fiquei pensativa
Em janeiro, quis experimentar o cabeleireiro, maioritariamente masculino, mas com espaço para mulheres, que abriu no outono passado no ginásio.
Já escrevi aqui, que a senhora, chilena, exercia a profissão no seu país.
Na segunda-feira da semana passada, antes do treino, fui marcar o dia para pintar o cabelo.
O dono do espaço disse-me que a senhora passa a ir ao salão se tiver alguma cliente, pelo que ia contactá-la e saber se podia atender-me na data que pretendia.
Na terça-feira, confirmou que sim, que estaria disponível.
Enquanto aplicava a tinta, comentei que foi uma surpresa saber que estava a trabalhar noutro lado, e que passava a ir lá quando tivesse clientes.
Ela respondeu-me que precisa de um emprego fixo.
Não pode viver da percentagem que o cabeleireiro lhe paga, que procura qualquer trabalho, seja no que for.
Fiquei sem palavras.
Não consegui falar mais nada com ela.
Não sabia o que dizer.
O que eu percebera do dono do salão foi que ela estaria a trabalhar algumas horas noutro lado .
O meu coração ficou triste, a minha mente procurava uma pequena ponta de uma hipótese de ela conseguir um trabalho.
O dinheiro que trouxe é para pagar o aluguer, a alimentação, todas as despesas do dia-a-dia.
A filha também não tem emprego.
Ambas estão registadas no IEFP e na autarquia,mas até à data não foram contactadas .
Não partilham casa com ninguém.
O aluguer é bastante alto.
Não faço a minínima ideia que tipo de casa tem.
Sem que tivesse perguntado quanto paga de renda, ela disse-me o valor.
Foi grande a minha estupefação quando ouvi o valor da renda.
Perguntei em que zona da cidade vive.
É nos arredores, numa zona com muito trânsito.
Comentei comigo mesma o que leva estas pessoas a pagarem uma exorbitância ( ela disse-me que não tinha outra solução) e aos senhorio(a)s aproveitarem-se destas pessoas para fazer dinheiro.
Naquele dia apenas teve a minha marcação.
Espero que no próximo tenha a boa notícia de ouvir :"A senhora não vem mais.Está a trabalhar noutro lado".