foram quatro os chicos-espertos
e esta cena é para contar com pormenor.
Ontem, foi um dia não no que se refere a trânsito.
Estamos na semana académica, o dia foi do desfile do Enterro da Gata e se o trânsito nesta zona onde vivo é complicado, pois conta com quatro escolas, imagine-se a confusão que esteve neste final de tarde.
Portugal é o país dos chicos-espertos, e hoje tive o azar de apanhar quatro deles.
o primeiro:
subia a rua 25 de Abril, vejo alguém aproximar-se, era um amigo do meu irmão mais novo, perguntou-me de quem era o bebé, caminhávamos à medida que conversávamos até que na curva que dá acesso à minha rua vemos um chico-esperto, que tinha idade para ter juízo, andaria nos 70, faz marcha atrás, sobe a rampa de uma garagem do prédio e estaciona o carro em cima do passeio, ao lado do portão dessa garagem.
Aproximamo-nos, o carrinho de bebé não passava, tinhamos de descer o passeio e seguir pelo meio da rua.
Meu protesto: " Então, isto é assim?! O senhor estaciona em cima do passeio, não vê que os peões não podem passar?"
Ao mesmo tempo que o chamo à atenção, o amigo do meu irmão de um lado, eu do outro, pegamos no carrinho, e diz este: " O passeio é seu? Como é? Temos de pegar no carrinho e descer o passeio, é?"
E responde chico-esperto ohlando o espaço entre o carro e o muro: " Ai, não consegue passar?"
"Claro que não! O senhor não vê que ninguém consegue passar? Temos aqui um bebé. Além de que é um passeio não pode estacionar aqui", respondi.
Resposta dele: "Desculpe".
Deixou o carro no passeio, e desapareceu.
Uns minutos depois a minha sobrinha chegou, pega no filho, comento o que se passou ( o carro continuava lá).
Pensando que seria de alguém de um escritório que há neste prédio, a minha sobrinha foi perguntar e pedir que tirasse o carro do passeio.
Mas não. Não era de ninguém dali.
E tirei um fotografia.
o segundo
a caminho do Hospital Braga Centro, a poucos metros daqui, deparámos com um carro em cima do passeio, não deixou espaço suficiente para o peão passar.
Perguntamos na clínica dentária se seria de algum utente,não era de ninguém, resolveu a minha sobrinha deixar um aviso.
Não tinhamos papel onde escrever, ela repara num senhor que está dentro do carro (devidamente estacionado) foi ter com ele, perguntou se tinha papel e caneta.
Tinha.
E escreveu este aviso.
E tirei mais uma fotografia.
Copiei o texto no sentido de voltar a trás e pôr no pára-brisas do primeiro carro mas quando cheguei já não estava.
Safou-se.
o terceiro
Saía eu do hospital privado, ia dar um passeio com o bebé enquanto a mãe ia à consulta, desço a rua, o trânsito era intenso, ninguém andava.
Do estacionamento do hospital, em cima da passadeira, estava um carro azul, o condutor queria infrigir a regra de trânsito, seguir pela rua com sentido proibido.
Aproximando-me do carro, e tive de me meter à frente porque a passadeira estava ocupada por ele e atrás tinha outro carro, comentei que não podia ir por aquela rua porque tem o sinal de sentido proibido, ao mesmo tempo que apontava para o sinal.
Ele olhou para mim, eu repito que não pode infringir o sinal, respondeu-me ele:
" Mas eu quero ir por ali porque se não estou fodido".
Ao mesmo tempo que o diz, eu sorrio.
E ele reconheceu-me.
Segui o meu caminho e uns poucos metros percorridos, olhei para trás. Alguém lhe teria dado lugar, meteu-se na fila. Não infrigira a regra.
Imagino a cara dele quando percebeu que era eu, a utente que tinha estado com ele há cerca de dois meses no centro de saúde ecom quem tinha recordado algumas passagens do passado, aqui na rua.
O senhor doutor por quem eu até tinha alguma consideração e porque o conheço desde a adolescência estalou, naquele momentou, o verniz.
o quarto
Fui dar um passeio pelo centro da cidade, quando regressei, exactamente no mesmo passeio onde estacionara o primeiro carro, entre a parede do prédio e a árvore, estava um carrinha estacionada, mas este chico-esperto, estacionou de modo a que os transeuntes passassem. E o carrinho de bebé passou, também.
Esperava a minha sobrinha, junto ao carro, queria ver quem era ele, ou ela, o dono(a) da viatura.
Quando tal, vejo um casal meia idade, aproximar-se da viatura. O chico-esperto entrou no carro, ela também.
Eu não disse nada. Mas no momento que entravam para o carro, fotografei-o.
O meu sobrinho, condutor e ciclista, sempre atento aos chicos-espertos desta cidade, vai fazer o obséquio de publicar aqui.
Há uns meses, estava prestes a começar a aula de Pilates, alguém falou sobre estacionamentos e a má educação dos cidadãos desta cidade.
A professora, natural de Lisboa, a viver cá há alguns anos, disse exactamente o mesmo que diz a minha sobrinha que viveu em Lisboa 9 anos: Em Lisboa não se vê disto a polícia anda atenta. Cá em Braga o pessoal não respeita ninguém.
Faço minhas as suas palavras, agora que estou mais atenta às infracções e condução: não há piscas nos carros, não dão prioridade a quem a tem, estacionam os carros em segunda fila, em frente às garagens, junto aos contentores do lixo e/ou reciclagem, é a lei da selva, por cá, e se alguém reclama manda o outro para o c@*@*&#.