que conquistam(os) e ficam para sempre no nosso coração.
Há cerca de 20 anos, conheci a Márcia. Amiga de amigas minhas, engenheira de profissão, uma mulher que conquistava as pessoas, tinha amiga (o)s cá em Braga, no Porto, em Guimarães..
Vivia sozinha, tinha um apartamento a dois passos do centro da cidade, moderno, muito prático. De vez em quando fazíamos jantares, convivíamos, falavamos das nossas vidas. Eramos um grupo divertido.
Penso que viveu cá cerca de 10 anos.
Entretanto, um dia, em Santiago de Compostela, conheceu aquele que viria a ser o seu marido, brasileiro, também, ambos da mesma cidade (uma história engraçada, a deles).
Em 1999, os pais vieram cá passar o Natal. Um ano depois, o pai adoeceu, ela decidiu regressar ao Brasil. O namorado por lá, queriam casar, foi uma decisão ponderada.
Contactávamos por e-mail, telefonávamos. Entretanto, mudei de número de telefone e de mail, o tempo foi passando, sabia dela por uma das nossas amigas a quem, de quando em vez, ligava.
Nasceu a primeira filha, agora com 11 anos.
Soube que vivera entre África e o Brasil, perguntava por ela, mas as notícias eram parcas.
Em setembro, encontrei uma das amigas do grupo, que não via há algum tempo, perguntei pela Márcia... E foi então que soube que ela estava com intenção de voltar para Braga.
Fiquei estupefacta. E o marido e a filha (duas, pois, entretanto, nascera outra menina, agora com 5 anos)? Como assim? O que os levou a virem para Portugal ?.
Hoje, fui ao centro da cidade, estava alguma confusão com os adeptos do Marselha que provocaram alguns distúrbios com bombas e a polícia em peso a controlar a situação, decidi deixar para amanhã o que queria fazer, vinha a descer a avenida e ouço alguém chamar-me.
Olho para o lado de onde vinha a voz e vejo-a.
"Márcia! Nem acredito!"
E um longo abraço trocamos. E voltamos a abraçar-nos.
A seu lado uma criança, a filha mais nova. Loirinha, cabelo comprido, e muito impaciente para ir brincar para o parquinho (que saudades ouvir o meu sobrinho neto carioca pedir-me para o levar ao parquinho).
Vinham do jardim de infância, que por coincidência ( e dizem que não há coincidências) é o da escola EB 1º ciclo em frente à minha casa.
Um relatório pormenorizado da sua vinda para cá.
A ideia era viverem numa cidade perto de Lisboa, o marido viaja muito pela Europa e África, mas arranjar emprego por lá era mais complicado. Em Braga seria possível voltar ao que ela muito gostara de fazer. E com os contactos certos, ficara aberta a hipótese de recuperar o seu lugar.
Depressa tratou de tudo.
Há cerca de três semanas que está cá ( as filhas e o marido vieram mais tarde), uma amiga ofereceu-lhe estadia, contactou imobiliárias, alugou um apartamento a cinco minutos do centro.
Conhece as pessoas certas, conseguiu escolas para as filhas, foi rever os colegas de trabalho, não tem parado de pôr tudo em ordem para começar a trabalhar, já dentro de 15 dias.
Disposta a comprar móveis novos, os amigos providenciaram camas para as filhas e para o casal, têm mobiliário à disposição para a casa.
Convidou-me para conhecer o marido e a filha mais velha, que parece ter-se adaptado muito bem à escola. Ficou combinado quando tudo estivesse em ordem lá por casa, ia conhecer a família.
Trocámos os números de telemóvel, mostrei a minha disponibilidade para ir buscar a menina ao jardim de infância, quando, por algum motivo, tiver de sair mais tarde do trabalho.
E em quase 2h que estivemos juntas, falamos de nós, das amizades, do quanto este regresso a faz feliz, sobretudo perceber que nenhum amigo a esqueceu... " Foi como se tivesse ido de férias por algum tempo e tudo regressasse ao normal", comentou.
E passaram 14 anos!
Ah! E eu ganhei mais duas sobrinhas. Ela diz à filha que sou a tia L, ahahahahahah!