gôndolas, Filipe sugeriu a gôndola, usufruiriam melhor do passeio e, em tom sorridente, comentou num sussurro delicado: "quem sabe o gondoleiro cante um trecho de uma ópera para nós?"
O passeio seria dentro de uma hora, subiram a Ponte Rialto para observarem a azáfama dos barcos e das gôndolas que subiam e desciam o Grande Canal. Deram uma volta pelas ruelas, fotografaram aqueles lindos e coloridos edifícios. Filipe tirava fotografias a Sofia. Ela tirava fotografias a Filipe.
O início da tarde com a temperatura mais amena e o Sol que brilhava, o passeio de gôndola a apreciarem os belos palácios, e casas coloridas que pareciam sorrir e pedir que as fotograssem, a bela ponte da Academia, os barcos cheios de turistas que se cruzavam e os gondoleiros cumprimentavam-se, com vozes altas e sorridentes. Até que... são surpreendidos pela voz do gondoleiro que cantava "La traviata" .
Filipe puxou Sofia para si, enlaçou-a.
Um momento que durou pouco, mas inesquecível para ambos.
Desembarcaram no ancoradouro perto da Basílica di Santa Maria della Salutte.
Sofia ficou maravilhada com as estátuas dos evangelista, as escultura de Nossa Senhora com o Menino Jesus, obra de Joss Le Court, as pinturas de Tiziano, a grandiosa cúpula e escadria.
O Museu Peggy Gugengheim ficava a poucos metros dali, Filipe disse-lhe que ia gostar muito da visita.
Sofia não comentara com Filipe que o Museu não fazia parte da sua viagem a Veneza.Ele estava a ser um cavalheiro, aquele dia estava a correr tão bem.
Junto ao Grande Canal, o Palazzo Venier,comprado pela milionária e excêntrica americana Peggy Guggenheim, onde ficaria a viver até ao fim da sua vida, encantou Sofia.
O tempo passava depressa, o Museu era lindíssimo, tinha obras de arte moderna de grandes pintores e escultores do século XX, esculturas que se estendiam pelos jardins.
Filipe disse que queria mostrar-lhe uma coisa especial,  que ela não iria esquecer nunca.
Não que ele alguma vez visse, era também a sua primeira visita a Veneza, mas o amigo Luca recomendara-lhe que não perdesse, caso fosse possível.
Atravessariam para o outro lado do canal, iria gostar de ver uma das mais belas vistas de Veneza. A aragem fresca de final de dia já estava a sentir-se, o sol estava prestes a pôr-se.
Subiram as escadas da linda ponte de madeira, a Ponte da Academia.

Era o pôr-do-sol, a coisa especial.
E naquele final de dia, num misto de cores, o amarelo do sol no horizonte e as nuvens brancas e cinza que se reflectiam na água do Canal pintavam um harmonioso quadro em tons de amarelo ocre com os coloridos edifícios, faziam, sem dúvida, aquele lugar o mais bonito de Veneza.

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Desafio dos lápis de cor - cor de rosa # 8

desafio "vamos pintar com palavras?"

 

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o batom cor de rosa

 

Saboreados aqueles  deliciosos pratos, para sobremesa um gelado que dizem ser os italianos os melhores do mundo, partilharam o Coppa Conch.

Filipe quis saber se ela bebe café, e sendo afirmativa a resposta, ele explicou-lhe que o caffè, o café normal, mas mais forte do que o que se toma em Portugal, é  bastante mais caro à mesa, pelo que pagaria a conta, com o café incluído, e usando a expressão italiana "Fare lo scontrino alla cassa", no caixa teria uma ficha para o beberem ao balcão. 

Queria saber o que fazia naquela tarde, perguntou-lhe qual o percurso que tinha planeado, ela falou-lhe na Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari e no passeio de gôndola pelo Grande Canal até à Basílica di Santa Maria della Salutte, em Dorsoduro.

Filipe ficou radiante, à excepção da Basílica, que não estava no seu plano visitar, o percurso que faria era o mesmo e até Dorsoduro. Mas far-lhe-ia companhia, teria muito prazer passear de gôndola acompanhado de uma mulher bonita.
E Sofia não podia recusar esta agradável companhia, que ele não imaginava quem ela era. Chegaria a hora de contar a verdade. Não agora. Não em Itália. Mas um dia,porque agora tinha a certeza de que ele iria a Portugal procurá-la.
Antes de deixarem o restaurante, Sofia ausentou-se por uns minutos para ir à casa de banho.
Viu no grande espelho da parede o sorriso feliz e o rosto ligeiramente corado de excitação do que iria viver: um passeio de gôndola com o homem que não via há trinta anos, aquele que deixara marcas na sua vida, aquele que pensara ter perdido para sempre.
Recuperou o fôlego, respirou fundo e comentou para o espelho : " Vamos lá, Sofia. Arrasa!"
Sem mas marcasdo batom vermelho da manha, abriu a carteira pegou no batom cor de rosa, o tom mais discreto que costuma usar, passou-o pelos lábios. Com as mãos deu um jeito ao cabelo, e saiu.
Quando chegou perto de Filipe sorriu com o sorriso que ele lhe esboçou.

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Olhos - Desafio dos lápis de cor - azul-celeste # 7

 

desafio "vamos pintar com palavras?"

 

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imagem pinterest

 

olhos azuis


Nenhum dos dois sabia como começar a conversa. Cada um deles notava algum nervosismo, quando levavam o copo à boca.
"Olhares que observavam o Canal, a Ponte Rialto onde os turistas captam gôndolas com casais enamorados, sorrisos, pessoas, e, quem sabe, nós, o casal que parece acabado de se conhecer" . Assim pensava ela, enquanto esperava que fosse ele o primeiro a interromper aquele silêncio.
Ele comentava para si " Se ela é de Aveiro, certamente estudou no Porto. Ou será que era amiga de alguma das minhas namoradas, ou um daqueles casos de uma noite! Não tive uma única mulher que tivesse namorado a sério. O rosto! E os olhos, ai, os olhos! Vá, Filipe, enfrenta-a".
— Sofia, acho que o teu rosto é-me familiar, isto é, acho que te conheço , certamente da faculdade, a minha memória visual não te vê num conhecimento recente.
— Eu não estudei na tua Faculdade. Eu estudei no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. E não sou de Aveiro mas de Ílhavo. Eu reconheci-te, hoje de manhã, no hotel, quando estava a tomar o pequeno-almoço. São muitos anos passados , estamos mais velhos, somos pessoas maduras. Nunca te esqueci. Mas jamais pensei que te fosse encontrar em Veneza. Embora eu saiba que vives em Itália.
—Reconheceste-me?! Nunca me esqueceste?! Sabes que vivo em Itália?! Explica-me, por favor.
— Conhecemo-nos numa das noites da Queima das Fitas da tua Faculdade. Vai há muito tempo, tu não te lembras, certamente. Fomos apresentados por um amigo meu, e teu colega de curso. Mas é uma história para contar mais tarde, Filipe.
— Já lá vão muitos anos que deixei a Faculdade. Estou curioso. Quem foi o teu amigo que nos apresentou? Pode ser que ainda me lembre dele.
— Bom, com certeza que tiveste muitos colegas com o nome João. Era único rapaz loiro do teu curso. E era muito sardento.
— Humm! Tenho uma vaga ideia. Imagino o que terá acontecido nessa noite para te lembrares de mim. E se tu queres contar a história noutra altura, vamos, então, deixar para mais tarde o passado, porque Veneza é linda, há muito para ver e sentir, acho que podemos viver este presente, este momento, os dois.
E se me permites fazer-te um elogio, e com todo o respeito, esses teus olhos azuis cor do céu, da harmonia, da paz, mas também de melancolia, fazem de ti uma mulher bonita.
Brindemos a este encontro e a este dia, Sofia.

 

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uma bebida - Desafio dos lápis de cor - laranja # 6

desafio "vamos pintar com palavras?"

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imagem pinterest

Garibaldi

Sofia ficou estática a olhar Filipe, que sorria. Os óculos de sol caem no chão. Ambos fazem o gesto para os apanhar, ele toca a mão dela, ela levanta os olhos, e da boca trémula diz:
— Obrigada.
Estupefacto, ele perguntou:
— Portuguesa?!
— Sim. De Aveiro.
— De Aveiro?! Prazer, sou Filipe Simões. Sou do Porto.
— Sofia Martins. Prazer, senhor Filipe ...
— Senhor, não. Trata-me por tu, por favor.
Sofia sorriu, não queria quebrar o seu estado de encantamento, pelo menos agora. Tantos anos sem o ver havia de ser na cidade menos provável, pois sabia que Filipe vivia em Milão.
— Presumo que estás sozinha em Veneza. Eu também estou. Aceitas almoçar comigo? Estamos perto do Mercado Rialto, há restaurantes com vista para o Canal.
— Na verdade estava de saída para almoçar algo leve. Sim, aceito.
Saíram da Libraria.
Filipe achava que conhecia aquele rosto, mas de onde? Seria do tempo da faculdade? Ainda bem que ela aceitou almoçarem juntos. Aquela mulher madura atraía-o, precisava de saber algo mais sobre ela. 
Caminharam em direcção à Ponte. Nenhum deles conhecia Veneza, nem sequer os restaurantes onde pudessem comer algo ligeiro.
Apesar de as esplanadas estarem cheias não havia confusão de turistas, pelo menos àquela hora, pensava Sofia. Ele viu uma mesa vaga num canto de um restaurante que lhes pareceu ser simpático e sossegado.
O serviço estava demorado, avisara o empregado quando trouxe a lista.
Ela escolheu Tagliateli Carbonara, ele o Gnocchi com Pato.
E para relaxar do que viria a seguir, enquanto esperavam pela refeição, ela pediu um sumo natural de laranja, fresco.
Ele pediu um GARIBALDI.

 

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