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cantinho da casa

cantinho da casa

uma rosa

Fui ao cemitério.

Antes, fui tomar café.

De repente, lembrei-me que esquecera de pôr dinheiro na carteira.

Fui ver os trocos no porta-moedas.

Tinha 2,59€, chegava para o café e comprar os três círios para as campas dos meus familiares.

Depois de tomar o café, deixei-me estar sossegada num canto a ler alguns blogs.

Fui pagar o café, dei 1€, tive troco de 0,20€. O café está mais caro 0,10€.

Os círios custam 0,60€ cada, pelo que faltava 0,01€  para os pagar.

Sou cliente da florista há muitos anos, ela sempre me pôs à vontade para me servir do que quiser e se não tiver dinheiro, pago depois.

Quando cheguei lá, a jovem mulher, que tem um namorado cigano e está sempre com ela a vender enquanto ela faz arranjos, chamou-o para me atender.

De imediato disse que queria três círios, mas faltava 0,01€, que me esquecera do dinheiro.

Ela perguntou se eu precisava, que me emprestava.

Agradeci, e respondi que não.

Ele pegou nos círios, meteu-os num saco de plástico, e estendeu o braço para um vaso com rosas, tirou uma e ofereceu-ma.

"Oh! Obrigada!", disse eu.

Entreguei o dinheiro contando as moedas todas e comentei com ela, a jovem mulher, " fico a dever um cêntimo e ainda levo uma rosa. Muito obrigada".

O cigano tem uns olhos azuis lindíssimos.

Ele fala muito pouco, parece ser muito tímido.

Também me parece ser educado.

A jovem mulher  deixou-me triste quando, há algumas semanas, ouvi ela mandar a mãe calar-se e tratar de trabalhar, estava lá para isso.

E a loja é da mãe.

Soube que estavam zangadas (foi a mãe que me contou), e andavam em tribunal.

O que o tribunal decidiu, não sei. Provavelmente, a filha  teve que a aceitar, mas quem orienta o negócio é ela.

Esta tem dias que é uma simpatia, outros que não fala para ninguém.

Pensei em mudar de florista mas decidi continuar, uma vez que sempre confiei em mãe e filha.

Mas não gostei nada do que vi e ouvi.

Hoje, a mãe não estava.

O cigano foi um amor, ela foi simpática, e eu tive uma rosa que coloquei na lápide da minha irmã.

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Os idosos

A propósito desta notícia , ontem de manhã, fui ao mercado municipal, onde nos passeios circundantes há uma mini feira(os venderores de origem cigana, são em maioria) com artigos de grande utilidade a bom preço.

Fui descendo o passeio onde costuma haver o que me interessa comprar: camisolas e malhas polares.

Parei numa bancada com malhas polares de variadas cores. Perguntei o preço: 10 euros.

Aproveitei (tinha comprado este por 19,99 euros) e comprei o único M da cor que mais gostei.

Continuei a minha procura nalguma pechincha interessante (não compro só porque é pechincha) e encontrei. Uma cigana apregoava: " hoje é tudo a 2 euros". Uma montanha de camisolas de várias  marcas ali à mão das carteiras prontas a deixar alguns euros.

Peguei, pousei, vi, revi. Acabei por trazer uma 100% Pura Lã Virgem.

Enquanto mexericava o fundo da bancada, ouvi uma voz débil perguntar quanto custava ...

Olhei e vi um senhor idoso com uma camisola que me pareceu ser um boa malha, grossa e quentinha.

O jovem cigano respondeu-lhe: "2 euros".

Continuei a minha pesquisa,  até que ouvi o cigano: "não precisa de me dar uma nota destas, dê-me a outra mais pequena".

Voltei a obsevar o idoso. Um porta moedas mostrava várias notas de 5, 10 e 20 euros dobradas. O idoso tregara-lhe 10 euros.

Como este teria de lhe dar 8 euros, pediu-lhe uma de 5.

O senhor não estava a entender e mostrava as notas que tinha.

Meti-me no assunto; peguei na nota de 10 euros que o cigano estendia, dei-a ao senhor, tirei uma de 5 euros, entreguei-a ao cigano, este deu-me o troco mostrei ao idoso e meti-o no porta moedas.

Depois disto comentei:" o senhor não devia trazer esse dinheiro, ou então, tenha cuidado com o que tira da carteira. Vá guarde essas notas, guarde o porta moedas."

O idoso não dizia nada. Olhava-me. Guardou as notas e levou a carteira ao bolso de trás das calças.

Pedi: "Vá, guarde-o bem e feche o botão do bolso.Tenha cuidado. Não mostre o dinheiro que tem. Vá sossegado."

Voltei-me e vejo as pessoas paradas observavam a cena.

Tenho tanta pena destes idosos que não têm a noção do dinheiro, dão o que têm, confiam em quem vende.

Lembrou-me meu pai que  tinha esses mesmo gestos (e eu ralhava com ele porque tinha uma boa quantidade de "amigos" oportunistas que se aproveitavem dele) porque o dinheiro não era importante, de todo ( saí a ele).