raspadinhas de volta
É hábito meu registar o euromilhões numa casa de lotarias no centro da cidade ou no café ao lado da padaria onde costumo comprar o pão.
Desde sempre, na casa de lotarias, uma pequena multidão formava uma mal formada fila única ( certamente desconhecem o termo "fila única") para as três caixas de registo no balcão daquele espaço pequeno que por vezes as pessoas se confundiam se era ou não a sua vez.
Nas minhas idas às compras costumo passar perto. Uma certa altura, pareceu-me que a casa estava às moscas.
Num início de semana que tinha de registar o euromilhões, fui lá. Não tinha ninguém.
Depois de o registar, pedi uma raspadinha de 1 euro para acerto de contas dos poucos prémios que tivemos em 2016.
A resposta do funcionário foi esta, que relatei neste post:
- Não temos raspadinhas porque o patrão não quer. Olhe não faltam raspadinhas por aí, troque num qualquer ponto de venda.
Há cerca de dois meses, voltei para registar o euromilhões e reparei que alguém pagava uma que tinha na mão.
E vi-as penduradas na parede, por trás do balcão.
Nada comentei com o funcionário, o mesmo que me dera aquela antipática resposta.
No mês de Agosto, o café fechara para férias e estava em obras, voltei ao centro da cidade.
A casa estava cheia.
Na fila, enquanto não chegava a minha vez, observava as pessoas que, moeda na mão, raspavam o papel da sorte: do pouco, do tudo, ou do nada.
"Elas voltaram", pensei.
Durante o tempo que a casa deixou de ter as raspadinhas a venda de jogo teria descido o suficiente para, ele, patrão voltar com a palavra atrás.
Chamar ao estaminé as pessoas que fazem a mal formada fila e se vender é função da sua casa, trazê-las de volta seria, com certeza, a conclusão que teria chegado.