Ele há cada uma!
Este prédio tem dois toques diferentes da campainha. Um mais forte se alguém toca da porta do prédio, o outro, mais grave, para cada um dos apartamentos. E são iguais para todos os andares. Há um intercomunicador para a porta do prédio.
21:40h, fui fechar os estores.
A campainha da minha porta toca. Não abri a porta e perguntei de dentro "quem é?"
Responde-me uma voz forte de homem. Não entendi o que ele dizia e ao mesmo tempo que espreitava pelo óculo, perguntei: "O que deseja?"
A voz do outro lado, bateu com os nós dos dedos na porta para que eu a abrisse e perguntou: "a senhora tem uma chave de parafusos que me empreste?"
Estava sozinha em casa, ninguém no prédio foi de férias, há homens dentro de casa e veio ele tocar à minha porta?
Achei estranho. Provavelmente, teria tocado nos outros apartamentos e ninguém lhe respondeu (o que eu costumo fazer quando estou sozinha em casa, por vezes, até com os miúdos). Respondi: "não tenho".
Palavra que eu disse. O homem desata escadas abaixo " não tens filha da p*#&»? Olha-me esta filha da p"*$# não tem. Que c*%#"@! de p*=&".
Nem palavras tinha para partilhar com o meu decote, de tão palerma que fiquei.
Fui à janela, abri suavemente o estore e espreitei.
Lá fora, estava um furgão.
O homem, bateu com a porta do prédio e falou: "ninguém abre a porta".
Vi outro vulto masculino sair do furgão. Ao lado da viatura estava um carro branco.
O carro não funcionava.
Os dois homens entram no furgão e descem a rua.
Reagi comigo própria: "Homens destes devem tratar as esposas e os filhos de p:&*, c#%*"*?» e muito mais. Tenho vergonha do que ouvi. Machista!"
Depois de lavar a loiça, fui à janela. Estavam lá os dois homens, junto ao carro branco.
Agora, já se foram.
Sempre que toca a campainha cá de cima, fico de olho atento e ouvido alerta.