os chicos-espertos
que deixam os carros estacionados em frente ao portão que dá acesso às garagens do prédio, na hora em que as crianças da escola estão prestes a sair. Até aqui, tudo bem, "só" temos o trabalho de descer a rua, até ao portão de saída da escola e perguntar de quem é o carro x que está estacionado em frente à garagem y.
Mas hoje foi pior.
Saio de casa para ir buscar a Sofia, vejo dois carros estacionados, com os quatro piscas ligados, que impediam que eu saísse. Abri o portão e reparei que dentro de um deles estava uma pessoa.
Fui buscar o carro e esperando eu que quem estava dentro, que certamente ficou lá para tirar o carro caso fosse preciso, ia tirar o carro, deixou-se estar.
Carro a trabalhar, caminho impedido, deixei-me também ficar e ver o que ia acontecer.
Finalmente sai de dentro uma senhora que fala para mim, de longe. O motor do meu carro não permitia que eu a ouvisse, mas esperei que ela se aproximasse. Eu deixei-me estar dentro do carro. Afinal eu não tinha de fazer nada.
Decidiu aproximar-se, diz qualquer coisa que não percebi, aproximou-se mais um pouco e com o maior descaramento diz ela:
- O carro estorva?"
-Como?!, interroguei, indignada - A senhora não vê que não posso sair? Tem de tirar o seu carro para eu passar.
- Ah! O meu marido vem já e não me deixou a chave, não posso tirar o carro. O outro carro deve ser de algum senhor que foi à escola buscar o filho - comentou.
Volta para o carro, pega no telemóvel.
Enquanto isto, eu esperava. Ela,ora olhava para um lado da rua, ora para o outro, à espera de ver de onde ele vinha.
Peguei no telemóvel e avisei a Sofia que ia demorar uns minutos.
De repente, aproxima-se uma criança e um senhor. Este vê-me dentro do carro, não faz nada.
O marido da senhora chega, também.
Todos entram nos seus carros e nenhum deles fez um único gesto ou veio pedir de desculpa pelo incómodo.
A espera levou-me mais de dez minutos.
Se fosse a vizinha do lado, não dizia nada. Buzinava e fazia estardalhaço, ou chamava a polícia.