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cantinho da casa

cantinho da casa

é preciso ter lata!

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ontem, quando cheguei do passeio ao Gerês, antes de entrar no gaveto que dá acesso à minha garagem, por cortesia, deixei entrar os três familiares, um deles conheço, o cunhado da vizinha do r/c, a madame do batom vermelho. 

Ora eles passaram, não agradeceram, pararam à entrada do portão da rua, a conversar. Eu, com o carro a trabalhar, esperava que suas excelências se  desviassem. Bastava encostarem-se ao muro e deixavam-me passar.

Calmamente, em passo de caracol, continuaram a sua "caminhada" até às traseiras do prédio. 

Devagar, atrás deles, resmungava comigo própria a passividade propositada dos gajos . Mereciam que acelerasse e os assustasse para se desviarem.

Quando, finalmente virei, para estacionar o carro em frente à garagem, a minha, pararam a conversar... E foi então que vi uma moto  estacionada  mesmo em frente à porta.

Aguardei que subissem as escadas de acesso à casa da madame.

Como não tinha intenção de guardar o carro porque saíria hoje de manhã cedo para o ginásio, estacionei o meu carro bem colado à moto.

Como se nada nem ninguém estivessem ali, subiram as escadas da casa e entraram.

Se tivessse de meter o carro na garagem, teria de lhes pedir para tirarem a moto que obstruía a entrada.

Outros familiares da madame  viram a cena, sabiam que o veículo não devia estar ali. Ignoraram-me.

Saí do carro, fechei-o e vim para casa.

Havia festa em casa da madame do batom vermelho.

Quando tudo estava sossegado, fui à janela e vi que a tinham tirado do lugar, estava encostada  ao portão da minúscula garagem de arrumações do vizinho da cave.

De manhã, continuava lá.

O sol é de mais nas traseiras do prédio, o carro fica muito quente.  De manhã fui ao ginásio, quando cheguei estacionei-o dentro garagem.

Dia de aniversário da Mafalda, à tarde, fui beber um copo com as minhas amigas. E saí de carro.

Ao final da tarde tinha compras de supermercado para fazer, cheguei a casa por volta das 20h.

Decidida a guardar o carro na garagem, deparo-me, novamente, com a moto em frente à portão.

Saí, abri o ruidoso portão e meti-me no carro esperando que alguém enxergasse e a tirasse dali.

Ninguém do r/c veio à janela. Fosse eu a vizinha do prédio ao lado, faria alarido, caíam o Carmo e a Trindade, mas como não quero confiança com esta gente, buzinei.

Das escadas surgiu o rosto da madame do batom vermelho que disse qualquer coisa a alguém que, imediatamente, também das escadas, levantou-se um dos três homens da cena de ontem, que as desceu, desviou a mota, virou-me as costas e subiu de novo.

Guardei o carro na garagem, fechei o ruidoso portão, vim para casa.

Nenhum deles pediu desculpa por ter o veículo a obstruir a entrada.

A madame não tem carro, não tem garagem, não tem direito a qualquer pedaço de gaveto de acesso às garagens. Se tivesse carro, 

teria de pedir autorização a todos os inquilinos, donos dos apartamentos, para estacionar o carro junto ao prédio.

Sabe disso, mas abusa.

Quando vai acompanhada do marido, passa por mim, não me cumprimenta. Fá-lo, sim, quando  sozinha e se não puder evitar.

Retribuo-lhe com a mesma moeda. Não quero conversa, não quero confiança. Detesto esta mulher. 

 

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