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cantinho da casa

cantinho da casa

a canela

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A caminho do ginásio, ouvia a RFM, falava-se da canela,  do símbolo das cores das cuecas na entrada do ano.

Não uso a cor azul, compro sempre uma cor que me inspire e goste.Este final de ano comprei um conjunto de lingerie cinza claro.

Em relação à canela, procurei na internet e encontrei.

Pôr a canela  num prato ( a que usei este ano no Natal foi a de Ceilão) no dia 1, logo após a meia-noite, de fora da porta para dentro de casa, soprá-la e dizer " esta canela vou soprar para a prosperidade entrar".

Como sempre, fico em casa.

Este ano decidi recusar o convite que tive, ficarei no sofá a ver televisão, em princípio o programa melhor do ano"Taskmaster".

Quanto aos pedidos na passagem do ano, não faço.

Para quê?

Havendo saúde e a família esteja bem, que continue em 2025 como correu em 2024.

Este não foi um grande ano, mas também não foi negativo.

Ah!

Um desejo.

Que o poder mundial escute o coração ( doutor Gustavo Carona escreve ao e com coração) e os acórdãos de PAZ sejam realizados para que todos possamos viver pacificamente.

Sejamos compreensivos, olhemos para os outros com  humanidade.

E não esqueçamos o Planeta.

É urgente cuidar dele

2025 vem, espero e desejo que seja um Bom Ano.

 

 

e assim foi a ementa

do almoço de Natal, todo ele confeccionado pelo irmão mais novo.

Este ano o tema foi: a gastronomia dos Açores.

Faz parte da ementa a "roupa velha"

 

O Pai Natal

do desafio da Isabel.

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1981, o último Natal que a mãe de seis filhos e avó de quatro netos passaria com a sua família.
Tudo foi feito como nos Natais anteriores, depois de os filhos mais velhos casarem.
Fazia-se o presépio.
Arranjava-se o musgo no monte, colocava-se as figuras do pastor com as ovelhas, a lavadeira, os patos no lago azul feito de papel, a ponte por onde passava o pastor com o rebanho, a cabana onde uma estrela feita de papel dourado iluminava o caminho feito de serrim para que os Reis Magos o percorressem, seguindo a sua luz até chegarem à cabana; o boi e o burro, São José e Nossa Senhora, o Menino Jesus deitado na manjedoura.
Colava-se às mãos a resina e picavam-nas as suas folhas, era o pinheiro decorado com fitas, bolas prateadas e douradas, e luzes.
O almoço deste dia era o tradicional arroz de polvo, o manjar delicioso que a minha mãe muito bem cozinhava.
Sentavam-se à mesa o casal e os quatro filhos solteiros.
A ceia era o que melhor se vivia nesta casa.
A tarde passava-se na cozinha a fazer as rabanadas, os doces jerimum ( aqui em casa damos o nome de bolinhos), os mexidos ( nas aldeias, os formigos), a aletria, e bolos de noz e mel.
O pai adorava bolo inglês comprado numa doçaria antiga especializada no seu fabrico.
O cheirinho a canela com açúcar era inebriante.
Ah! E o famoso bolo de bolacha.
Nós, as raparigas, faziam-no.
E queimavam-se os dedos que ficavam escuros de molhar as bolachas torradas no café quente.
A azáfama era grande.
À hora de fazer a ceia, e por que naquele tempo os rapazes eram poupados ao trabalho na cozinha, ajudavamos a descacar as batatas, as cenouras,as cebolas grandes. Lavavam-se as couves, preparava-se o melhor bacalhau, o que tem um sabor especial nesta festa do ano.
Estendia-se na mesa a toalha azul com desenhos prateados, os guardanapos iguais, o serviço de jantar e os copos que eram usados nos dias de festa e nos almoços e jantares com os amigos da família, era um vaivém da cozinha para a sala.
Em cima do guarda-louça, os pratos com a doçaria e o célebre e delicioso bolo-rei de Natal que escondia a fava e a prendinha.
Nesta ceia, os netos, quatro crianças entre os dois e os seis anos, eram a alegria da casa.
E muito ruído das vozes que riam, que falavam alto, que brincavam com as crianças.
A música de Natal "A Todos um Bom Natal" era cantada repetidas vezes pelos pequenos e pelos adultos.
Estômagos satisfeitos, a brincadeira aumentava, e as crianças perguntavam constantemente quando chegava o Pai Natal.
Foi com os netos que foi posto de lado a tradição de que era o Menino Jesus que descia pela chaminé e deixava os presentes nos sapatos que ficavam toda a noite em cima do fogão.
Ora, nesse ano,o filho mais velho decidiu fazer uma surpresa: vestir-se de Pai Natal e distribuir os presentes.
Perto da meia-noite, e com as crianças entretidas com os outros adultos, saiu de casa para se vestir.
Pegara numa almofada para fazer uma barriga bem grande. Uma barba e sobrancelhas feitas com algodão para que as crianças não o reconhecessem.
A algazarra era enorme e quando foi feito o sinal para ficarem em silêncio porque estava na hora do Pai Natal, a campainha tocou.
O Pai Natal entrou na sala e com a voz rouca de um velho, dirigiu-se às crianças e falou com elas.
Estupefactas de entusiasmo e com os olhos cheios de lágrimas, não falavam, tal era a magia daquela pessoa que falava com eles.
Depois, entregou os presentes a cada uma.
E à sua mãe, uma posta de bacalhau que pegara na cozinha.
Despediu-se de todos, e saiu.
Serenamente, o pai, e tio, sem a roupa de Pai Natal, entrou na sala. No meio da confusão dos presentes que eram abertos e os papeis espalhavam-se pelo chão, as crianças não deram pela sua ausência.
Nesse ano, a saúde da nossa mãe não era a mesma dos anos anteriores, nem os filhos imaginariam que, uns meses depois o cancro levá-la-ia para o céu.
O ano seguinte, não foi igual aos anteriores.
Mas nasceram duas meninas, os sapatos voltaram para o fogão e à meia-noite fechavam-se as portas da sala para que cada um dos adultos fosse pôr os presentes para toda a família.
As quatro crianças eram as primeiras que procuravam o seu sapatinho e levavam os presentes para a sala.
O Natal era deles.
Sentia-se a falta da mãe, da esposa, da avó.


A vida vive-se com a saudade e a recordação de muitos Natais lindos e alegres que esta família teve em casa de uma família amiga.
Os bailes que se faziam, as risadas e as brincadeiras até de madrugada.
Éramos adolescentes.

Estes adolescentes foram pais e são agora avós.

A tradição repete-se.

São agora os sobrinhos netos que trazem alegria ao nosso Natal.
Mas nunca mais ninguém vestiu-se de Pai Natal.

 

 

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