saio para ir às compras,ou para ir ver o meu sobrinho neto, que vive a poucos metros de minha casa, percebo, nestes pequenos percursos, que muitas pessoas arranjam pretexto para sair de casa,.
pois hoje, queria ir ao mercado municipal, que ainda funciona provisoriamente perto da Câmara Municipal, estava indecisa, ainda não me sinto à vontade para enfrentar as pessoas. e não fui.
depois, pensei ir ao cemitério, a pé, mas com o vai, não vai ao mercado, já não era muito cedo, e tendo em vista que o horário do cemitério, com esta situação do coronavírus, fecha às 12h30, tinha de me despachar, resolvi ir de carro .
comprei flores, não havia círios, não tinha troco para pagar, assim como a florista também estava sem moedas, fui ver o que tinha, faltavam cinquenta cêntimos, deixei as moedas todas, e sendo cliente há anos, " paga para a próxima" disse.
saía do cemitério, em direcção ao meu carro, estava perto deste um homem, que supus ser imigrante de leste, que mandava umas bocas às mulheres que passavam, tipo" boa mulher!". não dei importância. mas quando me aproximei para pôr as coisas na mala, diz ele: "há muitas mulheres boas por aqui".
continuei na minha, e quando abri porta, diz ele" dê-me alguma coisa"
respondi que não tinha moedas,insistiu, disse-lhe que não tinha nada, que ficara a dever dinheiro na florista. ele deixou-me em paz.
mas neste entretanto, fui absorvida por uma voz feminina que falava muito alto, dizia palavrões, insultando quem estava com ela.
como é óbvio, a tendência é para olhar para a pessoa. a mulher estava acompanhada de dois homens, saíam do cemitério, os palavrões eram dirigidos ao homem mais novo. este, mais à frente. parecia querer fugir,com vergonha, dos olhares de quem a observava.
pelo teor da conversa, presumi que algum familiar teria falecido, falariam de interesse/ herança?, porque ela dizia, com palavrões pelo meio, que ele só queria dinheiro, e ele resmungava com ela, que não. e ela dominava a conversa com insultos.
esta gente parecia ser pessoas de classe média baixa ( com um bom carro), mas a linguagem dela deixou muito a desejar, não só porque estava na rua e havia pessoas por perto, mas sobretudo porque estava a sair de um lugar sagrado, de culto, de respeito.
e eu não atino com estas discussões nestes lugares.
no percurso para casa, verifiquei que são muitas, mas muitas, as pessoas que andam na rua como se o coronavírus fosse algo que acontecesse lá longe... algumas com máscaras, outras não.
e eu continuo em casa. mas tenciono ir ver o meu sobrinho neto que esteve com os primos, na praia, chegou hoje de manhã.