Conta-me como foi
A série dos Domingos na RTP1, continua a ser uma das séries que me prende em frente ao televisor.
A ternura das palavras e actos com que a família tenta resolver os problemas e as dificuldades, as brincadeiras do miúdo, que tentou enganar o Snr. Camões com uma nota de papel de 20$00;a facilidade com que se assinavam os documentos, confiando na boa fé do patrão, sem os ler(ainda hoje acontece, infelizmente); a semana Inglesa, que foi pedida pela funcionária, para poder visitar os pais ao fim de semana (agora com os centros comerciais e os hipermercados, trabalha-se horas a fio, sem perdão).
Há quantos anos deixou de haver a dita semana Inglesa?
Mas o meu destaque foi hoje para a viagem que a família fez à aldeia do chefe de família.
Levavam malas até dizer basta! O banco de trás, levava quatro pessoas.
Conduzia-se sem cinto de segurança, pegavam-se os irmãos, ralhava o pai com o seu tom de respeito, e todos se calavam.
Depois a vista da aldeia, de longe. Um lugar tranquilo, lembrado pelo casal.
Tudo na mesma. Tudo como antigamente. Tudo parado no tempo.
Bela paisagem!
A cena do carro com toda a família atrás, fez-me recordar as minhas idas ao Luziamar.
Na altura o meu pai havia-me dado um Austin 1100, com a matrícula SN-57-33, carro que tinha sido dele e mais tarde do meu irmão. Como este comprara um carro novo, entregou o Austin e o meu pai decidiu dar-mo.
As noites para o Luziamar eram agradáveis, mas no regresso, já de madrugada, a malta só queria vir comigo.
Eu não bebia bebidas alcóolicas e eles,jovens não tinham carta de condução, nem idade para conduzir.
Uma bela mas fria noite de Verão decidi meter no carro 8 pessoas.
Lembro-me que à frente vinha o meu irmão mais novo e uma amiga. Atrás, vinham a minha irmã mais nova, três amigas e um amigo comum. Todos adormeciam, mal entravam no carro.
A zona entre Viana do Castelo e Barcelos costumava ter muito nevoeiro àquela hora da madrugada.
Uma viagem para Viana demorava cerca de 1 hora, naquele tempo, no regresso demorava quase o dobro.
Por vezes, não se via um palmo à nossa frente.
Eu conduzia muito devagar. De vez em quando, a moça que vinha à frente acordava e dizia "está um nevoeiro cerrado!" .
Tentava falar comigo para eu não adormecer. Mas eu nunca adormecia.
Os pais deles confiavam em mim. A responsabilidade era minha.
Foram belos esses tempos.
Não usávamos cinto de segurança. Metíamos no carro quem quissesse regressar. Poucos ficavam por lá.
Felizmente, nunca houve acidentes...Mesmo aqueles que bebiam e conduziam.
Quem pudesse "fugia" para o meu carro. Era mais seguro... A condutora!
Um dia editarei uma foto do meu primeiro carro.