foi um dia e tanto
Quinta-feira, depois da cena do jovem "o ruivo", já na descida da rua 31 de Janeiro, o telemóvel tocou.
Era a minha amiga M a responder-me à SMS que enviara (em conversa, no café, no dia anterior, dissera-me que tinha intenção de ir ao Bom Jesus do Monte, no dia seguinte, supus que iria sozinha).
Estava um dia muito agradável, depois desta caminhada, e porque há muito tempo que não vou ao Bom Jesus a pé, far-lhe-ia companhia se ela assim o entendesse.
Os filhos fora de casa, era o dia ideal. Ia, sim, sozinha. Eu sentia-me com forças para mais uns quilómetros, ofereci-me para fazer companhia, combinamos sair por volta do meio-dia.
Pés a caminho, rodovia fora, subimos por Tenões. Eram inúmeros os jovens que desciam aquela estrada.
Chegamos aos escadórios lá estavam os autocarros que aguardavam os turistas que subiam o monte pelo velhinho ascensor movido a água, e desciam pelos escadórios.
Subimos, e parámos no belo largo para as fotografias, continuámos a subida.
Corpo quente da caminhada e da subida, não convinha entrar no frio Santuário, fizemos uma pequena paragem no miradouro para vermos a cidade.
Após uns minutos de reflexão, e como adoro fotografar tectos e nunca me lembrara deste, chegou a sua vez.
Orações cumpridas, fomos comprar gelados, ouço a minha amiga dizer "one hundred and forty", virei-me, traduzia para um estrangeiro o valor que a senhora lhe dissera em português. Uns segundos depois vejo-a falar com outro senhor, a quem pediu desculpa pensando ser estrangeiro, que era, mas brasileiro.
Encetou-se uma conversa sobre o ascensor que queria saber onde era, a explicação de como funcionava a subida e a descida, que o Santuário é dos mais bonitos da Europa, nem o de Notre Dame é tão belo, que temos uma paisagem lindíssima...
Eu pouco falava, e nem precisei, limitei-me a observar o senhor. Uma simpatia de homem, cabelos grisalhos a tender para o branco, olhos castanhos, barba de 2/3 dias, vestuário desportivo mas elegante, fazia perguntas sobre Braga e comentava se há casas para alugar, que somos um povo tranquilo, que a polícia trata bem as pessoas, que no Brasil as balas perdidas matam muita gente, que é impossível lá viver, que é do Recife, que tem intenção de viver em Portugal, que pensou viver em Cascais ou Oeiras..
Chamou a esposa que, mais à frente, observava a vista da cidade, para ouvir a nossa conversa.
Ela aproximou-se e cumprimentou-nos.
Os óculos escuros não deixavam ver o seu rosto moreno, mas pareceu-me ser uma bela mulher.
À minha pergunta se estavam de carro, e à resposta afirmativa, reparando no calçado prático que traziam, aconselhei-os a descer os escadórios, "a descer todos os santos ajudam", disse, e fazer a subida de ascensor; que o parque era grande, havia o lago na parte superior, muito para ver neste espaço.
Despediram-se de nós, dirigiram-se à loja de recordações.
Subimos ao lago, vimo-los caminhar na direcção da gruta, cá em baixo.
Gosto de tirar fotografias dos mesmos locais, e este, em particular, onde se vê a cidade ao fundo.
Pais e filhos passeavam de barco. Do outro lado do parque as crianças divertiam-se no renovado "parquinho" infantil.
E as numerosas árvores carregadas de camélias dão vida e cor ao espaço.
Muitos eram os turistas que tiravam a fotografia da praxe, consegui um pequeno espaço para fotografar a minha amiga.
Decidimos fazer o regresso a casa a pé, passamos pela antiga bracalândia que deu lugar ao Instituto de Nano Tecnologia, lembrei-me da "anedota" com imagem que alguém me enviara e que diz mais ou menos isto:
Bracarense que é bracarense dirá sempre que foi ao Feira Nova (Braga Parque), que estacionou o carro na Bracalândia ( Instituto de Nano Tecnologia) e meteu gasolina na Mobil ( BP).
5 km de manhã, mais estes 9,5 km, comentei com a minha amiga que as pernas estavam a dar os mesmos sinais de cansaço da nossa longa caminhada em Barcelona, naquele domingo de Março de 2015.
E por falar em Barcelona, comentei, também, que "conheço" um blogger que viveu nesta bela cidade, que escreve belos textos dos lugares menos frequentados pelos turistas, e que, quem os lê, apetece meter-se no avião e conhecer o que passa ao lado.
Metemos pelos campos de jogos da Rodovia, em reconstrução, vê-se algum betão (espero que não deja demais), um parque radical já pronto, barras paralelas para os atletas de rua, novas vias pedonais a alcatroar.
A M é uma boa companhia ( ela diz que sou a sua mana) tem o tempo muito ocupado com a família e o trabalho, já nem os nossos passeios à noite, pelas ruas da cidade, fazemos.
Gostaria de repetir as nossas caminhadas, as conversas, os desabafos, as gargalhadas.
Foi um dia e tanto, esta quinta-feira.