coisas das "minhas" crianças
Último dia do ano, os meus sobrinhos netos luso-brasileiros vieram cá para casa, precisava de fazer umas pequenas compras, foram comigo ao Continente aqui da zona.
Já na saída, no parque de estacionamento, pedi ao mais velho que desse a mão ao mais novo, e eu do outro lado dava-lhe a mão, também.
Na passadeira do recinto, os três de mãos dadas, diz o pequenote no seu brasileiro carioca puro ( o mais velho fala português de Portugal) :
- Nós parecemos A Garota do Ipanema.
- Como assim, F, A Garota do Ipanema?!
Repete a frase ao mesmo tempo que trauteia um pouco a música.
Acompanhei-o na canção, até que ele diz:
- Você não entendeu, tia L. Não é a canção.
- Como assim, F, não é a canção?!
- Nós parecemos os meninos do teatro A Garota do Ipanema.
O mais velho tenta explicar, e foi então que me lembrei das fotografias que recebera na altura.
Na festa do colégio que frequenta, na dança de A Garota do Ipanema, duas meninas davam as mãos ao menino, faziam a coreografia e dançavam ao som da canção.
E foi assim, que o F nos comparou às meninas que dançavam com ele.
Contrariamente ao irmão, que não fala brasileiro e não dança, o F é malandro, adora dançar e está sempre a falar em " bunda".
Mais à frente, e já perto de casa, o F trauteia a música de uma canção que eu só tive conhecimento desta quando eles chegarem do Brasil.
Cantava, então, " Explosão", ao mesmo tempo que erguia as mãos e arrebitava o rabo para trás e saracoteava-o : " olha a explosão, quando ela bate com a bunda no chão".
Volta a trautear, eu e o irmão ríamos com a brincadeira, passa por nós um homem que, quando o F repete: " olha a explosão", ele acaba o verso a cantar, " ela bate com a bunda no chão". O F desata a rir, vira-se para trás, e digo eu: " olha que o senhor é brasileiro".
E ria-se. Mas não repetiu a dose, contra minha vontade pois estava a preparar o telemóvel para gravar o seu espectáculo.
Tão malandro e feliz, este meu sobrinho neto.