Os tempos compostos
(imagem da web)
S, a minha penúltima sobrinha mais nova, tem 15 anos, está no 10º ano, é boa aluna, aplicada, responsável.
Mas como a maioria dos alunos, tem um calcanhar de aquiles, o dela é Português (teve 14 no final do 1º período, a sua nota mais baixa) ou seja, a gramática do Português.
Na hora do almoço chegou a casa chateada com a professora... e com "os tempos compostos".
Dizia ela: "Não sei por que temos Português, não sei o que são tempos compostos, não sei para que serve o Português para a minha vida profissional."
Numa rápida intervenção expliquei o que são tempos compostos, quais os verbos auxiliares e como são usados. Mas não ficou convencida. Continuou a resmungar.
O primo D, o antepenúltimo sobrinho mais novo, ouvia e não dizia nada (tem a mesma professora da S).
Uma dada altura, ele comentou " eu não desgosto da professora".
Perguntei à S se não registava no caderno diário o que a professora dava na aula.
Respondeu-me que sim. Pedi para o mostrar, mas ela disse que não tinha os tempos compostos (coisas de adolescente, valha-me Deus, sempre a resmungar).
Nos tempos idos, era obrigatório ter uma gramática de Português, um bom suporte no nosso estudo e aprendizagem.
Pedi-lhe para procurar na web, de certeza que encontraria exemplos simples que a ajudasse a perceber este parte da gramática.
O que encontrou, não foi de seu agrado. Era confuso para ela (perceber que o verbo ter ou haver são auxiliares do verbo que quer conjugar e este passa a particípio passado, talvez porque não tivesse aprendido do 9º ano, foi complicado).
Eu rebatia na explicação, falei-lhe dos tempos compostos de Inglês, ao que retrocou " quem dera que o Português fosse tão fácil como o Inglês!"
Encostada à parede, na cozinha, com ar de quem não quer entender a gramática, volta a insistir "não sei em que é que o Português vai servir para a minha vida profissional!"
"Vai servir e muito. Vais saber comunicar correctamente com os outros".
"Mas que interesse tem a gramática e esta coisa dos tempos compostos para a minha vida?"
Fui ao pc, escrevi tempos compostos", escolhi um link e apareceu-me um esquema muito simples com estes tempos, chamei-a, mas já estava sentada à mesa, com os headphones a ouvir música.
Chamei-a novamente. Não me ouviu, ou não quis ouvir-me, saí chateada da sala.
E o D continuava a ver filmes no seu telemóvel.
Almoçamos tranquilamente e não se falou mais no assunto.
Mas sei que, em casa, ela ia aplicar-se e tentar perceber como funcionam os tempos compostos. Conheço-a bem.
Adolescentes (eu também tive as minhas teimosias)!