saudades
Estou no ginásio, perguntei à menina do bar se a colega já teria chegado ao Brasil.
Sabia que era do interior , mas não me recordava o Estado.
Respondeu que só embarcou hoje e que, quando chegar, vai apanhar o "ônibus" que demora oito horas a chegar à cidade natal.
Ora, ela é de Minas Gerais.
Entretanto, tomava o meu café, alguém pergunta pela menina, e, de repente, a pessoa perguntou quanto tempo ela vai ficar lá.
Quando ouvi a colega dizer, "vai por uma semana" , olhei para trás e comentei: "uma semana?!".
"Sim. Ela foi matar saudades da família".
E porque esta palavra tão nossa, marca, há mais de 30 anos, e os tempos eram outros, fui para a Suíça.
Estive como empregada numa casa de família, porque o meu objectivo era ir a Berna a uma clínica de cirurgia plástica e reconstrutiva.
Sem mais pormenores, a vida foi difícil e muito solitária, não consegui estar lá nem dois meses.
Vim embora.
Voltei ao meu trabalho e à universidade.
Esqueci a cirurgia plástica, queria estar no meu país.
Dois anos depois, através de uma prima, conheci um cirurgião plástico, no Hospital de Santa Maria, fez o trabalho que precisava para calar algumas pessoas.
E disse uma coisa " só não consigo tirar o sotaque de Braga".
Tudo isto porque as saudades quando apertam, o pouco tempo com a família é muito para encher o coração.