Os animais
Os 3 dias que passei em Monção foram agradáveis, mas poderiam ter sido melhores se o tempo ajudasse. Valeram as termas, com a sua
bela piscina de jactos, onde eu passava lá o final das tardes.
Sempre com a preocupação na minha Kat, que ficara sozinha aqui em casa, mas não abandonada, as noites foram mal dormidas.
E quando amanhecia, pensava nela. Ficava mais tranquila durante o dia.
Na 4ª feira a empregada esteve cá a tarde toda, e na 5ª feira, o Duarte, meu sobrinho, veio fazer-lhe alguma companhia e cuidar dela.
Ontem, soube pela minha irmã que a empregada lhe contara que a bichinha vomitou, na 4ª feira, quando veio cá arrumar a casa.
E na primeira noite pensei nisso. Tive um pressentimento que a Kat estaria com saudades minhas e não estava bem.
Quase sempre ela me espera no hall, quando sente que estou a chegar.
De regresso a casa, chamei-a : “Kat, minha ratuxa, onde estás?”
Fui à sala, à varanda, e nada. Procurei-a nos lugares mais óbvios, onde ela gosta de estar.
Estava deitada em cima da tábua de passar a ferro. Fiz-lhe umas festinhas, falei com ela. E ela olhava-me com ar de zangada.
Ontem à noite, escondia-se para não ir para a marquise, onde dorme.
Chamei-a, pus-lhe comida, fugia de mim, escondia-se debaixo do armário, no hall.
Desisti. Deixei tudo aberto, fui para o meu quarto, fechei a porta e deitei-me.
De noite, pareceu-me ouvir um ruído de objecto que caiu.
Levantei a cabeça, tentei escutar passos. Silêncio, apenas.
Teria sonhado?!
De manhã, saí do quarto e estava tudo direito, nada no chão. Olhei para a sala de estar e deitada no banco predilecto, estava a Kat, sossegadinha.
Hoje passou a tarde no cesto dela.
Custa muito deixar os animais. Tive quem viesse a casa cuidar dela,mas as noites foram uma grande preocupação.
Como os animais sentem a nossa ausência!
Acho que da próxima vez, alguém vai ter de ficar aqui em casa.
E ela percebe quando saio e regresso, por pouco tempo.