na consulta
Mais de vinte anos em tratamentos de fisioterapia numa clínica razoável, e gostava, há alguns anos que noto que precisa de obras urgentes, sobretudo nas casas de banho e na recepção, assim como na modernização dos aparelhos, e mais pessoal a trabalhar.
Dois utentes em cada cabine, não há privacidade, embora tenha um corredor com cabines vazias. A maioria dos utentes são pessoas idosas, não sei por que razão não usavam uma cabine por utente.
O que em tempos o pessoal era demais, com a crise de 2011 ficou limitado a duas auxiliares e uma terapeuta.São as duas auxiliares ( que tiveram formação para fazerem as massagens ao utente, competência da terapeuta) que têm todo o trabalho, está a terapeuta, grande parte do tempo, no ginásio. Com a pandemia a clínica fechou, não sei se, entretanto, e após o confinamento, abriu.
Quando tive esta dor, fui a uma consulta de fisiatria no hospital privado, pela primeira vez faço as sessões aqui.
Há três ou quatro terapeutas, as cabines são arejadas e espaçosas, em cada uma há uma marquesa e uma cadeira. Todo o trabalho é feito pela terapeuta. A funcionária auxiliar trata da logística para a terapeuta trabalhar e numa ou outra pequena coisa que possa ajudar.
A terapeuta é dinâmica, fala com o utente, controla a ficha deste, interessa-se em saber como está a correr o tratamento. E é muito faladora.E fala alto. Assim como a ajudante. Nada que incomode muito mas, às vezes, sabe bem o utente descansar um pouco, ter aqueles minutinhos de silêncio, até para tirar uma soneca.
Estão dois jovens estagiários que a ajudam em tudo, pois claro, muito simpáticos, com quem ela fala muito, ri-se alto, é uma alegria naquele espaço de tratamento.
Hoje,esperei imenso tempo pela consulta,tinha a fisioterapia logo a seguir, mas quando todos os utentes entravam para os tratamentos, a médica chamou-me.
Estou bastante melhor, perguntou-me se achava que eram precisas mais algumas sessões, mas eu fui sincera com ela e disse que me sentia bem, que, para já, não queria mais sessões, visto que o número de infectados da COVID-19 tem aumentado no país e receio que nos próximos meses piore, não me sinto tranquila andar fora e dentro no hospital.
Ela aceitou, mas disse uma coisa:" muito bem, mas acima de tudo é preciso bom senso".
Palavras que me tocaram, olhei para ela e perguntei porquê.
Respondeu-me: " há muita gente com doenças graves que não procuram os hospitais com medo de serem infectados".
Comentei que tenho as consultas do ano todas marcadas, não tenciono faltar a nenhuma.E se por algum motivo alguma urgência tiver, não ficarei à espera que a COVID19 passe, procurarei o hospital.
Deu-me alta hoje, mas ainda faltam cinco tratamentos para acabar.
Acho que não voltarei à antiga clínica, a vinte minutos de casa, tenho o hospital à porta.