ainda o artista de rua
A propósito deste post, e porque estou sem carro por dois dias ( emprestei-o à minha irmã para se deslocar para o trabalho, a cerca de 35km cá do burgo) fui a pé resolver um pedido que ela me fez.
Saí por volta das 11h, o percurso era precisamente pelas ruas em que tinha de passar os cruzamentos que faço de carro.
Aproximando-me do primeiro (1), com cerca de seis carros parados à espera que o sinal verde abrisse, o jovem acabara de fazer a sua exibição.
Quando passava mais perto, ouvi ele dizer:
- Obrigada. Bom-dia, bom-dia. Hoje é terça-feira. Sorriam. O dia já começou, haja boa disposição.
E agradecia a moeda a cada um dos condutores que, entretanto, a deixavam no chapéu e arrancavam porque o sinal passara a verde.
Garanto que, desses seis condutores, todos deram a moeda.
A próxima que o apanhe, vou tirar uma fotografia.
Descia eu a rua em direcção ao segundo cruzamento (2), vislumbrei ao longe o pedinte do costume.
Agasalhado até à cabeça, hoje com duas muletas, em vez de uma, as calças dobradas acima do tornozelo, deixavam ver as habituais ligaduras brancas.
Nenhum carro parado nos semáforos.
A meio da rua, dois carros pararam. O homem preparava-se para descer o passeio para o peditório. Mas viu-me.
Quando passei, sorriu e disse: " dê-me uma moeda".
Sinto uma imensa falsidade no homem. Anda há anos neste teatro da vida, e eu não gosto disto.
Segui o meu caminho sem lhe responder.