Pilates funcional
As aulas de Pilates de segunda e quarta-feira são muito procuradas, as senhoras mais velhas costumam ir muito cedo para o ginásio para conseguirem a senha, que é entregue trinta minutos antes da aula.
Há um número pequeno de aulas para reservas na APP, feitas com 24h de antecedência.
Se consigo reservar, óptimo, não quero ir para a fila, tenho até dez minutos antes da aula para a levantar, caso contrário, um mintuo de atraso, a senha vai para alguém que esteja à espera de uma vaga.
Há muitos e variados exercícios nesta modalidade, a professora, muito competente, profissional, simpática, e bonita, varia de aula para aula os exercícios, ontem, os últimos vinte minutos foram em dupla, o que me deu enorme prazer, sinto-me mais capaz de competir que se o fizer sozinha.
E há senhoras que se recusam ficar em determinados lugares do estúdio, outras acham que o espaço que habitualmente ocupam é seu, ficam com ar de zangadas se alguém ( eu, por xemplo) arranjo um bocado e ali estendo o tapete e a toalha, e fico na minha, uma vez que lugares cativos são pagos e ali não existem.
Ora, quando a professora pediu para fazermos uma dupla com a companheira mais próxima, naquele espaço à minha volta as mulheres tinham par, eu não.
Procurei quem fizesse dupla comigo, vi uma senhora sem ninguém, fiz o gesto para me juntar a ela, mas ela fez uma cara de indignação, comentou qualquer coisa, pareceu-me que queria uma senhora da sua idade para se juntar a ela, talvez uma das "amigas" de café.
Olhei para a professora, que perguntou a uma jovem nos seus quarentas se não se importava de ir para o fundo da sala, havia uma senhora que não tinha par e eu ocupava o seu lugar.
Tinha comigo uma jovem brasileira, seria das primeiras brasileiras do ginásio com quem falei, numa altura que fizemos a aula de Antigravity, alta, um corpo bem estruturado; eu, baixa e magra, quão franzina, juntamos as mãos, os pés, fazíamos os exercícios bem coordenados, estavamos em sintonia, na respiração, nos movimentos, nos agachamentos, até que, num deles, as nossas mãos agarravam-se, ela puxava por mim eu fazia flexão do corpo enquanto ela inclinava o seu para trás. De quando em vez, e porque sou mais velha, perguntava-me: " estou a magoá-la? por favor, se estou a exagerar, diga-me." E eu pedia que fosse um pouco mais longe...
Invertíamos a tarefa, eu dava o meu máximo de molde a puxá-la para que ela sentisse o exercício, não queria dar sinal de fraca, sem força.
Foram alguns minutos bem aplicados neste treino funcional, gerou-se naquele espaço, motivação, inter-ajuda, socialização.
No final, toda a malta saiu mais alegre. Eu fui fazer outra aula, o aquecimento estava feito.
Na próxima, se conseguir reservar a aula, não posso esquecer de levar uma bola de ténis.
Fiquei curiosa, vou fazer o possível para fazer a aula.