"é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança"
dizem, " até que essa criança tenha necessidades especiais. Esse é o limite"
No fim de semana passado, pediram-me para ver o vídeo abaixo.
Quando li o título, fiquei de coração apertado, sabia que escutaria um discurso muito, muito sensível e que nem todos os pais querem ouvir e aceitar.
Sei de pais e mães que ignoram que o seu filho seja uma criança especial.
Também conheço eles, os homens pais, que fazem tudo pelos seus filhos, que se sacrificam para lhes dar a qualidade de vida que merecem, independentemente de as suas crianças terem um síndrome, atraso de desenvolvimento, ou simplesmente porque são apáticas, ou hiperactivas, procuram ajuda e informação para que as terapias necessárias as preparem para o futuro, limitado ou não, e que este seja risonho e igual ao das outras crianças "normais".
Mas também sei, e conheço, eles, os homens pais, que minorizam ou ignoram as dificudades das suas crianças, saem de cena quando percebem que elas são especiais, que precisam de terapias, paciência, resiliência, atenção e muito, muito carinho.
E deixam-nas a elas, as mulheres, sozinhas.
Há algum tempo, uma amiga minha, que vive no Brasil, contou-me que o marido de uma sua amiga a deixou quando foi diagnosticado ao filho um PEA ( Perturbação do Espectro Austista).
Sozinha, viu-se confrontada com um eterno problema, que nunca imaginaria fosse ter, entregou-se ao filho com todo o amor, procurando ajuda e as pessoas competentes para aprender a interagir com o seu filho.
Há muitas crianças com doenças raras que, desde cedo, têm as terapias necessárias para que possam crescer e desenvolver a autonomia, interagir com as outras crianças; nas creches, nos jardins de infância, mais tarde na escola. Outras há que não têm acesso a nada, por desconhecimento dos pais (ou porque estes não querem aceitar /ver que a sua criança é especial), ou por questões económicas que não lhes permitem recorrer às clínicas privadas, estas capazes de responder às necessidades das crianças e que os hospitais públicos não conseguem, por vezes, por falta de técnicos, e sobretudo porque não aproveitam a logística que têm à sua disposição, raramente usada, porque o tempo para cada criança é limitado.
É esta a solidão das mães especiais.