E as semanas vão passando, estamos na 35ª, mais uma " abençoada" do desafio da abelha.
Começo pelas mais recente:
- o cancro que assombrou um elemento da família, foram oito meses de tratamentos, está " curado" . Óbvio que tem os efeitos colaterais do tratamentos, mas a sua força para continuar a lutar é grande, pois já regressou à sua actividade profissional.
- a família a crescer, dois sobrinhos foram pais: nasceram a Maria e o Pedro.
- a Sofia acabou e Mestrado e o estágio com muito sucesso, está apta para entrar no mercado de trabalho, acredito que brevemente estará no activo.
- os sobrinhos ( os filhotes) que viveram no Rio regressaram definitivamente a Portugal ( acabaram-se as longas viagens no verão e no natal, agora é mais fácil estarem com a familia).
- uma maleita aqui, outra acolá, a minha vida tem corrido bem. Economicamente não tenho nada de que me queixar, estou muito bem comigo e com a vida.
gosto deles, nunca fui a um concerto, mas também nunca me dispus a ir para uma fila de quilómetros para comprar um bilhete ou comprar online a mais de 500 euros.
não só nunca fiz para eles, como para os U2, que gosto de mais, ou os Simple Minds, que actuaram ontem em Vilar de Mouros.
Chegamos a Lanzada, depois do check-in decidimos dar um passeio pela via pedonal, onde, a menos de 200m do hotel, via-se o Forte de Nossa Senhora de A Lanzada.
Estava nortada, a praia tinha poucos banhistas, aproveitava-se o tempo para visitar a capela e ver o mar que se estendia à nossa frente.
Ao lado, tinha uma ilha, que não chegamos a subir, para pena minha que podia ter ido no sábado quando fui caminhar, mas não arrisquei subi-la sozinha, pois àquela hora da manhã não se via lá ninguém.
A Capela de Nossa Senhora de A Lanzada fica no alto da colina onde em frente há um miradouro (mais fotos aqui)
Por baixo as rochas são muitas, uma escadaria convida os mais aventureiros a descê-las para as "desfrutar".
E as crianças eram as mais atrevidas.
Vê-las a saltar, lá de cima, dava-me vertigens.
O espaço circundante era deslumbrante de tão vasto mar que ia de encontro aos rochedos, ou da espuma branca que se estendia na areia da pequena praia do lado esquerdo
Visto este lugar, mal eu imaginava o lindo pôr -do-sol que ia ver nestes dias que lá estive.
Ora, no sábado, e porque acordava muito cedo ( minha Nossa Senhora que a velhice tira-nos o sono), decidi ir caminhar.
Na via pedonal eram muitos os madrugadores e madrugadoras que faziam o treino da manhã, passei de novo naquele lugar e parei para ler o cartaz que o descrevia.
E foi então que vi que a Necrópole e o Castro de A Lanzada ficam do lado esquerdo do caminho que nos leva à capela, e que não reparara no primeiro dia que lá fui.
E li a lenda.
Estava vedado o acesso às ruínas, mas a máquina fotográfica, ou o telemóvel, alcançava-as.
Na pequena praia os únicos banhistas eram as gaivotas na areia.
Nos rochedos um pescador.
Pensei descer à praia mas queria caminhar mais um pouco até à hora de voltar ao hotel para o pequeno-almoço.
No regresso, voltei a ler a lenda, que desconhecia, e fotografei-a para publicar neste cantinho.
1º A mulher deve visitar a praia na primeira noite da romaria de Nossa Senhora, no último domingo de Agosto ( já neste fim de semana)
2º À meia-noite deve banhar-se e receber as nove ondas sobre o seu ventre.
3º Deve visitar as rochar por baixo da capela e procurar a rocha em forma de assento com o nome de "Cama da Virgem" ou " Berço da Santa"
4º Ao recostar-se na pedra deverá exprimir o seu desejo de ser mãe.
Há a segunda versão do mito que diz que este ritual deve ser feito durante a noite de São João.
Alojadas em Lanzada, não fizemos praia nas que se estendiam para o lado direito e esquerdo do hotel, em frente ao mar, porque estão mais expostas ao vento.
Tranquilidade, e muitos passeios pelas várias praias da Galiza, foi San Vicente do Mar a eleita.
A minha amiga N passara férias nesta praia, já lá vão 30 anos, desafiou-me para passarmos alguns dias, lá queria voltar ao lugar onde fora feliz, e onde tinha de ir à cabine telefónica, que existe ainda, para ligar aos pais a informar que estava bem... Outros tempos.
Metíamos pelos caminhos entre as casas e os pinheiros.
E a paisagem era maravilhosa.
Pequenas praias que as rochas protegem do vento, sol quente, água fria mas ao mesmo tempo deliciosa porque se formavam pequenas lagoas onde as crianças estavam à vontade a tomar banho e a brincar. Óbvio que me banhei nelas.
De manhã, o público era maioritariamente com idade para cima dos 40 até aos 70, 80... que se reuniam naquele bocado de água que lhes dava até aos joelhos e cavaqueavam por ali até à hora do almoço.
Reunidas as tralhas, ficava a praia semi deserta.
Por voltas das 16:00h mudava o público, vinham os casais com filhos pequenos.
Às 17h00, juntavam-se os adolescentes.
Um grupo considerável concentrava-se no passadiço, alguns metiam-se debaixo dele, outros deitados na areia a conversar e com música a acompanhar.(Provavelmente encontravam-se todos os anos no verão naquela praia, como na minha adolescência nos anos em que os meus pais alugavam casa por um mês, era o reencontro com os amigos que vinham de outras cidades):
Depois, vinha outro grupo, mais pequeno, que ocupava sempre as mesmas rochas. Estes também faziam o mesmo dos mais velhos que estavam de manhã na praia: juntavam-se no mar a conversar, tomavam banho, voltavam para as rochas. Alguns sacavam do cigarrro ( não faziam como os adultos que guardavam as pontas dos cigarros em garrafas de cerveja, mas depositavam-nas na areia).
No meio destes, e porque a hora da sesta passara há muito, chegavam os pais de 40 e 50; e os avós; e os grupos de jovens rapazes e raparigas de 30 que se deitavam na areia a conversar.
Era demais, e continuamente, os adultos, os jovens, e crianças que subiam os rochedos e sentavam-se lá no alto a ver a paisagem ( que tenho a certeza que seria fantástico).
A água era muito llimpa, não tinha a areia pó que há aqui no norte, mas abundavam as algas.
Era um prazer tomar banho naquelas " lagoas".
Passava das 20h00 quando o sol se punha por trás das árvores e uma parte da praia ficava à sombra, era então a hora de pegar nas coisas e regressar a casa.
Mas os jovens ficavam por lá.
Já passaram muitos anos que eu ficava na praia até depois das oito. Foi este o ano que voltou a acontecer.
Este lugar era especial.
Regressávamos ao hotel, a cerca de 8 km, e do quarto em frente ao mar, tinhamos o maravilhoso pôr-do-sol para ver e fotografar.
"E se eu tivesse sido mãe, como desejei nos meus 27 anos, e porque tinha o amor que pensei ser o da minha vida, com certeza que seria uma mãe galinha, não realizada."
Percebi 2 anos depois que outros sonhos que viria a concretizar, uns mais cedo, outros mais tarde, trouxeram-me mais estabilidade emocional, e a certeza de que esse filho não era prioridade.
De tudo o que fiz e lutei, não me arrependi de nada.
Cometi erros, mas senti que contribuiram para a minha realização como mulher.
E diz o ditado " A quem Deus não deu filhos, deu o diabo sobrinhos".