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cantinho da casa

cantinho da casa

um pequeno balanço

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Não me recordo de fazer balanços de cada ano que termina, decidi fazer um pequeno resumo do que foi este 2019.
Em Setembro de 2019, tomei a decisão de acompanhar um meu familiar à fisioterapia que, certamente, acabará no verão de 2020, foi um ano cansativo, fiz, e continuo a fazer, três vezes por semana, ao final do dia, viagens à Maia.
Como sempre, a saúde em primeiro lugar, as muitas visitas ao hospital, sobretudo pela dor no braço esquerdo que me apoquentou alguns meses, felizmente passou, à excepção deste, todas as consultas de rotina e respectivos exames que fiz, deixaram-me tranquila...e que seja sempre assim.
Continuo a frequentar o ginásio, insisto nas aulas de Pilates e Yoga, voltei, porque faz-me falta, à  Hidoginástica, ao domingo ( o ambiente é diferente).

 "Vá para fora cá dentro", este ano não viajei para fora do país. Passei férias no Algarve, que já não visitava há cerca de 18 anos, foi bom rever Tavira e Vila Real de Santo António.
Recentemente visitei Évora, que não conhecia, acho que voltarei.
Já as viagens a Lisboa foram frequentes. Provavelmente, em 2020, irão diminuir.

Lisboa é uma cidade que tem muito para mostrar, há sempre algum lugar a descobrir,  basta eu  querer marcar uma consulta de rotina,  aproveito para um passeio.
Não sendo uma leitora assídua, tenho lido todos os livros do Desafio de Leitura ( desde 2015), mais os que comprei,  no total li quinze livros.
Aceitei participar no Desafio de Escrita dos Pássaros, penso que foi a melhor decisão que tomei este ano, e para continuar em 2020.
Nos finais de tarde de sol, passeava o sobrinho neto, levava-o ao parque.

Vê-lo crescer, desenvolver, dar abraços, brincar com ele, é emocionante. E ele é um doce.
Oxalá a minha saúde continue boa  para acompanhar o seu crescimento.
Em Setembro, nasceu o sexto sobrinho neto. É lindo, o rapaz.
Não é fácil juntá-los todos, mas no verão passado, na praia, num almoço de família, conseguimos reunir dez dos onze sobrinhos, e os sobrinhos netos.
Em Abril almocei pela última vez com o saudoso Rui, ( o mentor dos encontros de bloggers) a esposa, e a blogger Clara.
Lembro-me dele todos os dias, sinto saudades da sua discrição, educação, cultura, seriedade.
Um senhor, o Rui.
Por fim, a família tem estado bem,  percalços todos temos, com o apoio que damos uns aos outros a vida segue o seu percurso normal.
Que 2020 seja um ano positivo, acima de tudo com a família bem de saúde.

Tudo o mais virá por acréscimo.

Feliz Ano 2020.

 

desafio de escrita dos pássaros - o resumo

 

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Resumo
Desafio de Escrita dos Pássaros


Passaram rápidas as semanas do que parecia ser um longo caminho de escrita, sabia-se lá qual o tema que viria a cada sexta-feira que se aproximava, mas sempre na expectativa de chegar às dezanove horas, abrir o e-mail e ver o título a negrito, e vermelho, do texto a escrever.
Depois, à sexta-feira, às quinze horas, e se estivesse por casa, ia espreitar o blog e vê-lo ali, e gostar de o ler no meu cantinho e à espera que os outros Pássaros o lessem.
Tinha aqueles momentos que o lia e achava que não foi o que esperava, que metera o pé na argola, mas depois lia-o mais uma vez , duas vezes, e sentia que não estava tão fraco como pensara.
Passadas estas dezasseis semanas, e porque o Natal é a festa da família e dá imenso trabalho, está, ainda, por fazer o décimo sexto, e o último tema do ano ( o que será???), hoje, senti algo estranho por ser sexta-feira e não haver publicação do tema desta semana.
Muitos e variados foram os temas , reais ou ficíticios, todos eles mostram um pouco o que é a nossa vivência, o que conhecemos e como interpretamos o mundo em que vivemos. Uns com humor, outros com emotividade, em poesia ou prosa, cada um de nós deu o seu melhor, fiquei muito, mas muito grata pelo que me deram a conhecer.
O desafio está no fim, tenho a sensação de "dever" cumprido, valeu a pena , foi produtivo, fiquei, e certamente que todos os participantes ficaram , satisfeita em ter-me reconhecido como uma pequena escritora e provar a mim mesma, embora com muitos receios e dúvidas, que também sou capaz.
O meu agradecimento à CEO e sua excelente equipa que acreditou que seria possível, e é, na minha oipinão, um sucesso na plataforma do Sapo.
Preparada para outro?
Acho que sim.

 

um conto de Natal

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Era um menino de três anos que pouco falava. Os sons que emitia seriam mais parecidos com os dos animais da quinta de uma senhora viúva, muito rica, onde os pais trabalhavam.
João comunicava por gestos, apontava para o que queria, percebia tudo o que a mãe e a irmã, de sete anos, diziam. Lurdes, a mãe, nem sempre o entendia, desesperava-se e dizia: " Esta criança não fala nada. Será muda?!"
O marido, para a tranquilizar,  dizia que tinha tempo para falar, que seria um papagaio quando chegasse a sua hora.
Rosinha, a filha, brincava com o menino, dizia-lhe o nome das coisas, mas João não repetia nada, apontava apenas.
O Natal estava a chegar, a senhora viúva vivia sozinha, os filhos estavam fora do país, era a primeira vez que não vinham neste Natal, convidou Lurdes e a sua humilde e trabalhadora família para passarem a ceia de Natal consigo.
A árvore era um pinheiro que o pai cortara na propriedade, foi posto junto àquela lareira que aquecia a sala. As crianças participaram na decoração: estrelas, bonecos e luzinhas eram a alegria das duas, do cão Bobby e da gata Mary.
A senhora viúva gostava destas crianças como se fossem seus netos. Acarinhava-os, comprava roupas que lhes oferecia, eram os seus netos de coração, os de sangue tinham tudo, nada lhes faltava.
Sentar-se à mesa da senhora para quem trabalhava, deixava Lurdes intimidada, gostava de passar o Natal em sua casa, o fogão de lenha aquecia a cozinha onde ceavam à roda da mesa, era o seu Natal, o que sempre teve.
Tomé, o marido, convenceu-a a não deixar a senhora sozinha, era a primeira vez que não tinha os filhos, dava-se um jeito. Afinal a senhora pagava-lhes o ordenado no final do mês, não poderiam deixá-la sozinha. E tanto a convenceu que Lurdes aceitou.
Fez as filhoses, as rabanadas, a aletria, os bolinhos de jerimú, os formigos, para si e para a senhora a quem servia, como era hábito todos os anos.
Na noite de Ceia, na cozinha da senhora, descascou as batatas, preparou as cenouras, a hortaliça, o bacalhau. O marido fora recolher os animais, os filhos brincavam com o Bobby e a gata Mary. De quando em vez, ouvia a senhora falar para o Bobby: " Bobby, pega, dá ao João!". E ouvia-se a bola cair no chão. " Rosinha, atira a bola ao teu irmão". Ouvia João bater palmas e emitir os sons do costume: "au, au!"
A mesa da sala fora a senhora que a pusera. Era uma mesa de ricos. Lurdes sentia-se cada vez mais tímida, não sabia comer com aqueles talheres todos, os copos que brilhavam, os guardanapos de pano com os nomes de cada um dos convidados, a sua família.
À cabeceira da mesa estava o da senhora, o seu e do marido à direita, à esquerda os das crianças.
Foi a senhora que os serviu. As crianças alegravam aquele momento em família, Lurdes esquecera o seu constrangimento, sentia-se mais à vontade naquele ambiente tão acolhedor. De facto a senhora era uma mulher simples, tratava-os como se eles fossem seus filhos.
Depois de jantar, arrumaram-se os pratos e as travessas, puseram-se os doces de Natal na mesa.
E sentados em frente à lareira, a senhora começou a cantar canções de Natal para as crianças. Rosinha conhecia-as de cantar na escola. " au, au!", ou " mé, mé", era este o registo do pequenito.
Naquela casa era tradição esperarem pela meia-noite para entregarem os presentes. Mas em casa de Lurdes não. Deitavam cedo as crianças, no dia seguinte o trabalho era o mesmo: soltar os animais e dar-lhes de cormer.
Os pequenos presentes eram postos no fogão de lenha e no dia seguinte, quando os filhos despertavam, Lurdes levava-os à cozinha para receberem o que o Pai Natal lhes deixara durante a noite.
A senhora viúva, sua patroa, conhecia bem os hábitos desta família. Por volta das onze horas, levantou-se da mesa, aproximou-se do pinheiro, pegou em quatro embrulhos e deu um a cada membro desta humilde família.
Com gestos de gratidão, escorriam as lágrimas dos olhos de Lurdes.
E como as crianças são as primeiras a receber e a abrir os presentes, Rosinha depressa abriu o seu, soltou um grito de alegria: " Obrigada, senhora. Eu sempre quis ter um unicórnio cor-de-rosa." E abraçava o unicórnio, penteava-lhe o cabelo com os seus dedos.
João, que adorava rasgar papel, puxava com força a fita e o papel. Com a ajuda do pai, rasgaram o embrulho. Os olhinhos do menino sorriram. Deu um abraço à caixa. Uma pequena pista com carrinhos, era o seu presente. E de repente, da criança ouviu-se uma pequena frase: " bigada, sheoa".
Dos olhos de Lurdes e Tomé saltaram lágrimas de felicidade.
João dissera apenas duas palavras. Mas falou.
Era noite de Natal. Para Lurdes foi um milagre de Jesus.
E João começou a falar.


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desafio de escrita dos pássaros # 15

 

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# Tema quinze - cantinho da casa


O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

 

Pai Natal sentia-se cansado das muitas viagens que fizera de Norte a Sul , de Este a Oeste do planeta, precisava de se reformar.
As suas barbas brancas estavam maiores que nunca, não conseguia apará-las, tinha artroses nas mãos e nos pés, mal conseguia andar. Estava decidido a meter os papeis na Segurança Social, a entidade que lhe daria uma boa pensão, pensava ele. Rapidamente foi chamado para uma entrevista com os Recursos Humanos .
A jovem que o recebeu mostrava os dentes tão brancos quanto a sua barba, foi direta às poucas perguntas que precisava fazer:
RH - Senhor Pai Natal, por que quer a reforma?
PN - Menina, eu estou muito velho, viajo há muitos anos, é muito tempo para um velhinho como eu fazer longas viagens... Se me derem a reforma, entrego a pasta a um dos meus colaboradores, quem sabe à Rena Rudolfo. Na verdade, menina, tenho bons colaboradores, dinâmicos e responsáveis, que trabalham dez meses no ano a preparar o roteiro, a alimentar as renas para eu viajar com tranquilidade e segurança.
RH - Pelo que diz, os seus colaboradores comunicam bem uns com os outros. Alguma vez teve reclamações dos seus clientes?
PN - Os meus colaboradores sempre souberam interpretar as milhares de cartas que liam por mim, e se algum pedido é difícil de concretizar, encontram um meio de o colmatar . O meu papel é escolher as renas mais experientes e os elfos mais jovens para fazer as viagens, e colocar os presentes no buraco das chaminés. Nunca tive conhecimento de alguma reclamação.
RH - O senhor Pai Natal sabe que a idade da reforma passou para os 141 anos e dois dias.Tem PPR que possa juntar à possível reforma que vai receber?
PN - 141 anos e dois dias, menina?! Tenho 136 anos...
RH - O senhor poderá ter a reforma, mas com penalização ...
PN - Menina, estou cansado e velho.Não faça mais perguntas. Com penalização ou sem ela, quero viver em paz os poucos dias que tenho com a minha esposa Mãe Natal e os meus netos, bisnetos e trinetos.
Uma semana depois foi-lhe concedida a reforma.
A Rena Rudolfo continuou a liderar a equipa de trabalho. E na presença do Pai Natal, escolheram o seu sucessor: um rapagão de 45 anos, olhos azuis... a loucura das renas, dos elfos, da mulherada.

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