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cantinho da casa

cantinho da casa

ora bem

Liguei o PC,  fui ver os comentários e, como sempre, nas estatísticas, que não costumam ser de mais, eis que  vejo um número alto, comentei com os meus botões que provavelmente estaria em destaque na página principal do Sapo.

E lá este cantinho, e desta vez muito bem acompanhada de bloggers que prezo, e que leio quando posso. 

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O motivo deste post tem a ver precisamente com os comentários.

Eu não sei o que se passa na cabeça de muitos anónimos.

Sempre que alguém, e sei que acontece com muitos bloggers, que escreve sobre pequenas coisas do seu dia-a-dia,ou das suas experiências, histórias, acontecimentos, mesmo que banais,  mas que dá gosto falar deles, aparece um anónimo a deitar-nos abaixo .

Cada blogger é "dono" do seu cantinho, e desde que seja educado e escreva  o que lhe interessa a sj, não entendo por que estes anónimos acham-se no direito de criticar como desinteressante, fútil, ou o que quer que seja  sobre o conteúdo do texto.

Quando leio algum texto que não me diz nada, eu não comento. 

Também não tem sido muito o tempo que tenho dedicado ao blog nem à leitura de muitos blogs que por hábito lia.

Ninguém sabe o que se passa dentro de casa de cada um de nós.

Há vida  para além do blog, e eu tenho vida, também.

Vou passar a explicar ao senhor, ou senhora, desconhecido (a), que neste comentário, concordo, sim, que o problema é a cultura, que as pessoas devem ter a capacidade para perceberem o que não  devem fazer; que  devem aprender com os erros....

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Já gastei, sim, quando era mais nova, e para tentar a minha sorte, também, algum dinheiro nas máquinas dos casinos. Mas sempre tive um valor  limite.

Enquanto saíssem umas moedinhas, jogava. Acabavam, desistia e saía do casino.

No post eu não disse que vejo os programas de domingo à tarde. 

Já escrevi várias vezes neste meu espaço, que o televisor, nesta casa,  quer durante a semana , quer ao fim de semana, está todo o dia desligado, ligo-o à noite, quando é hora de descansar um pouco no sofá.

Então, se for lê-lo com atenção, escrevi que ligo o televisor para ver a SIC Notícias, enquanto passo a ferro. E que  antes,  dou " um passeio" pelos canais e é então, e por breves minutos, que vejo e oiço o que referi.

A experiência da vida levou-me a perceber o valor do dinheiro, não tivesse tido uma mãe que me ensinou a geri-lo.

Depois, fala em individualismo. 

Para já, não ando em redes sociais por quem dá cá aquela palha.

Tenho página no FB.

Pode  clicar no dístico  deste cantinho e veja a frequência com que vou lá.

Olhe, até foi bom escrever sobre as redes sociais.

Já devia ter lá entrado para saber como está a situação do envio dos livros do Grupo do Desafio de Leitura,  de que sou membro. 

Pode ver ali na barra lateral que tenho página no Instagram, e publico o que eu gosto, o que me  dá  prazer.

Comunico com pessoas de bem, fujo das tóxicas,  e, por isso, senhor ou senhora anónimo (a), não sou individualista.

Aliás, sou! Naquilo que quero para a mim, para a minha família e amigos.

Talvez faça muito mais pelas pessoas  do que possa imaginar, mas não exibo com fotografias  a minha solidariedade.

E se acha que escrevo futilidades, quando a Equipa do Sapo Blogs destacar um post meu, e se o ler e achar que é fútil, não canse os seus olhos a escrever comentários que em nada vão afectar a minha banal escrita.

Ignore-o.

 

 

 

 

 

A todos, um Bom Natal

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* ♥✿♥ ♥☼♥ Feliz Natal♥☼♥ ♥✿♥ *
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❤ ♫ •*¨`*•..¸♥☼ Maria Araújo•*¨`*•..¸♥☼❤♫

 

 

do Sapo blogs

já se lê muita coisa sobre esta etiqueta... 

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e decidi também falar dela com uma foto da autoria da minha amiga Zé, no nosso passeio que fizemos pelo Porto, ontem.

A primavera não é só o colorido das flores, do verde dos campos e das árvores, do sol e das noites de luar.

A primavera também é isto:

 

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sobre os blogs

confesso que nem sempre tenho tempo para estar no pc a ler e comentar o que se escreve por aqui, sobretudo  alguns bloggers que estimo e que merecem o meu tempo.

tenho andado muito pre(ocupada) com a família, há noites que durmo mal, e quando me sento um pouco no sofá a ver televisão, adormeço ( já escrevi várias vezes sobre isto).

à segunda e sexta-feira, de manhã, vou levar o sobrinho neto ao colégio e depois  vou fazer as minhas coisas, quer seja compras, quer seja vir para casa tratar das minhas tarefas, uma delas, quando é possível, visitar os blogs.

hoje, tinha feito planos para a manhã, mas lembrei-me de alguém me poderia ajudar a resolver um assunto, alterei-os, vim para casa para contactá-la.

a genuinidade e simplicidade da nossa escrita  fazem-nos acreditar que há gente boa na blogosfera e que,com os seus exemplos, nos deixam com  esperança de que podemos fazer alguma coisa por este mundo desigual e cruel, e que, por vezes, um gesto simples pode aproximar sujeitos que não se conhecem pessoalmente.

eu conheço alguns pessoalmente, e todos muito fixe, acreditem.

fazer o bem, não custa nada.

é nestas coisas que percebemos que há pessoas com e de bom coração.

expresso aqui a minha gratidão para uma destas pessoas.

 

 

relatório do mês

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Os sacos térmicos de sementes, é o post que tem tido mais visitas, desde sempre.

E a verdade, é que o ponho todos os dias,  à noite, quando me deito, ajuda a relaxar e a adormecer, eu que ando na fase de dormir poucas horas. E no dia seguinte, vem o cansaço.

Há dois anos, o braço esquerdo não me deu tréguas durante dois ou três meses, até que fui à consulta de especiladidade de ortopedia, a solução era operar porque tenho bicos de papagaio. Mas, segundo opinião de especialista em neurocirurgia, era desnecessário.Valeu-me a fisioterapia e estes sacos térmicos que ponho todos os dias, desde então.

Às vezes, é o ombro direito que me prega das suas. Ontem, fui a uma consulta de fisiatria, tenho uma tendinite, vou voltar à fisioterapia, e aplicar um gel para  massajar duas vezes por dia.

Pode ser tolice minha, mas convenci-me que os sacos de sementes aliviam-me bastante a tensão muscular que tenho diariamente, e quando tenho dores, tomo um, e basta um, comprimido anti-inflamatório, e fico bem.

O ginásio também está a fazer-me falta.

E na próxima semana, desconfinados que estamos, regressam as aulas de grupo, e não vou poder ir. 

 

#fique em casa 8

Uma e outra,são mulheres que admiro, deixaram-me feliz por voltarem.

Os seus textos são muito importantes para mim, dão-me que pensar.

Ao oitavo dia de isolamento, e  desde que esta pandemia surgiu, ligava a televisão de manhã para ver o que se passava no mundo. Queria estar informada. Depois, comecei a sentir-me deprimida  com o número de mortos que todos os dia vão aparecendo no  écran, desisti de ligar a televisão.

Vejo apenas as notícias, como sempre fiz, à hora do jantar.

Entretanto, depois de vários dias sem ir ao FB,  fui partilhar o vídeo que vi neste blog,  trouxe alguns conselhos que só podem ajudar Portugal, na luta contra o vírus:

da médica que ainda tem o blog ( parado) no Sapo.

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e para quando tudo isto acabar

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hoje, decidi fazer um follow friday

Raramente participo  no Follow Friday que o Sapo Blogs costuma  lançar na plataforma, e na última sexta-feira do mês, que todos sabem, consiste na divulgação de um blog que para si é um bom blog, e também um modo de darmos a conhecer o nosso blog.

Fi-lo duas ou três vezes para fazer justiça a alguns blogs que senti merecerem esse destaque que, na minha óptica, passavam despercebidos. Mais do mesmo a cada Follow Friday, deixei de o fazer. 

Há algum tempo comecei a seguir um blog que me seduziu pela sua escrita directa, assertiva, clara, objectiva, educada, opinativa sobre assuntos de vital importância sobre nosso país, o mundo, a sociedade.

Sinto que merece um destaque nesta blogosfera, e para além do Sapo, levou-me, também, e com sua autorização, a enviar alguns dos seus posts para o meu grupo restrito de amigos, que não são frequentadores de blogs, nem tampouco bloggers são, e  por que nem sempre temos oportunidade de nos sentarmos à roda da mesa para um saudável convívio, trocamos e-mails sobre os mais diversos assuntos.

Ontem recebi um e-mail de um amigo, que me pôs a pensar no que aconteceu domingo e me levou a escrever/ destacar este blogger.  E quem vier a este cantinho, convido-vos a espreitar o blog.

Leiam este post, e se tiverem tempo leiam mais um ou outro dos muitos que escreve sobre tudo: actualidadenotícias, livros, opinião,  lugares e música, e muito mais que queiram encontrar nas #tags.

Hoje, neste recatado cantinho, decidi fazer um Follow Friday a alguém que precisa ser visível aqui e além blogosfera.

 

Lenda de São João e do Longuinhos

 

A flor dos Jardins de Afrodite enviou-me o link, fiquei entusiasmada  em participar na corrente "Contos e Lendas" iniciadas pela CATARINA e pela PAPOILA.
Escolhi uma lenda da minha cidade de Braga. A história do popular cavaleiro Longuinhos, cuja estátua podem ver no cimo dos escadórios e junto ao elevador do Bom Jesus do Monte.
(Há muitos anos dizia-se que quem desse onze voltas à estátua, em pé-coxinho, teria noivo para casar; outras diziam que as raparigas que tinham namorado andavam à volta dela para que ele apressasse o casamento).
 

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Lendas Religiosas

 

Pois conta a lenda que, há muito tempo já, vivia nos arredores de Braga, perto do Bom Jesus do Monte, o famoso Longuinhos, senhor abastado e poderoso que mandava em toda a região. Quando Longuinhos passava, cavalgando o seu garboso ginete, os homens intimidavam-se um pouco, e as mulheres — principalmente as raparigas — ficavam a olhá-lo, como que em adoração! E Longuinhos, consciente do seu poder e da sua força, não deixava os créditos por mãos alheias. Como nenhum outro, ele sabia atrair as raparigas. E levava sempre consigo um bando enorme de sorrisos e de esperanças que bastavam para animar qualquer romaria da terra. 
Mas — caso singular — embora rodeado e seguido pelas mais lindas raparigas da região, nunca pelo cérebro de Longuinhos passou qualquer pensamento pecaminoso a respeito delas. Por isso era temido e respeitado. E o seu nome evocava apenas confiança, alegria, bailaricos e descantes. 

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Porém, certo dia, Longuinhos sentiu que o seu coração se alvoraçava. Foi quando conheceu uma jovem camponesa, tão bela, tão fresca que dir-se-ia uma flor campestre beijada pelo Sol. Chamava-se Rosinha, e nunca nome algum fora tão bem posto a alguém. Longuinhos sentia que o seu pensamento estava irremediavelmente preso à encantadora imagem que o seu coração guardava como precioso tesouro. 

Depois de hesitar algum tempo, tratou de saber quem era o pai de Rosinha. Fácil lhe foi descobri-lo. Era Pedro, um velho lavrador de modos rudes, quase boçais. Longuinhos procurou-o certa manhã. O primeiro contacto tornou-se um tanto difícil; mas depois, posto ao corrente das intenções de Longuinhos, foi com verdadeiro júbilo que o velho Pedro ouviu da boca de homem tão poderoso uma frase que testemunhava o mais vivo interesse pela filha dum pobre lavrador: 
— Pois, senhor Pedro, fique sabendo que eu gosto muito de sua filha! 
Todavia, rude e matreiro, o velho resolveu esconder a alegria que o tomava de assalto, para tentar um pequeno golpe. 
Franziu as sobrancelhas dum modo quase teatral, e respondeu secamente depois de alguns segundos de silêncio: 
— Quem manda na minha filha sou eu! Ela casará com quem eu quiser! Que me importa que goste dela? Ela é minha filha! 
Um tanto desnorteado, Longuinhos atacou de novo: 
— Senhor Pedro... Eu bem sei que o senhor é quem manda na Rosinha... Por isso mesmo vim falar consigo. Já me conhece com certeza... Sabe como eu sou rico... Posso fazê-la muito feliz! 
Um esgar de desdém foi a reacção do velho. Depois, numa voz onde traía um pouco da sua inquietude, o velho tornou: 
— Quer levá-la, não é? E eu? Fico para aqui abandonado como um traste velho, não?... 
Longuinhos apressou-se a dizer: 
— Que ideia! Dar-lhe-ei também, a si, o dinheiro suficiente para viver sem privações. 
O velho não disse palavra, mas um clarão de alegria iluminou-lhe o rosto. Sentindo que o velho Pedro estava de antemão conquistado, Longuinhos pediu-lhe com veemência: 
— Faça quanto puder para a convencer! Acredite que nunca mulher alguma me interessou até hoje para minha esposa... Só ela! 
Então, o velho colocou a mão no braço de Longuinhos e declarou: 
— Esteja descansado! A Rosinha só fará o que eu lhe mandar. E quanto a nós... enfim, creio que nos entenderemos... 
Um sorriso largo selou esse pacto de aliança. Contudo, quando uma hora mais tarde o velho Pedro chamou a filha e a pôs ao corrente da situação, esta olhou-o alarmada. 
— Mas isso não pode ser, meu pai! Bem sabe que não pode ser! 
Ele gritou-lhe: 
— Cala-te! É preciso que não voltes as costas à fortuna! 
Ela torceu as mãos no avental. 
— Mas bem sabe que eu... 
O pai interrompeu-a furioso: 
— Então não compreendes, filha, que me estás a arruinar com a tua recusa? 
As lágrimas subiram aos olhos de Rosinha, enquanto um queixume lhe subia aos lábios. 
— Oh, meu pai! Eu quero que me desculpe, mas não posso... Não devo aceitar a proposta do senhor Longuinhos... O meu coração já o dei... 
O velho Pedro desfechou um murro na tosca mesa de jantar. 
— Cala-te! Não quero ouvir as tuas lamentações! Que me interessa o teu coração?... Prometi ao senhor Longuinhos que havias de ser sua mulher, e hás-de sê-lo!...  
A resposta de Rosinha chegou tímida, mas pronta: 
— Só depois de morta, meu pai! 
O velho olhou a filha de frente. Uma crispação estranha mudava-lhe as feições e punha na sua voz o tom desesperado da cólera mal contida. 
— Filha ingrata! Eu que te tratei com tanto amor, tanto carinho! Pensei que serias sempre a minha protecção, a minha ajuda! E agora que podias salvar o teu pai da miséria… agora que me poderias auxiliar pela primeira vez… queres voltar-me as costas, abandonar-me... só por causa duma jura que fizeste?! 
As lágrimas, que teimosamente assomavam aos olhos de Rosinha, desfilaram silenciosamente pelo seu rosto aveludado. Mas o velho Pedro, que detestava silêncios e lágrimas, repetia furioso: 
— Achas bem, não é assim?... Valho menos que uma jura?... 
Então Rosinha compreendeu que era necessário falar, tentar qualquer coisa pelo seu amor, e declarou submissa: 
— O pai bem sabe que foi com o seu consentimento que jurei no Bom Jesus que casaria com o Artur! 
Um berro fez estremecer a rapariga: 
— Pois quebra a jura, já te disse! Sou eu que mando! És minha filha e tens de obedecer-me! Nem que tenha de levar-te de rastos, terás de acompanhar o senhor Longuinhos ao altar... 
Ela tentou um derradeiro apelo: 
— Meu pai... eu gosto do Artur... 
— Cala-te! Se não queres ser responsável pela minha miséria... obedece-me! 
Rosinha baixou a cabeça. Um desespero enorme abafou-lhe a garganta. Sentiu-se de súbito como que perdida e supreendeu-se a murmurar: 
— Faça-se a sua vontade, meu pai. 

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Durante noites e dias, Rosinha chorou perdidamente. Artur andava longe, não sabia o que estava acontecendo. E ela sentia-se à beira do abismo. Como fugir à vontade implacável de seu pai? Devia-lhe obediência. Portanto, se ele a obrigasse, não teria outro remédio senão casar com um homem a quem não amava! 
Nesse mesmo instante, os seus olhos chorosos apegaram-se a uma velha imagem de S. João. O seu coração bateu mais apressado. Oh! Se ele quisesse!... Um raio de esperança iluminou-lhe o rosto. Caiu de joelhos frente à imagem e implorou: 
— Oh meu bom, meu querido S. João, salva-me, por favor! Faz um dos teus milagres, S. João! Ficar-te-ei eternamente grata! Eu já não tenho forças para lutar!... E como posso eu opor-me aos desejos daquele que é meu pai?... S. João, se eu tiver de casar com outro que não seja o Artur, perdoa-me, meu Santinho que falte ao juramento que fiz! Bem sabes que não tenho culpa! Mas se tu quiseres... certamente poderás resolver tudo, meu S. João... 
Rosinha calou-se. Os soluços não a deixaram continuar a prece. E teve a sensação de que escutava uma voz distante, vaga mas muito terna, que lhe dizia: 
— Descansa, minha filha... Eu velarei por ti! Eu conseguirei que não faltes ao juramento que fizeste. 
Surpreendida, Rosinha ergueu a cabeça. Seria possível tamanho milagre?... Não seria antes uma alucinação dos seus sentidos?... 


Entretanto, segundo conta a lenda, o senhor Longuinhos, num dos momentos de meditação a que se entregava frequentemente no intervalo dos folguedos, teve também uma curiosa e estranha visão: um vulto vinha ao seu encontro e falava-lhe numa voz que não parecia deste mundo: 
— Longuinhos! Já não estou satisfeito contigo! Tu que eras bom, que eras justo, queres agora estragar a felicidade dos outros?... 
Atarantado, Longuinhos perguntou: 
— Mas quem me fala?... De quem é esta voz?... 
Serenamente a voz tornou: 
— Pois não me conheces? Sou S. João, Longuinhos... O teu santo predilecto, como tu costumas dizer! 
Longuinhos caiu de joelhos, tartamudeando: 
— Pois será possível?... Oh, meu S. João! Meu S. João!... Será possível? 
— Sim, é possível. E estou aqui para te dizer que não acho bem que procedas como ultimamente. A Rosinha gosta do Artur, pode e deve ser feliz com ele... Para que a queres tu desgraçar? 

Cada vez mais embaraçado, Longuinhos levou as mãos ao rosto. As palavras do santo continuavam a ressoar-lhe aos ouvidos, numa recriminação que o atormentava. A situação apareceu-lhe clara e ele acabou por compreendê-la. E, num assomo de remorso, murmurou: 
— Perdoa, meu S. João! Tenho sido um louco! Eu próprio hei-de ser o padrinho do casamento deles!  
Então a voz do santo tornou, serena e amiga: 
— Ora aí está uma boa acção que eu louvo e agradeço!... 
Longuinhos sorriu. Sorriu contente consigo mesmo. S. João, o seu santo predilecto, continuaria a ser seu amigo! Já seria um bem demasiadamente grande. Quanto ao resto... faria por esquecer! 

E, assim, conta ainda a lenda que Longuinhos não mais descansou enquanto Rosinha e Artur não casaram, apesar da contrariedade do senhor Pedro. E diz-se também que, ainda hoje, em certas aldeias do Norte, na procissão de S. João, há um par de noivos simbolizando a Rosinha e o Artur.

 

*Desenhos que fotografei da colecção do meu pai,  livro IV ,  "Lendas de Portugal", da autoria de Gentil Marques