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cantinho da casa

cantinho da casa

um dia de verão

26°, fui de manhã cedo para o cemitério lavar as três campas dos familiares.

Umas dão mais trabalho que outras, e a verdade é que há anos que faço este trabalho, mas o corpo dá sinal e já não há fôlego para isto.

Não fosse o treino, dificilmente as lavaria.

A temperatura que estava, fez-me tirar a sweat de algodão.

Duas horas depois, regressei a casa.

Se em vez de deitar água de cada vez que lá vou pôr flores, levasse detergente e um pano ou vassoura para lavar, nesta altura  não tinha tanto trabalho.

Está feito.

Flores encomendadas, quinta-feira vou lá pôr e acender os círios.

Não vou ao cemitério no dia 1.

Está um belo dia de sol, não  vou cozinhar, decidi almoçar fora.

E porque eu mereço.

 

 

 

 

 

uma árvore

Apesar do vento fresco, o sol convida a sair à rua.

De manhã, fui à feira semanal.

Vi um conjunto de fitness, Kenzo, os tamanhos eram grandes, o feirante disse-me que na próxima semana traz o tamanho mais pequeno para mim.

Fiquei com o número de telefone para ele para mandar fotos de t-shirts, que raramente  consegue ter para adultos, e que eu possa gostar.

Fui a outras tendas habituais, não tinha nada de novo que me levasse a comprar.

Depois do almoço, decidi ir ao cemitério, a pé.

Sempre pelo sol, a meio do caminho reparei no portão do Seminário. 

Passo por lá imensas vezes e sempre o vi fechado.

Hoje, estava aberto.

E parei.

Uma pequena árvore captou a minha atenção.

A propriedade é privada, pensei que não ia fazer nada demais, não resisti a pegar no telemóvel e tirar uma fotografia.

Só dei um passo.

É, com certeza um portão automático, o meu receio era que, de repente, fechasse.

Não imagino que árvore ou arbusto será, mas que tem uma cor linda, tem.

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E segui o meu caminho.

 

 

 

"Dê-me uma moeda"

Há cerca de um mês que não ia ao cemitério, doía-me  a alma só de pensar que ninguém lá vai e as flores estariam miseráveis.

Ontem, fui ao mercado municipal, comprei flores, preparei os ramos para  pôr nas urnas.

E hoje podia chover a cântaros, nada me impediria de lá ir.

Passava das 11h, e depois de ter ido fazer exames de sangue, deixou de chover, o cemitério fecha à hora do almoço, tinha 1h30 para lavar duas campas e pôr as flores.

Meti-me no carro, balde e vassoura, detergente, e lá fui.

Tenho uma capa comprida que uso quando lá vou nestes dias de muita chuva, que comprei há mais de 25 anos, em Espanha.

Ainda bem que fui de manhã, tive a sorte de não ter chovido enquanto lá  estive, porque desde a hora do almoço que não pára de chover.

Ora, quando estava a estacionar, surge-me, à frente do carro, um homem que, de vez em quando, anda por lá a pedir a moeda.

Já tinha reparado que ele é mal educado e insulta as pessoas se não lhe dão dinheiro, mas também  sei que ele terá algum problema psíquico, e que as pessoas dão-lhe a moeda, ou não lhe dão importância.

Quando abri a porta para sair do carro, com uns modos rudes, diz-me ele: " Dê-me uma moeda"

Respondi que não trazia dinheiro, que lhe daria na próxima vez que fosse, ao que ele reagiu com gestos rudes: " Olha que  p*&#@! Sei lá bem quando vem! Olha-me esta p*&#@!" 

E, por breves segundos, fiquei estática a olhar para ele, que continuava com os insultos.

Mais atrás estava outro pedinte, que não dizia nada.

Peguei no balde, na vassoura e nas flores, que por acaso pus junto ao banco de trás, e para não levar a carteira comigo, pusera-a na mala do carro, antes de sair de casa. O telemóvel levava-o no bolso das calças. E fechei o carro e segui para o cemitério.

Enquanto limpava as campas, pensava se realmente teria fechado o carro. Se ele tivesse percebido que não, enfim, eu já não sabia o que tinha feito, podia abrir e levar a carteira.

Quando saí, vejo os dois homens, o primeiro olhou-me, sem dizer nada, o segundo continuava calado, mas reparei que tem um tique nas mãos que me fez deduzir que deve haver naquela cabeça um problema grave.

Antes de abrir a porta com o comando, aproximei-me e vi que fechara o carro.

Voltei a pôr tudo junto ao banco de trás, mas não abri a mala para que eles não a vissem cheia e com a carteira.

Segunda-feria, volto lá para pôr círios.

Vou levar moedas para não ter de ouvir os insultos, que me chocaram, e porque com este tipo de homem não vale a pena dizer não.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"fui entrevistada"

Estava a acender um círio na campa dos meus avós paternos, onde está também sepultado o meu irmão mais velho, quando quatro jovens, um rapaz preto, e três raparigas, estas vestidas com blaser preto, mais me pareceram que tinham ido a um funeral e precisavam de alguma coisa, e que os vira a falarem entre si, aproximarem-se e, timidamente, perguntarem-me se podiam falar comigo.

Falavam tão baixo que mal percebi o que disseram.

Apresentaram-se como estudantes de Relações Públicas da UM, e tinham de fazer um pequeno inquérito, e o lugar era no Cemitério.

Perguntei se iam gravar, a mais desinibida disse-me que iam tirar alguns apontamentos. Era o rapaz que apontava.

Então o que tinha de dizer:

-a idade

- quem estava ali sepultado

-alguma história que quisesse contar sobre algum deles

Elas tinham o telemóvel na mão, pareceu-me que uma delas estava a gravar,mas tambérm não me importei, não era nada demais.

Disse que ali estavam o meu irmão e os meus avós paternos, e noutra secção estavam a minha irmã e os meus pais.

A história que contei, foi que, e apontando para a fotografia do meu irmão, ele foi  um homem simpático e com sentido de humor bastante grande, que  fora tropa e estivera na Guiné uns anos antes do 25de abril de 1974. Que trabalhou na empresa da família.

Perguntaram qual o nome da empresa, respondi que podia ver na lápide dos meus avós a alcunha que tinha "ONÇA". 

Que a minha avó era uma boa mulher, gostava de ter os netos perto dela.

Que dava uma mesada aos netos, enquanto que às netas sentava-as ouvirem contar as histórias dela enquanto lhes dava o lanche.

Resumidamente, foi isto, perguntei se queriam saber mais alguma  coisa.

Disseram que gostaram muito de ouvir, que estavam muito gratos por ter colaborado.

Eu comentei que tive muito gosto em ajudá-los neste pequena entrevista, que lhes desajava muita sorte, e que fossem felizes.

Quando fui à campa dos meus pais e da minha irmã, estava mais um grupo a "entrevistar" um homem, jovem, muito bem parecido.

Quando regressava para sair do cemitérios, um grupo de três rapazes acabavam de entrvistar uma senhora, aproximaram-se de mim e eu comentei que já tinha sido entrevistada pelos colegas.

Com o sorriso nos rostos, agradeceram-me a ajuda.

Pareceu-me que os três grupos que vi, foram bem sucedidos .

 

 

uma rosa

Fui ao cemitério.

Antes, fui tomar café.

De repente, lembrei-me que esquecera de pôr dinheiro na carteira.

Fui ver os trocos no porta-moedas.

Tinha 2,59€, chegava para o café e comprar os três círios para as campas dos meus familiares.

Depois de tomar o café, deixei-me estar sossegada num canto a ler alguns blogs.

Fui pagar o café, dei 1€, tive troco de 0,20€. O café está mais caro 0,10€.

Os círios custam 0,60€ cada, pelo que faltava 0,01€  para os pagar.

Sou cliente da florista há muitos anos, ela sempre me pôs à vontade para me servir do que quiser e se não tiver dinheiro, pago depois.

Quando cheguei lá, a jovem mulher, que tem um namorado cigano e está sempre com ela a vender enquanto ela faz arranjos, chamou-o para me atender.

De imediato disse que queria três círios, mas faltava 0,01€, que me esquecera do dinheiro.

Ela perguntou se eu precisava, que me emprestava.

Agradeci, e respondi que não.

Ele pegou nos círios, meteu-os num saco de plástico, e estendeu o braço para um vaso com rosas, tirou uma e ofereceu-ma.

"Oh! Obrigada!", disse eu.

Entreguei o dinheiro contando as moedas todas e comentei com ela, a jovem mulher, " fico a dever um cêntimo e ainda levo uma rosa. Muito obrigada".

O cigano tem uns olhos azuis lindíssimos.

Ele fala muito pouco, parece ser muito tímido.

Também me parece ser educado.

A jovem mulher  deixou-me triste quando, há algumas semanas, ouvi ela mandar a mãe calar-se e tratar de trabalhar, estava lá para isso.

E a loja é da mãe.

Soube que estavam zangadas (foi a mãe que me contou), e andavam em tribunal.

O que o tribunal decidiu, não sei. Provavelmente, a filha  teve que a aceitar, mas quem orienta o negócio é ela.

Esta tem dias que é uma simpatia, outros que não fala para ninguém.

Pensei em mudar de florista mas decidi continuar, uma vez que sempre confiei em mãe e filha.

Mas não gostei nada do que vi e ouvi.

Hoje, a mãe não estava.

O cigano foi um amor, ela foi simpática, e eu tive uma rosa que coloquei na lápide da minha irmã.

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coisas do meu dia

em Janeiro, já se previa o confinamento, fora ao cemitério pôr flores decorativas, não plásticas,que tinha em casa.

ontem, com o primeiro dia do desconfinamento para as creches e escola do 1º ciclo, pensei que talvez o cemitério estivesse aberto, fui ver ao google, e sim,confirmava.

quando lá cheguei, as flores estavam intactas, não desbotara a cor

mas este post é para contar o seguinte:

estava na campa dos meus avós, mais à frente, umas mulheres de etnia cigana limpavam a campa dos seus familiares, comentavam que o cemitério não devia ter fechado, e tal.

estava eu a encher o balde com água, reparei que as duas mais velhas estavam à procura de alguma coisa no caixote do lixo.

ouvi-as comentar qualquer coisa, mas  não liguei.

 voltararam à campa, até que a mais velha  diz-me que a neta perdera o telemóvel e que teria sido ali pela beira da torneira, assim como dez euros que ela os vira e apanhara, mas o telemóvel não.

eu comentei que se alguém levasse o telemóvel também levava o dinheiro, que procurasse melhor ou que perguntasse  se ela teria deixadoi o telemóvel em casa ou no carro.

ela respondeu que a neta tinha a certeza que o trouxera, e comentou que ela viera de táxi.

decidi ajudar a mulher perguntei se sabia o número de cor que ligava, talvez o taxista desse pelo telemóvel e atendesse.

mas ninguém atendeu

ela agradeceu, desejou-me muita saúde, e foi para junto dos familiares.

de repente, ela aproximou-se e pediu-me se lhe fazia um favor

resposta afirmativa minha, pediu-me  que fizesse uma chamada, que a pagava

deu-me um número, alguém atendeu, pergunto se era para falar com ela

respondeu que sim, passei-lhe o telemóvel para a mão.

falou algo que não percebi nada, não demorou mais de trinta segundos, entregou-me o telemóvel e agradeceu.

fui às outras campas dos meus familiares e ,quando estava de saída, passei perto,vi -a e perguntei se sabia alguma coisa do telemóvel.

respondeu-me:"o telemóvel apareceu, está na florista".

dei o bom.dia e saí.

na ida à campa dosmeus familiares, e para prevenção, guardei os dois números para onde ela tinha ligado:
1º "cigana do cemitério que perdeu o telemóvel

2º  " chamada  que a cigana fez"

e porque guardei estes números?
porque se me ligassem,sabia com quem estava a falar.

apagá-los-ei mais para a frente.

 

 

 

 

as filas não são só para o supermercado

... infelizmente por nossa  culpa..

Em Março,quando o pai da minha amiga M faleceu ( doença não covid), o panorama na entrada do cemitério era este:

A minha homenagem foi o meu silêncio dentro do carro.

Depois do cortejo fúnebre passar o portão do cemitério, foi fechado.

Quatro homens estavam cá fora com máscaras nas mãos, presumi que haveria outro funeral.

E nesse curto espaço de tempo que estive no carro,chegaram quatro carros fúnebres. Esperavam a sua vez para entrar.

Um entrou, sem ninguém para a cerimónia,os outros ficaram à espera.

Só quando saíu o grupo do funeral do pai da minha amiga, entraram os outros carros, em que estavam apenas duas pessoas a acompanhar.

E foi então percebi e senti a dor das imagens que vira nas notícias ( deixei de ver) dos funerais  das vítimas do Coronavírus.

Dez meses depois, o panorama é este:

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(imagem que fui buscar ao blog do último)

 

 

 

de novo na caixa do supermercado

Na próxima semana, o cemitério de Braga vai limitar o número (250) de pessoas que vão limpar  as campas dos seus familiares.

Ora pensando  eu que já na próxima semana vai haver um número substancial de pessoas que vão querer antecipadamente fazer esse  trabalho, decidida a ir na segunda de manhã cedo, pensei melhor, e fui hoje.

Ontem, no supermercado, tinha visto uns vasos com flores, que aguentam a semana e os Santos, lembrei-me de comprar dois e deixá-los hoje.

Além dos vasos, escondido no meio dos ramos de flores estava um de pequenas margaridas brancas. Adorei as flores, trouxe-o.

Fui para a caixa fazer o pagamento ( a funcionária não me deixou colocar as coisas no tapete sem antes o desinfectar, gesto que raramente vejo nos outros supermercados e mesmo no hipermercado) estava a tirar o cartão, pergunta-me: "

- Não quer comprar uma lotaria de Natal?

Fiquei a olhar para ela e comentei:

- Então também vendem lotaria? Eu até costumo comprar,mas ainda não me tinha lembrado que estivesse já à venda.

Está bem, levo uma.

E a funcionária ficou contente por vender a cautela. E depois de lhe dizer que a factura é digital, diz-me:

- Não queira digital. Leve em papel porque se lhe sair alguma coisa, tem a prova de que comprou aqui.

E é isto.

Agora até no supermercado se vende lotaria.

Quando tal, chegam as raspadinhas.

Fui ao cemitério, lavei as campas, pus os vasos com as flores, as margaridas na jarreira.

Os vasos de plástico eram fracos, passei numa loja de plantas ( vira uns modelos giros e baratos, a semana passada, quando comprei uns vazinhos de amores para nos vasos da varanda), comprei dois em preto.

Depois do almoço,voltei ao cemitério.

Isto para vos dizer que, quer de manhã, quer de tarde, muitas pessoas fizeram o mesmo que eu.

Foram lá hoje.

E encontrei a minha amiga N.

 

continuo por casa

saio para ir às compras,ou para ir ver o meu sobrinho neto, que vive a  poucos metros de minha casa, percebo, nestes pequenos percursos, que  muitas pessoas arranjam pretexto para sair de casa,. 

pois hoje, queria ir ao mercado municipal, que ainda funciona provisoriamente perto da Câmara Municipal, estava indecisa, ainda não me sinto à vontade para enfrentar as pessoas. e não fui.

depois, pensei ir ao cemitério, a pé, mas com o vai, não vai ao mercado, já não era muito cedo, e tendo em vista que o horário do cemitério, com esta situação do coronavírus, fecha às 12h30, tinha de me despachar, resolvi ir de carro .

comprei flores, não havia círios, não tinha troco para pagar,  assim como a florista também estava sem moedas, fui  ver o que tinha, faltavam cinquenta cêntimos, deixei as moedas todas, e sendo cliente há anos, " paga para a próxima" disse.

saía do cemitério, em direcção ao meu carro, estava perto deste um homem, que supus ser imigrante de leste,  que mandava umas bocas às mulheres que passavam, tipo" boa mulher!". não dei importância. mas quando me aproximei para pôr as coisas na mala, diz ele:  "há muitas mulheres boas por aqui".

continuei na minha, e quando abri porta, diz ele" dê-me alguma coisa"

respondi que não tinha moedas,insistiu, disse-lhe que não tinha nada, que ficara a dever dinheiro na florista. ele deixou-me em paz.

mas neste entretanto, fui absorvida por uma voz feminina que falava muito alto, dizia palavrões, insultando quem estava com ela.

como é óbvio, a tendência é para olhar para a pessoa. a mulher estava acompanhada de dois homens, saíam do cemitério, os palavrões eram dirigidos ao homem mais novo. este, mais à frente. parecia querer fugir,com vergonha, dos olhares de quem a observava. 

pelo teor da conversa, presumi que algum familiar teria falecido, falariam de interesse/ herança?, porque ela dizia, com palavrões pelo meio, que ele só queria dinheiro, e ele resmungava com ela, que não. e ela dominava a conversa com insultos.

esta gente parecia ser pessoas de classe média baixa ( com um bom carro), mas a linguagem dela deixou muito a desejar, não só porque estava na rua e havia pessoas por perto, mas sobretudo porque estava a sair de um lugar sagrado, de culto, de respeito.

e eu não atino com estas discussões nestes lugares.

no percurso para casa, verifiquei que são muitas, mas muitas, as pessoas que andam na rua como se o coronavírus fosse algo que acontecesse lá longe... algumas com máscaras, outras não.

e eu continuo em casa. mas tenciono ir ver o meu sobrinho neto que esteve com os primos, na praia, chegou hoje de manhã.

 

 

 

 

no cemitério

Não chovia quando saí de casa para ir ao cemitério fazer aquelas limpezas mais profundas às campas dos meus familiares.

No cemitério há armários em todos os sectores, com regadores azuis e vassouras para as pessoas servirem-se e colocá-los no lugar depois de os usarem, o que faço  sempre que lá vou.

Ora,  hoje, calculei que estariam muitas pessoas nas limpezas, levei um balde azul e uma vassoura. 

Lavada a dos meus avós ( onde está o meu irmão mais velho, muito querido que foi deles) fui para a dos meus pais e irmã mais velha.

Numa das vezes que fui buscar água, estavam duas senhoras junto à torneira, apontando para o meu balde diz-me uma delas:

- Dê-me esse.

Respondi que era meu e que no cemitério não há baldes, mas regadores, e que estava a precisar dele.

- Ah, tem razão.

Uns minutos depois, estava eu a lavar a campa, aproximam-se uma mãe e filha, páram na campa em frente e diz a mãe para mim, tratando-me por tu:

- Olha, quando acabares dá-me esse balde.

Fiquei parva a olhar para as duas, primeiro porque me tratou por tu e não a conheço, nem ela a mim, tanto quanto eu saiba, de lado nenhum, e porque também ela sabe que no cemitério há regadores e não baldes.

Respondi  que o balde era meu, que se quisesse dava-lhe a vassoura porque tenho várias na garagem, que estava a acabar a limpeza e ia embora, não podia deixar-lhe o balde.

- Ah, desculpa. Vou ver se encontro alguém que me empreste um regador.

Voltei à torneira, enchi o balde, reparei que no armário tinha um regador.

Peguei nele e levei-o para ela.

Numas campas mais à frente, na tentativa de que alguém lhe passasse o regador,  e tratando-a por "senhora", disse-lhe que tinha um para ela e que deixava a vassoura.

Agradeceu e comentou comigo, agora retribuindo a forma de tratamentoque a campa está escura, que mandara aplicar um verniz para proteger da humidade, mas não resultara.

Não suporto esta forma de tratamento de  "tu" que a sociedade  moderna usa como se todos fossemos familiares, colegas, amigos (as).

Sou uma pessoa simples e informal, mas por incrível que pareça, tenho amigas e colegas de trabalho mais jovens que não consigo tratá-las por " tu".

E nada tem a ver com  idade.