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cantinho da casa

cantinho da casa

O dia da Liberdade

foi, finalmente, ir a pé ao Bom Jesus.

Há cerca de três anos que não fazia esta caminhada,  as últimas vezes que fui deixei o carro no parque junto aos escadórios, subi estes. A descida foi no funicular.

Eu queria caminhar, queria testar as minhas pernas, se, com a ginástica que faço, conseguia ir e vir sem problemas.

A temperatura estava agradável, é nesta altura que é mais fácil percorrer os cerca de 9km, ida e volta.

Há muitas pessoas a fazerem a subida e descida dos escadórios, a correr, a andar, com companhia, sozinhas, ou com os seus animais de estimação.

E já se vêem os turistas nesta onda.

Então, com algumas paragens para as fotografias, embora cansada, até porque hoje fiz duas aulas seguidas no ginásio, o corpo tem pedido descanso, mas fiquei satisfeita comigo.

Vou repetir, lá para o fim do mês de Maio, numa manhã fresca, porque com o calor não me atrevo a estas andanças.

A subida:

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O regresso:

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A tarde, e porque a sobrinha queria comprar umas sapatilhas para o filho, fomos ao  Centro Comercial Nova Arcada, entramos na loja, estivemos pouco tempo,  não havia o número para o pé dele, saímos e a partir daqui, num parque que lá existe, com muitas crianças que corriam loucas de um lado para o outro, um amigo viu-o e todo o tempo foi para a brincadeira.

À vinda, chateou a cabeça à mãe , queria ir para o autocarro.

E foi...

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E eu estava exausta.

Deitei-me as onze da noite, dormi, mas acordei cedo.

E fui para o ginásio.

 

25 de Abril

O teu bom humor, a tua alegria, eram contagiantes.

Um jovem bonito que destroçava corações.

Veio a tropa, e a revolta quando foste destacado para a Guiné.

O dia da Liberdade trouxe-te, um ano depois.

Casaste, tiveste três filhos, agora pais, também.

Infelizmente, o cancro levou-te , em 2004.

As  minhas memórias estão nas fotos que enviavas para tranquilizar a nossa mãe.

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o povo saiu à rua

E eu saí porque precisava de caminhar e de ir à farmácia.

O tempo está agradável, o povo aproveitou este dia para comemorar o 48º aniversário da LIBERDADE, e da libertação das máscaras, era ver a 3ª idade a dançar aos pares o costumado bailarico de pátio da aldeia,e  que, nesta cidade, antes covid, os domingos eram para isso.

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E mais à frente, junto ao Turismo, num palco da CGTP, um cantor cantava aquelas canções populares, como "Ó ferreiro casa a filha, não a deixes à janela, anda aí um rapazinho que não tira os olhos dela".

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E a verdade é que toda a gente cantava... E eu também ( enquanto pensava na minha falecida mãe que a cantava) quando descia a avenida, no regresso a casa.

 

 

É um Problema de Amor # 25 de Abril de 1974

Ontem, no Jornal da Noite da SIC, passou a reportagem sobre dez artistas que editaram discos antes de 1974,  e que "durante décadas, vários músicos escreveram e cantaram palavras de liberdade mesmo correndo o risco de acabar na prisão"

"Na madrugada de 24 de abril, há 47 anos, começava a mudança de regime político em Portugal, da ditadura para a democracia."

Foi uma reportagem de lembranças muitas, de cantarolar de canções, de reviver os rostos destes jovens que muito fizeram pela democracia através da música e das letras que cantavam. As histórias contadas das letras que eram  cortadas/proibidas; de a polícia intervir no recinto de um espectáculo e advertir o cantor de que não podia cantar; de o cantor sugerir que não cantava mas falava com o público. E assim a palavra era passada e as músicas eram cantadas não pelo cantor, mas pelo público, que as conhecia, de forma que a polícia não fazia nada.

 

Depois, passei para a RTP1,  passava o concerto "Agir - Cantando Abril". Um concerto de homenagem aos poetas e músicos que ajudaram a mudar o país. 

Não sou fã de AGIR, mas gostei muito de o ver e ouvir cantar as "canções de Abril." Um  bom grupo de jovens não só de instrumental e coro, mas também de convidados que nos mostraram outra forma contemporânea de fazer  música com as canções que nos deram a Liberdade.

Um rosto:

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imagem daqui

Um poema:


CANTILENA

Cortaram as asas
ao rouxinol.
Rouxinol sem asas
não pode voar.

Quebraram-te o bico,
rouxinol!
Rouxinol sem bico
não pode cantar.

Que ao menos a Noite
ninguém, rouxinol!,
ta queira roubar.
Rouxinol sem noite
não pode viver.

Sebastião da Gama

 

uma música:

 

É um Problema de Amor. 

A nossa LIBERDADE é para sempre.

 

 

 

 

 

Liberdade

até 1974, a palavra liberdade não existia. Existia o dever à Nação, ao Estado,a Deus.

Jovem que era, vivi este dia na escola, do outro lado do quarteirão desta rua onde ainda vivo, quando por volta das 11:00h ,talvez mais, mandaram-nos sair da escola e regressar a casa,não sabíamos bem porquê, só cá fora, na rua, é que se sentia uma grande agitação, falava-se de um golpe de estado.

Coração apertado, a mãe agitada, via-se na televisão, ainda a preto e branco, as inacreditáveis imagens do Golpe dos Capitães, a Revolução dos Cravos.

Quarenta e seis anos de liberdade, interrompidos neste Abril por um vírus que nos fez parar da agitação que vivemos todos os dias.

A natureza, sofocada, libertou-se do mal que o homem lhe fez, quer a mesma  Liberdade, respira, agora, também.

 O mundo está frágil.

Saibamos respeitar a nossa Liberdade, respeitaremos a dos outros também.

Festejo este dia 25 de Abril de 2020, para celebrar 46 anos da Revolução dos Cravos, na Liberdade "enclausurada" da minha casa ( e porque adoro a praia, o mar, que são a minha Liberdade) com este  poema de Sophia de Mello Breynar.

 

Liberdade


Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

 

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"a Liberdade está a passar por aqui"

Estava eu na escola quando a notícia saiu à rua, mandaram-nos para casa. Inacreditavelmente o povo receou que as notícias fossem falsas. 
E veio a Liberdade.

Nestes 45 Anos de 25 de Abril, o jornal O Minho publicou mais de cem fotografias do falecido e mais conhecido fotógrafo desta cidade de Braga, e que eu trouxe para aqui, em sua homenagem, também.

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o dia 25 de Abril

 

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trouxe-me este inesperado destaque, obrigada Equipa do Sapo, foi um miminho que recebi.

Um "olhar" pelos posts  mais antigos que escrevi sobre o Dia da Liberdade, transcrevo este de 2010 que me trouxe recordações do que se vivia cá em casa, antes da revolução das armas, e por que hoje tenho pensado, com muitas saudades, nos meus familiares..

 

«36 anos, muito aconteceu, pouco mudou no que ao poder diz respeito.

Lembro-me que  nesse dia fui para a escola, logo de manhã, aqui bem perto da minha casa, onde vivo actualmente.

Falava-se da queda do governo.

Mandaram-nos para casa.

Rádio a toda a hora, TV também. Ninguém queria acreditar.

Minha mãe estava ansiosa  e com medo que as armas disparassem, por cá.

Meu irmão encontrava-se na Guiné, em combate.

Foi um alívio para ela. Vivia em constante ansiedade.

De cada vez que eu ia à caixa do correio, que fica na entrada da porta do prédio, se eu demorasse um pouco mais a subir, pensava que havia alguma má notícia. Se houvesse, seria por telegrama, era entregue em mão.

Naquele tempo,escreviam-se aerogramas a via mais simples de os filhos da guerra escreverem à família.

Uma folha de papel fino, amarelo, que era dobrado em três. Escrevia-se o remetente e o destinatário e lá chegava o bendito aerograma. 

Gostaria de os ter de recordação, mas não os encontrei. Deduzo que minha mãe teria rasgado quando meu irmão regressou a Portugal.

Hoje comemora-se mais um ano do dia dos cravos.

Tenho grande admiração por todos os homens que foram combatentes de guerra.

Os amigos do meu irmão, amigos meus também, combateram em Angola e Moçambique. Um amigo e funcionário na empresa do meu pai combateu em Timor. Todos foram separados. Estão por cá, alguns já são avós. Meu irmão, não. Está "lá noutras vidas", com minha mãe, minha irmã e meu pai.»

 

 

 

 

 

 

C CAÇ 4540

43 anos de 25 de Abril, recordo o dia em que mandaram-nos embora da escola, ficarmos em casa à espera das notícias e ver o que se passava no país, não fosse haverem retaliações por parte do governo de Marcelo Caetano.

A minha mãe via incansavelmente o que passava na televisão. 

A sua preocupação estava, também, no filho mais velho que combatia na Guiné.

Fui à procura de fotografias guardadas em caixas e que me levaram a descobrir outras que esquecera, encontrei uma que despertou a curiosidade, à pesquisa do que quereria dizer aquele  C CAÇ 4540. Um lugar na Guiné? O quê? E a frase " SOMOS UM CASO SÉRIO"?

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Encontrei este site e perdi-me na leitura de nomes, de lugares, de fotografias, de encontros.

Lembrei os amigos que estiveram em Angola, Moçambique, Timor, felizmente ainda por cá.

Mas não encontrava o C CAÇ 4540

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Mas o Google dá-nos as respostas às pesquisas...

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Cheguei a este blog, a festejarem 13 anos na blogsfera, um pequeno grande espaço onde os  ex-combatentes relatam os acontecimentos políticos e militares vividos entre 1961 e 1974.

Ainda não estava contente com a descoberta, fui pocurando até que cheguei a esta página .

Mas faltava-me uma referência à companhia que o meu irmão pertencera, os lugares onde combatera. E encontrei-a aqui:

SOMOS UM CASO SÉRIO Companhia de Caçadores 4540/72 – RI 15 / Tomar

 

"Após a realização da IAO, [Instrução de Aperfeiçoamento Operacional], de 27/09/72 a 17/10/72, no CMI, em Cumeré, seguiu
em 18/10/72 para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CArtª 3329.Em 15/11/72, assumiu a responsabilidade do subsector de Bigene, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP3.Em 9/12/72, foi substituída no subsector de Bigene pela CCaç 3, a fim de seguir para Cadique e ocupar e instalar-se na zona.Em 12/12/72, assumiu a responsabilidade do subsector de Cadique, então criado, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCaç 4514/72.Em 17 Agosto, após substituição no subsctor de Cadique pela 1ª Comp/BCaç 4514/72, seguiu para Bissau, ficando temporariamente na dependência do COMBIS, a fim de colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações, tendo ainda efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim e Binta.Em 8/09/73, iniciou o deslocamento, por fracções, para Nhacra, a fim de substituir a CCaç 3477.
Em 19/09/73, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhacra, com um destacamento em Ensalmmá, ficando
integrada no dispositivo e manobra do COP 8.Em 16/08/74, foi rendida no subsector de Nhacra pela CCaç 4945/73 e seguiu para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso."

 

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(foto de 1972 - Bigene, Guiné)

 

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(Nhacra - outubro de 1973?)

 

Neste 25 de Abril de 2017, um dia cinzento favorável às recordações, e 13 anos depois de faleceres de cancro,  este post é para ti, meu irmão.

 

Uma cantiga

das minhas preferidas, pós 25 de abril, Dia da Liberdade, e sempre actual.

 

 "A cantiga é uma arma", José Mário Brancao

 

a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

há canta por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar

a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções

a cantiga é uma arma
(contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria


Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado


a cantiga é uma arma
(Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia